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Da seca para a enchente

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Imagem: Metsul

A chuva extrema que atingiu a cidade de Montevidéu e o departamento uruguaio de Canelones, no Sul do país, no começo desta segunda-feira (17) é apenas o começo de um episódio de instabilidade na região que vai durar vários dias e trazer novos eventos de precipitação com volumes extremamente altos e em alguns casos excepcionais com alto risco de inundações. Algumas áreas sairão da seca para a enchente em questão de dias.

O motivo para tanta chuva é um bloqueio atmosférico. Uma massa de ar frio avança neste momento pela Argentina e a frente fria na dianteira não consegue vencer o bloqueio da massa de ar por demais quente que atua no Nordeste e no Norte Argentino, além do Paraguai e do Rio Grande do Sul. Com isso, a instabilidade fica retida na região de transição entre as duas massas de ar, a quente e a fria, no caso o Centro da Argentina e o Uruguai.

Haverá ainda um corredor de umidade organizado vindo da Amazônia, transportando ar muito úmido para a faixa central da Argentina e o Uruguai com elevados índices de água precipitável. Com uma massa de ar excepcionalmente quente ao Norte e abundante umidade na atmosfera, a atmosfera estará com condições ideais para a frequente geração de áreas de instabilidade que vão se deslocar de Oeste para Leste nestas regiões com chuva volumosa e tormentas.

Entre quarta (19) e sexta (21) a massa de ar quente se reforça sobre o Rio Grande do Sul e começa a avançar para Sul, o que pode gerar uma frente quente com chuva muito volumosa e temporais de vento, muito raios e granizo no Uruguai e áreas adjacentes como Buenos Aires, Sul de Santa Fé e Entre Ríos.

Modelos numéricos indicam volumes muitos altos de chuva para esta semana para o Uruguai e a província de Buenos Aires, ou seja, as duas capitais do Prata – Montevidéu e a cidade de Buenos Aires – têm risco de chuva volumosa nesta semana. Portanto, a capital Uruguaia pode voltar a sofrer com chuva intensa. Mas não apenas Montevidéu. Outros departamentos uruguaios devem ter muita chuva nesta semana.

Os modelos numéricos divergem sobre a quantidade e o posicionamento das áreas que devem ter chuva com volumes mais expressivos, mas coincidem em indicar que a chuva mais volumosa deve se dar entre a província de Buenos Aires e o território uruguaio. O modelo norte-americano GFS é o que aponta a faixa de chuva excessiva mais ao Sul, atingindo as cidades de Montevidéu e Buenos Aires.

Os modelos canadense e alemão apontam chuva com altos volumes em um maior número de áreas. O alemão Icon, que tem alto índice de precisão, é o que aponta a chuva mais extrema com possibilidade de 150 mm a 250 mm nos próximos sete dias em muitas áreas do Uruguai, Norte de Buenos Aires e Sul de Santa Fé e entre Rios. Em alguns pontos do Uruguai, o Icon sinaliza chuva acima de 250 mm com acumulados pontuais superiores a 300 mm, ou seja, três meses de chuva (a média do verão inteiro) em poucos dias.

Sob tal cenário, o risco de inundações nestas regiões, em particular no Uruguai, será muito alto nos próximos dias. Haverá crescida de rios, arroios e córregos com alagamentos. Áreas urbanas e rurais podem sofrer com inundações. Toda a região costeira, de Colonia até Rocha, onde muitas pessoas estão neste momento passando suas férias da temporada de verão, pode sofrer com volumes expressivos de chuva ao longo desta semana.

No Rio Grande do Sul, a chuva mais volumosa deve ficar limitada ao Sul gaúcho, especialmente no Extremo Sul (Chuí e Santa Vitória do Palmar), onde deve chover muito. Nas demais regiões do estado, a chuva será por demais irregular e com baixos volumes no geral, exceção de episódios muito localizados e pontuais gerados por temporais passageiros e isolados associados ao intenso calor que podem trazer volumes muito alto de precipitação em curto período para setores isolados.

Via MetSul

 

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