Via Campo Grande News
Desespero define o que motivou o dono do carro, um Corsa Wind, 1999 de cerca de R$ 6 mil, a atravessar o Rio Taquari em Coxim, a 253 km da Capital, em cima de dois barcos nesta quinta-feira (3). O vídeo do carro no meio do rio circulou em várias redes sociais.
No último boletim divulgado pelo Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) a estação que mede altura dos rios Taquari em Coxim consta em situação de emergência em razão das fortes chuvas na região.
A cota de referência tem de ser, no máximo, 400 centímetros. A situação é considerada de emergência caso ultrapasse 500 centímetros, como é o caso desta quinta-feira que está em 508 cm. Ontem, o índice era de 480 centímetros e na terça-feira era 486. Ou seja, em dois dias, houve aumento considerável no rio.
O proprietário do carro, Guimel dos Santos Miranda, de 38 anos, contou ao Campo Grande News que mora às margens do rio a três anos, mas essa foi a primeira vez que passou por isso. Por causa das fortes chuvas que tem atingindo a região norte do estado o nível do Rio Taquari tem aumentado, porém na noite desta quarta-feira (2) começou a subir muito rápido, além do normal, o que deixou Guimel preocupado.
“Eu assustei. Está chovendo muito em São Gabriel e a água de lá vem pra cá. Estou há três dias ilhado, mas essa noite fiquei com medo. É minha viatura. Vai que o rio sobe mais e leva meu carro embora?. Como preciso muito dele resolvi tirar de lá. Fiquei com medo de perder [o carro]”, explicou.
Conforme o ribeirinho, a água subiu tanto que a pé do lado de fora de casa chega a cerca de um metro e 20. Inundou a residência do homem, que mora com a esposa e os dois filhos de 17 e 14 anos, mas felizmente a família não teve perdas.
Guimel, que trabalha em fazendas, está afastado com problemas no joelho e precisa muito do veículo para se locomover melhor. Ele aguarda liberação para fazer cirurgia em Campo Grande, por isso a preocupação com o veículo, de 1999 e que custa cerca de R$ 6 mil.
Com medo de perder o bem, ele pegou o barco do pai e com uma corda amarrou ao barco dele. Colocou duas pranchas de madeira em cima e subiu o veículo. “Não amarrei o carro no barco porque se caso caísse, não afundava os barcos. Tive que arriscar”, explicou.
A esposa queria ajudar, mas como ela não sabe nadar Guimel achou melhor que ela o esperasse em casa, onde estava segura. Já a filha de 14 anos insistiu em ir com o pai. “Eu e ela sabemos nadar e coloquei colete nela também”, conta.
Guimel contou que andou cerca de 2 quilômetros rio acima. “Não tinha outro lugar para parar então eu só parei no porto municipal da cidade”, afirmou.
Ele ainda explicou que atravessou o rio duas vezes durante o trajeto pois tentava seguir pelas águas mais calmas. “Orava e pedia para dar certo. Graças a Deus deu”. disse. O veículo agora esta em terra firme, na Avenida Presidente Vargas, atrás da residência da família.
Nesta tarde a água do rio já baixou o que deixou as cerca de sete famílias que moram ali na região animadas. Apesar de ainda estar tudo em volta alagado, a agua ja escoou de dentro da casa de Guimel. “Graças a Deus não perdemos nada, quando vimos que a água tava subindo levantamos tudo. Agora já deu uma baixada boa, só que parece que vai chover mais. O jeito é ficar sempre alerta. Torcer e pedir a Deus para a água baixar mais”, concluiu.