Por Alcides Faria, biólogo e diretor executivo da Ecoa.
Vazão de represas do rio Paraná será reduzida. Quais serão os efeitos no Brasil, Paraguai e Argentina?
Na bacia rio Paraná, a mais populosa e desenvolvida economicamente no Brasil e Argentina, ocorrem, há alguns anos, eventos que levaram a uma ‘crise hídrica’, sem precedentes para essa unidade ambiental, com comprometimento na geração elétrica, o abastecimento de cidades e a navegação.
Na bacia do rio Paraná existem 57 represas de grande porte, sendo que no leito do rio estão 4 delas em sequência: Ilha Solteira, Jupiá, Porto Primavera e Itaipu, esta última compartida com o Paraguai. Na sequência está Yaceretá, entre Paraguai e Argentina.
Diante da crise na geração elétrica pelas represas na bacia o governo brasileiro determinou que a partir de primeiro de julho* se reduza a vazão das usinas de Jupiá e Porto Primavera. A de Jupiá deverá reduzir a liberação de água em 1.000 m³/s: da média atual de 3.300 m³/s para 2.300 m³/s.
Para a represa de Porto Primavera, imediatamente a jusante de Jupiá, a redução será maior: dos 3.900 m³/s atuais para 2.700 m³/s. Da água liberada por Jupiá a medida ministerial determina que a usina deve reter 1.200 m³/s, retendo um volume ainda maior que o liberado acima.
Qual será o efeito sobre o reservatório seguinte no rio Paraná, o de Itaipu? No dia 24 de junho de 2021, a usina mostrava uma “vazão defluente” de 5.111 m³/s (imagem abaixo). Com a redução de 1.200 m³/s na liberação de água de Porto Primavera, a barragem de Itaipu continuará com a mesma ‘vazão defluente’, que alcança a represa de Yaceretá, entre Argentina e Paraguai?
Com relação a situação do rio Paraná atualmente na Argentina, uma publicação da Ecoa, a partir de material de Ruben Figoni, apresenta a situação em Rosário, cidade situada na sua margem direita, na província de Santa Fé. O rio Paraná nesse ponto já recebeu as águas do rio Paraguai.
* Portaria assinada pelo ministro Bento Albuquerque do Minas e Energia e publicada no dia 11/6/21.
Imagem de capa: Bacia hidrográfica do rio Paraná. Fonte: Ecoa.
