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Cachoeira Água Branca: para fazendeiro construção de represa não trará progresso para região

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Nelson Martins, proprietário da fazenda Dallas em Pedro Gomes (MS). Imagem: acervo Ecoa

É só abrir a porta da casa para ver a majestosa cachoeira Água Branca, considerada a segunda maior cachoeira de queda livre do Mato Grosso do Sul, localizada entre os municípios de Pedro Gomes e Sonora.  A queda d’água de mais de 80m de altura é o horizonte do casal de proprietários rurais, Edir e Nelson Mira Martins, donos da fazenda Dallas, localizada na porção abaixo do paredão que forma a cachoeira. É neste refúgio que a família guarda boa parte de suas memórias tendo um laço afetivo muito grande com a paisagem.

A vista que Edir tem da cachoeira. Imagem: Alíria Aristides/acervo Ecoa

 

Nelson, juntamente com outros moradores da comunidade do município de Pedro Gomes, se uniram para se posicionar pela preservação da cachoeira, que está ameaçada por um projeto de construção de uma represa a poucos metros antes do salto. Para o fazendeiro, a construção da represa causará impacto ambiental irreversível, comprometendo o potencial de turismo da cachoeira, que deve ser impactado negativamente mesmo antes de ser desenvolvido na região.  “A Cachoeira D’Água Branca é o ponto relevante da identificação histórica e turística do município de Pedro Gomes, de notável beleza cênica com seus imponentes 82m de altura. Lamentável um empreendimento que visa diminuir o volume da queda d’água em 80%, em favor de beneficiar interesses econômicos de alguns empresários, não contribuindo para o crescimento da matriz energética do país, tão pouco trazer algum progresso para a região, considerando que todas as propriedades rurais do município já possuem rede elétrica há muito tempo”.

 

Nelson ressalta a importância da Cachoeira para a região, que recebe visitas de turistas de todos o Brasil. “Mesmo sem estruturas turísticas, eles vêm contemplar sua relevante beleza cênica. Nós somos contra a construção do empreendimento, igual a todos os moradores da região, inclusive toda a comunidade da cidade também é contra”.

Semana passada (26/10), o MPE (Ministério Público Estadual) de Mato Grosso do Sul publicou uma recomendação para que o Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) suspenda a Licença Prévia e o processo de emissão de Licença de Instalação de uma usina hidrelétrica próxima ao Córrego Água Branca, em Pedro Gomes.

A ameaça das represas

As águas que serão retidas pela represa Cipó drenam para a Bacia Hidrográfica Piquiri/Correntes, uma das principais abastecedoras do Pantanal e, portanto, parte da Bacia do Alto Paraguai (BAP).

Ao todo, são 180 represas na Bacia do Alto Paraguai (BAP), dentre as construídas e previstas. Esse grande número de empreendimentos hidrelétricos chamou a atenção de diversas organizações e para entender melhor os impactos destas represas na bacia, a Agência Nacional de Águas contratou a Fundação Eliseu Alves, que junto com mais de 100 especialistas na área elaboraram os chamados “Estudos de Avaliação dos efeitos da implantação de empreendimentos hidrelétricos na Bacia do Alto Paraguai”.

Luciana Scanoni

Antropóloga e coordenadora do Núcleo de Comunicação da Ecoa.

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