Folha de S.P.
Cientistas de instituições de pequisa paulistas lançaram na última quinta-feira (7), um novo livro sobre as dezenas de espécies de serpentes que habitam o cerrado brasileiro.
A obra intitulada “Serpentes do Cerrado: Um Guia Ilustrado” traz quase 200 fotografias de mais de cem tipos de serpentes, inclusive algumas nunca antes fotografadas.
Os biólogos não gostam quando nos referimos a esses bichos como “cobras”, que denomina corretamente apenas um número pequeno de espécies. O termo “serpente” se refere a todos os membros dessa subordem da classe dos répteis.
Para cada uma, os autores apresentam sua morfologia (jeitão do bicho, tamanho, detalhes da cauda e dentição), hábitos alimentares, modo de reprodução (ovíparo ou vivíparo), táticas defensivas e se oferece risco de envenenamento grave ao ser humano, explica André Eterovic, da UFABC (Universidade Federal do ABC).
A empreitada de catalogas os répteis começou há mais de 15 anos, com outra composição do grupo de autores (que ainda é mais ou menos a mesma). Em 2001 foi lançado o “Serpentes da Mata Atlântica”, e, em 2005, o “Serpentes do Pantanal”, amgos pela editora Holos, de Ribeirão Preto (SP).
Enquanto seus colegas publicavam os guias da mata atlântica e do pantanal, o herpetologista Cristiano Nogueira percorria 40 mil km no coração do Brasil em busca dos bichos, durante seu doutorado, entre 2000 e 2006.
“Lembro perfeitamente de quando comecei a planejar meus estudos com répteis no cerrado, ainda no mestrado e doutorado. Ouvia colegas mais experientes, dizendo: ‘Cerrado? Não vai encontrar muita coisa por lá. As poucas serpentes que ocorrem por lá são generalistas [ou seja, também aparecem em outros biomas].’, Ou seja, eles seriam pouco interessantes, Felizmente eles estavam errados”, afirma Nogueira, agora pesquisador do Museu de Zoologia da USP.
O levantamento é o primeiro do tipo e pode ajudar na conservação das espécies do local. “Existe desinformação e preconceito contra as serpentes, vistas sempre como perigosas. Grande parte é inofensiva. Mesmo assim, são perseguidas e mortas nas localidades rurais do Brasil central”. Cerca de um terço desses répteis vivem apenas no cerrado.
A obra contou com o apoio financeiro da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e da ONG WWF Brasil. O lançamento do livro aconteceu na última quinta, em São Paulo, com palestra de Nogueira.
Serpentes do Cerrado – Guia Ilustrado
Autores: Otavio Marques (Instituto Butantan), André Eterovic (UFABC), Cristiano Nogueira (USP) e Ivan Sazima (Unicamp)