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Cientistas lançam guia ilustrado com dezenas de serpentes do Cerrado

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Drymoluber brazili (Família Colubridae): este jovem exemplar foi encontrado e fotografado na região do Parque Nacional das Emas, Cerrado do sudoeste de Goiás, e uma das principais áreas protegidas em todo o Cerrado. É uma espécie de serpente rara, pouco estudada.

Folha de  S.P.

Drymoluber brazili (Família Colubridae): este jovem exemplar foi encontrado e fotografado na região do Parque Nacional das Emas, Cerrado do sudoeste de Goiás, e uma das principais áreas protegidas em todo o Cerrado. É uma espécie de serpente rara, pouco estudada.
Drymoluber brazili (Família Colubridae): este jovem exemplar foi encontrado e fotografado na região do Parque Nacional das Emas, Cerrado do sudoeste de Goiás, e uma das principais áreas protegidas em todo o Cerrado. É uma espécie de serpente rara, pouco estudada.

Cientistas de instituições de pequisa paulistas lançaram na última quinta-feira (7), um novo livro sobre as dezenas de espécies de serpentes que habitam o cerrado brasileiro.

A obra intitulada “Serpentes do Cerrado: Um Guia Ilustrado” traz quase 200 fotografias de mais de cem tipos de serpentes, inclusive algumas nunca antes fotografadas.

Os biólogos não gostam quando nos referimos a esses bichos como “cobras”, que denomina corretamente apenas um número pequeno de espécies. O termo “serpente” se refere a todos os membros dessa subordem da classe dos répteis.

Para cada uma, os autores apresentam sua morfologia (jeitão do bicho, tamanho, detalhes da cauda e dentição), hábitos alimentares, modo de reprodução (ovíparo ou vivíparo), táticas defensivas e se oferece risco de envenenamento grave ao ser humano, explica André Eterovic, da UFABC (Universidade Federal do ABC).

Apostolepsis albicollaris (Família Dipsadidae): Está é uma serpente de pequeno porte, endêmica da parte central do Cerrado (planalto central, em GO, DF e triângulo mineiro). Foi descrita apenas no séc. XXI. A maior parte das espécies endêmicas do Cerrado é rara, de hábitos secretivos e fossórios (vive em tocas e galerias no solo).
Apostolepsis albicollaris (Família Dipsadidae): Está é uma serpente de pequeno porte, endêmica da parte central do Cerrado (planalto central, em GO, DF e triângulo mineiro). Foi descrita apenas no séc. XXI. A maior parte das espécies endêmicas do Cerrado é rara, de hábitos secretivos e fossórios (vive em tocas e galerias no solo).

A empreitada de catalogas os répteis começou há mais de 15 anos, com outra composição do grupo de autores (que ainda é mais ou menos a mesma). Em 2001 foi lançado o “Serpentes da Mata Atlântica”, e, em 2005, o “Serpentes do Pantanal”, amgos pela editora Holos, de Ribeirão Preto (SP).

Enquanto seus colegas publicavam os guias da mata atlântica e do pantanal, o herpetologista Cristiano Nogueira percorria 40 mil km no coração do Brasil em busca dos bichos, durante seu doutorado, entre 2000 e 2006.

Campo Cerrado extenso (em primeiro plano) com o Morro Santo ao fundo, e lá no fundo a Serra Geral (ou espigão mestre, que faz a divisa entre Tocantis e Bahia). A paisagem é do Cerrado do oeste baiano, no município de Formosa do Rio Preto). A Bahia tem Cerrado e chapadas espetaculares, mas muito ameaçadas pelo agronegócio.
Campo Cerrado extenso (em primeiro plano) com o Morro Santo ao fundo, e lá no fundo a Serra Geral (ou espigão mestre, que faz a divisa entre Tocantis e Bahia). A paisagem é do Cerrado do oeste baiano, no município de Formosa do Rio Preto). A Bahia tem Cerrado e chapadas espetaculares, mas muito ameaçadas pelo agronegócio.

“Lembro perfeitamente de quando comecei a planejar meus estudos com répteis no cerrado, ainda no mestrado e doutorado. Ouvia colegas mais experientes, dizendo: ‘Cerrado? Não vai encontrar muita coisa por lá. As poucas serpentes que ocorrem por lá são generalistas [ou seja, também aparecem em outros biomas].’, Ou seja, eles seriam pouco interessantes, Felizmente eles estavam errados”, afirma Nogueira, agora pesquisador do Museu de Zoologia da USP.

O levantamento é o primeiro do tipo e pode ajudar na conservação das espécies do local. “Existe desinformação e preconceito contra as serpentes, vistas sempre como perigosas. Grande parte é inofensiva. Mesmo assim, são perseguidas e mortas nas localidades rurais do Brasil central”. Cerca de um terço desses répteis vivem apenas no cerrado.

Região do Jalapão, com veredas de buritis em premiro plano e Cerrado do Espírito Santo e Morro do Saca Trapo ao fundo. Tanto as veredas como as chapadas são habitats importantes para diferentes conjuntos de cobras retratadas no guia.
Região do Jalapão, com veredas de buritis em premiro plano e Cerrado do Espírito Santo e Morro do Saca Trapo ao fundo. Tanto as veredas como as chapadas são habitats importantes para diferentes conjuntos de cobras retratadas no guia.

A obra contou com o apoio financeiro da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e da ONG WWF Brasil. O lançamento do livro aconteceu na última quinta, em São Paulo, com palestra de Nogueira.

Serpentes do Cerrado – Guia Ilustrado
Autores: Otavio Marques (Instituto Butantan), André Eterovic (UFABC), Cristiano Nogueira (USP) e Ivan Sazima (Unicamp)

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