//

Cientistas dizem que glifosato prejudica abelhas

4 minutos de leitura

Via Deutsche Welle

Por Anne-Sophie Brändlin

O glifosato já é controverso por causa da suspeita de que provoca câncer, mas um novo estudo colocou o foco sobre um possível efeito colateral do herbicida totalmente diferente: pesquisadores da Universidade do Texas investigaram o efeito sobre as abelhas e concluíram que o glifosato é perigoso para elas. O estudo foi publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.

A Bayer, que adquiriu a Monsanto, desenvolvedora do glifosato, afirmou que o estudo se baseia num número muito pequeno de abelhas – 30 – e que, por isso, as conclusões não podem ser generalizadas.

Para a pesquisa, os cientistas alimentaram  abelhas com uma solução de açúcar com glifosato, na concentração normalmente encontrada em lavouras, jardins e margens de estradas. Em contraste, um grupo de controle recebeu apenas açúcar. A fim de posteriormente identificar os insetos na colmeia e associá-los ao grupo correto, os pesquisadores pintaram as costas das abelhas com pontos de cores diferentes.

Três dias depois, as abelhas foram novamente coletadas e examinadas. Constatou-se então que aquelas alimentadas com o coquetel de glifosato haviam perdido algumas de suas bactérias benéficas no intestino e eram mais suscetíveis a infecções e mortes causadas por bactérias malignas.

Bienen und Glyphosat
Marcas nas costas das abelhas para separar as que receberam glifosato das demais

A conclusão dos pesquisadores é que, ao alterar o microbiota intestinal das abelhas, o glifosato enfraquece o sistema imunológico delas e pode estar contribuindo para o declínio das populações de abelhas ao redor do mundo.

Os herbicidas à base de glifosato, como o Roundup, da Monsanto, são usados em lavouras de todo o mundo há mais de quatro décadas. O glifosato é o herbicida mais usado no mundo, com uma produção anual de 700 mil toneladas.

Só na Alemanha, mais de 5 mil toneladas de glifosato são pulverizadas anualmente em jardins privados, parques públicos e ferrovias. É a agricultura, porém, que é responsável pela maior parte do consumo, com o herbicida presente em cerca de 40% das terras agrícolas alemãs.

A notícia de que o glifosato também pode ser prejudicial às abelhas é particularmente assustadora quando se considera que as populações de abelhas domésticas e silvestres já diminuíram em muitas regiões do mundo.

Na China, macieiras e pereiras tiveram que ser polinizadas à mão porque não havia abelhas suficientes para fazer o trabalho.

O provável é que uma combinação de fatores seja responsável pelo declínio: pragas como o ácaro varroa, o uso de herbicidas que matam as plantas onde as abelhas se alimentam, além do uso de inseticidas à base de neonicotinoides. O novo estudo acrescenta mais um elemento à essa lista.

Deixe uma resposta

Your email address will not be published.

Mais recente de Blog

Em novembro de 2023 a Ecoa participou de reunião com o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn, apresentando a necessidade de o Banco tivesse especial atenção para a América do Sul quanto à questão climática. A região precisaria do BID para apoiar projetos voltados para a mitigação de eventos climáticos extremos em diferentes territórios. As cidades “biomas” precisam de apoio especial para medidas básicas como a arborização adequada a esses novos tempos.

Hoje tivemos a alegria de receber na Ecoa, o produtor rural Nelson Mira Martins, criador da RPPN Água Branca – nova reserva reconhecida oficialmente pelo ICMBio, que garante a proteção definitiva da segunda maior cachoeira de Mato Grosso do Sul, no município de Pedro Gomes.Seu Nelson foi recebido pela pesquisadora Fernanda Cano, e Alcides Faria, diretor institucional e um dos fundadores da Ecoa, e conversaram sobre as possibilidades que se abrem com a preservação da cachoeira e a criação da RPPN.

Hoje tivemos a alegria de receber na Ecoa, o produtor rural Nelson Mira Martins, proprietário da