Por Rodrigo Carro e Gabriel Vasconcelos, Valor — Rio
O representante do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) Morgan Doyle disse nesta segunda-feira que é preciso haver um “choque de qualidade” nos projetos de infraestrutura brasileiros, além de uma revisão de critérios financeiros para viabilizá-los no contexto pós-pandemia.
As afirmações foram feitas em seminário on-line organizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
“Apenas 13% das concessões e PPPs [parcerias público-privadas] que começaram a ser preparadas em 2012 alcançaram fechamento financeiro. Isso coloca a necessidade de um pipeline mais preciso. Dos 1.500 projetos iniciados entre 2014 e 2019, só 130 se transformaram em projetos assinados”, disse Doyle.
“É preciso um choque de eficiência nos projetos para reduzir riscos nas operações e garantir a geração de empregos na retomada”, completou.
Segundo ele, se antes da pandemia já estava clara a necessidade de se aumentar a taxa de investimento em infraestrutura e inovação no Brasil, isso fica mais evidente agora.
Doyle afirmou, porém, que esse incremento não pode ser feito apenas por meio de estruturas estatais como o BNDES, mas por meio da iniciativa privada e bancos multilaterais como o próprio BID.
“Enquanto alguns países grandes como a China investem US$ 500 bilhões [por ano em infraestrutura], o Brasil ainda está US$ 55 bilhões, no ano passado isso foi 1,8% do PIB. No momento em que o coronavírus afetou o mercado de trabalho, isso coloca a necessidade urgente de incrementar o investimento. Mas não pode ser só
nas costas do investimento público”, afirmou.
De acordo com o executivo, o Brasil tem a participação expressiva na carteira do BID para América Latina e Caribe, mas na comparação com o mundo, tem só 2% do total de empréstimos.
Foto de Capa: Morgan Doyle, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Divulgação