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Com apoio da Ecoa, pesquisadores lançam livro didático que alerta sobre riscos de queimadas no Pantanal

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Guia foca em linguagem acessível e belas ilustrações para ensinar sobre o papel do fogo no bioma (Imagem: João Marcelo Sanches)

Foi finalizada nesta semana a primeira edição do livro “É Fogo! Pantanal”, que apresenta a profissionais da educação maneiras de trabalhar os riscos e prejuízos das queimadas no bioma com alunos do Ensino Fundamental e Médio. A produção da obra, realizada através do projeto científico MAP-FIRE (Multi-Actor Adaptation Plan to cope with Forests under Increasing Risk of Extensive Fires), teve apoio direto da Ecoa – por meio de suporte logístico e institucional –, do PrevFogo/Ibama de MS e do Instituto SOS Pantanal. A expectativa é de que o material possa ser utilizado em sala de aula já em 2025.

A bióloga Liana Anderson, coordenadora do projeto MAP-FIRE e pesquisadora do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), esteve à frente do projeto e está ansiosa para apresentá-lo aos educadores do estado. Junto dela, foram responsáveis pela produção dos textos e revisão a também bióloga Yara Araújo, a socióloga Gleiciane Pismel e o geógrafo João Bosco dos Reis. O grupo ficou encarregado de adaptar o guia de atividades que foi produzido anteriormente com foco no bioma amazônico para o contexto pantaneiro. Entre 2020 e 2023, o “É Fogo! Amazônia” chegou a 10 mil estudantes, 450 professores e 70 instituições de ensino espalhadas pela Amazônia brasileira, boliviana e peruana, e a ideia agora é repetir esse engajamento também no Pantanal.

“O conteúdo deste livro auxilia no entendimento sobre a urgência e a necessidade de enfrentamento da crise climática que já vivemos, como a crescente ameaça de grandes incêndios na vegetação e na degradação ambiental no Pantanal”, afirmam os autores.

O guia é dividido em módulos e traz propostas de atividades que envolvem apresentações orais sobre os impactos das queimadas (baseadas na aplicação de questionários com a comunidade sobre o tema); interpretações teatrais; cartografia social (elaboração de mapas das regiões onde comunidades tradicionais habitam); monitoramento regional (realizado através da produção de boletins informativos); e introdução ao cinema (desde obras ficcionais a documentários).

Atividades incentivam os alunos a utilizarem diferentes mídias para elaborar projeto final (Imagem: João Marcelo Sanches)

Como referencial teórico, os estudantes terão no próprio livro explicações dos principais conceitos relacionados ao tema “queimada” e ao bioma pantaneiro e contarão ainda com um website que compila inúmeras informações científicas em uma linguagem acessível e de fácil interpretação.

Além do conhecimento prévio dos autores, esse referencial foi construído por meio de visitas recentes a comunidades indígenas, ribeirinhas, assentamentos e áreas de proteção ambiental do Pantanal – onde vivem pessoas que sofrem impactos diretos dos incêndios e que têm atuado na linha de frente do combate às chamas através das Brigadas Comunitárias Voluntárias.

A Ecoa abraçou a iniciativa, que veio em um contexto de eventos climáticos extremos e aumento no número de incêndios na região, e atuou fornecendo todo o apoio necessário de estadia e transporte aos envolvidos. A instituição foi essencial para firmar pontes entre os campos teórico e prático e também com outras entidades, incluindo o Governo do Estado, a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros de MS.

LEIA TAMBÉM: A luta heroica das Brigadas Voluntárias para salvar o Pantanal do fogo

Presença nas escolas

Após a finalização dos processos gráficos e de impressão, a próxima etapa é preparar os educadores para trabalhar com o material didático da melhor maneira possível. Segundo a coordenadora do projeto, Liana Anderson, a ideia é realizar esse processo durante o segundo semestre de 2024. “Fica aqui o nosso convite a todos os educadores para que fiquem atentos às novidades. Estamos organizando o lançamento oficial junto de uma grande capacitação para os próximos meses”, afirmou.

Sobre os autores

Yara Araújo é pesquisadora assistente do projeto MAP-FIRE e coordenadora do Componente Educação Ambiental nas instituições escolares e comunidades. Foi responsável por analisar a percepção de diversas populações, em diferentes biomas brasileiros, relacionada ao tema dos incêndios.

Gleiciane Pismel é pesquisadora assistente do projeto MAP-FIRE, forneceu apoio à cooperação interinstitucional e foi responsável pela análise de governança das instituições da região MAP envolvidas na gestão, planejamento e resposta a incêndios florestais.

Liana Anderson coordena o projeto MAP-FIRE e é pesquisadora da linha de pesquisa Riscos e Desastres Associados a Incêndios Florestais do Cemaden. Interessada principalmente em desenvolver estratégias para minimizar os impactos adversos das mudanças ambientais em ecossistemas e populações.

João Bosco dos Reis é o pesquisador responsável pelo desenvolvimento do sistema de monitoramento e alerta de risco de incêndios florestais no projeto MAP-FIRE.

João Marcelo Sanches

Jornalista formado pela UFMS, com mestrado em Comunicação pela mesma instituição

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