“ONG ambientalista é denunciada por grilagem de terras no Pantanal” é a matéria mais lida no site do jornal Correio do Estado, o mais antigo de Mato Grosso do Sul.
O texto informa sobre a denúncia do fazendeiro Bruno Teixeira Canabrava, proprietário da Fazenda São Gonçalo do Amolar e empresário da área de alimentos.
Segundo a denúncia, a organização não governamental Ecotrópica (Fundação de Apoio à Vida nos Trópicos) teria grilado cerca de 5 mil hectares em áreas a montante de Corumbá (MS), na região da Serra do Amolar – pelo rio Paraguai são cerca de 150 quilômetros da sede do município. As áreas indicadas na denúncia são de propriedades privadas e parte da União.
A organização em tela é gerida pelo Instituto Homem Pantaneiro (IHP), comandada pelo policial aposentado da Polícia Militar do MS, Ângelo Rabelo.
A denúncia foi apresentada ao Ministério Público pelo advogado Nelson Araújo Filho, ambientalista e proprietário de terras na região do Paraguai Mirim, também a montante de Corumbá. Nelson dispõe de ampla documentação, incluindo detalhados mapas de toda a região. O ambientalista afirma para o Correio do Estado que essa é uma nova forma de grilagem de terras na qual não existem cercas e nem ocupação das áreas. Ao jornal, ele detalha a denúncia: “a obtenção de documentos de georeferenciamento emitidos pelo Incra e depois na obtenção de títulos ambientais, que são emitidos pelo Imasul. Estes títulos, por sua vez, são vendidos para produtores rurais de outras regiões do país”. Com a grilagem dos cinco mil hectares, Nelson acredita pode ter sido faturado cerca de R$ 10 milhões “ilegalmente na venda dos títulos de terras que não lhe pertencem.”.
O IHP e a Ecotrópica enfrentam denúncias há muitos anos sobre suas ações na Serra do Amolar. Na década de 90 do século passado, famílias foram expulsas da margem direita do rio Paraguai e obrigadas a instalarem-se na margem oposta sob lonas de plástico para que a Ecotrópica se instalasse na fazenda Acurizal e assim criasse Reserva(s) Particular do Patrimônio Natural (RPPN). As famílias se reestruturaram, com o apoio da Ecoa, e constituíram a comunidade da Barra do rio São Lourenço. Recentemente, o fazendeiro Armando Lacerda, de Corumbá, voltou a denunciar o fato.
As duas organizações lançaram notas refutando a denúncia, elas podem ser encontradas no site do Correio do Estado.