A pesquisadora da Ecoa, Fernanda Cano, acaba de concluir a atualização do Mapa Interativo de Represas na Bacia do Alto Paraguai (BAP), território de suma importância para a conservação do Pantanal. A ferramenta apresenta a expansão do número de barragens para geração de energia na região.
Nesta nova versão, além da localização e número de empreendimentos hidrelétricos, o mapa inclui dados geográficos relevantes como terras indígenas, áreas prioritárias para conservação, comitês de bacia hidrográfica (CBHs) e a delimitação dos biomas presentes na BAP. As principais fontes utilizadas foram os bancos de dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e do Sistema de Informação Georreferenciada do Setor Elétrico (SIGEL).
Clique na imagem e acesse o Mapa Interativo de Represas na Bacia do Alto Paraguai (BAP):
O objetivo do trabalho é atualizar o estado da arte sobre as represas na BAP, organizando os dados públicos disponíveis em uma interface interativa, que sirva para pesquisadores, tomadores de decisão e comunidades locais, contribuindo para a gestão territorial, mobilização social e incidência política.
O mapa mostra que sub-bacias como Taquari, Sepotuba, Cuiabá, São Lourenço e Jauru seguem sob pressão de novos empreendimentos. O instrumento também permite sobrepor a localização das represas com áreas de uso tradicional, o que permite a análise de possíveis impactos desses projetos sobre comunidades e territórios.
O impacto do avanço das barragens
A Ecoa, desde o ano 2000, alerta que a instalação de barragens na parte alta da BAP altera profundamente os sistemas hídricos e desestrutura o funcionamento ecológico do Pantanal. Em uma região onde tudo gira em torno das águas, interromper o fluxo dos rios é acelerar a degradação ambiental, social e econômica.
Em artigo no site da Ecoa, a presidenta da Ecoa, Nathalia Ziolkowski e a pesquisadora, Paula Isla afirmam que:
“A Ecoa acompanha os efeitos e impactos das barragens para a geração de energia na bacia do Paraguai, porque, em primeiro lugar, retém água que deveria seguir livre para o Pantanal e por alterarem o meio onde são inseridas, provocando inúmeros impactos sociais, econômicos, culturais e ambientais. Vale o registro que um dos maiores impactos das represas na bacia é o dano para a reprodução de peixes, base da economia do Pantanal”
As barragens são apresentadas como soluções limpas, mas o acúmulo de empreendimentos causa danos cumulativos severos. Além dos danos à biodiversidade, os efeitos atingem diretamente a pesca, o turismo e a segurança hídrica de diversas populações.
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