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Davos 2023: transição “verde” vai criar milhões de empregos e deve revitalizar a economia

5 minutos de leitura

Por Guilherme Justino, do Um Só Planeta

À medida que o mundo se encaminha para uma economia mais verde, cerca de 6 milhões de empregos serão perdidos, especialmente nas áreas de extração e refinaria de petróleo, mineração de carvão e produção de eletricidade a partir de combustíveis fósseis. No entanto, uma mudança para uma economia mais verde poderia criar 24 milhões de novos empregos em todo o mundo até 2030 se as políticas corretas forem implementadas, aponta uma estimativa da OIT (Organização Internacional do Trabalho).

O tema foi objeto de um painel nesta terça-feira (17) no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, que reuniu Dan Schulman, CEO e presidente do PayPal; Julie Sweet, advogada e CEO da Accenture; Martin J. Walsh, secretário do Trabalho dos Estados Unidos; Gilbert Houngbo, diretor geral da OIT ; e Saadia Zahidi, diretora executiva do Fórum Econômico Mundial.

De acordo com os painelistas, novos empregos serão criados adotando práticas sustentáveis no setor de energia, usando veículos elétricos e aumentando a eficiência energética em edifícios existentes e futuros, por exemplo. Com base em dados da Organização Internacional do Trabalho e forte otimismo em relação ao futuro, eles apontam que as afirmações de que o “esverdeamento” da economia resultará em perda de empregos e deterioração econômica não correspondem à realidade.

“Muitos trabalhadores são mal pagos ou trabalham pouco porque não conseguem oportunidades. Se você divulgar os programas de treinamento certos e eles forem sustentáveis, podemos realmente fazer a diferença. Há uma situação ganha-ganha aqui. Podemos fazê-la no mundo inteiro e podemos fazê-la rapidamente”, declarou Walsh no painel “The future of jobs” (O futuro dos empregos).

Para os especialistas, políticas bem elaboradas podem fortalecer a proteção social, apoiar o investimento verde e conduzir a um maior crescimento, com geração de empregos e distribuição de renda mais justa. No entanto, a criação de políticas públicas não é a única resposta para uma transição justa. Também exigirá um compromisso mais forte das empresas para alcançar a sustentabilidade ambiental em nível global.

“É preciso olhar para o nível internacional e a cadeia global de suprimentos, e pensar em como poderíamos garantir esses princípios em todo o mundo. Há grandes oportunidades econômicas na transição verde, porque há um grande déficit de empregos nessa área no mundo”, afirmou Houngbo.

Já Saadia Zahidi lembrou que os aumentos de temperatura e a degradação ambiental prejudicam empregos e condições de trabalho, pois a economia mundial depende de recursos naturais, de serviços ecossistêmicos e de um ambiente estável e livre de desastres. A OIT prevê que 72 milhões de empregos em tempo integral serão perdidos até 2030 devido ao estresse térmico, e o aumento da temperatura levará a uma redução das horas de trabalho disponíveis, principalmente na agricultura.

A transição para uma economia descarbonizada, garantiram os especialistas, não é apenas essencial para travar as alterações climáticas, mas também é um motor do crescimento econômico com potencial para criar milhões de empregos verdes: trabalhos voltados diretamente para a proteção do meio ambiente ou que buscam minimizar o impacto na saúde do planeta, contribuindo para a economia como um todo não só no presente, mas também garantindo sua sustentabilidade para o futuro.

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