A dragagem do Rio Paraguai, que está programada para começar em breve, representa um erro grave tanto do ponto de vista ambiental quanto econômico. Enquanto autoridades e empresas afirmam que a dragagem é uma solução necessária para garantir o transporte de cargas em períodos de seca, é crucial considerar os impactos negativos dessa intervenção no ecossistema do rio e nas comunidades que dele dependem.
A proposta de dragagem não leva em consideração os efeitos nocivos de longo prazo que podem comprometer a saúde do rio e suas funções ecológicas. Em vez de buscar soluções sustentáveis e ecologicamente corretas, a dragagem ameaça alterar o equilíbrio natural do rio, impactando a fauna e flora de seu entorno e prejudicando comunidades ribeirinhas que dependem do rio para seu sustento.
Além disso, é essencial questionar a eficácia da dragagem como solução para problemas de navegação. Alcides Faria, biólogo e diretor da Ecoa, levanta uma questão pertinente: “É estranha a decisão do DNIT de dragar o rio Paraguai para torná-lo “navegável o ano todo”, pois a dúvida imediata que traz tal roteiro no Pantanal é a falta de resposta para uma pergunta: de onde trarão agua para criar o calado necessário para as barcaças? no dia 13/08/24 a régua do rio em Forte Coimbra, a jusante de Corumbá (MS), trazia marca negativa: -1,07m. Considerando que o calado mínimo necessário para uma barcaça carregada é de + 1,50m, teríamos aí a necessidade de dragar no Forte Coimbra 2,7 metros? A equação não bate. Buscam meios de gastar os 82 milhões liberados pelo governo?”
Essa crítica ressalta a falta de clareza no plano de dragagem, questionando a viabilidade da proposta e o uso dos recursos. O foco atual em soluções temporárias como a dragagem não resolve os problemas estruturais e climáticos e pode piorar a situação a longo prazo.