A vinda das ministras do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, e do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, reafirmou o compromisso e a união de esforços entre todas as esferas governamentais para remediar o cenário de tragédia que vem se estabelecendo no Pantanal. Elas sobrevoaram áreas atingidas nos municípios de Corumbá e Ladário acompanhadas do governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, na última sexta-feira (28), e participaram de duas reuniões – uma na sede da Brigada de Prevenção ao Fogo do Pantanal e outra na sede do Corpo de Bombeiros de Corumbá, onde concederam entrevista coletiva.
O encontro teve a presença de outras autoridades, incluindo o titular da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck, que fez o discurso inicial. Em tom de alerta, o secretário disse que a situação atual não tem precedentes mesmo quando comparada com o ano de 2020, considerado o pior em toda a série histórica de monitoramento das queimadas. “Temos um processo de integração muito forte com os produtores rurais, justamente para ampliar a quantidade de aceiros [faixas em torno de cercas onde a vegetação é eliminada da superfície do solo], que são fundamentais. E é muito importante essa rápida resposta que nós vimos em Corumbá, com toda a articulação dos governos Federal, Estadual e instituições de combate a incêndios. Nós tivemos o período de preparação, estamos no período de resposta e já iniciamos o processo de responsabilização, para que posteriormente tenhamos a etapa de restauração desse bioma”, afirmou.
Ao tomar a palavra, Marina Silva disse que até 26 de junho foram contabilizados 3.426 focos de calor na região pantaneira. Ela classificou a situação como uma “sangria desatada”, resultado de renovação de pastagem e desmates. “Os incêndios que aconteceram agora têm uma junção perversa: mudanças do clima, escassez hídrica severa, desmatamento e o uso do fogo. É isso que tem feito com que o Pantanal fique em chamas”. A ministra ressaltou a presença de um efetivo de 280 pessoas disponibilizado pelo Governo Federal e o uso inédito da aeronave KC390, que pousou na Cidade Branca na sexta e vai auxiliar no combate às chamas com sua capacidade de despejar até 12 mil litros de água por voo.
Na sequência, Simone Tebet fez questão de destacar que o presidente deu carta-branca aos ministérios para o enfrentamento da situação. “O que aconteceu no Pantanal não foi por omissão ou falta de planejamento do governo federal ou estadual; também não foi por falta de recursos. Não só o efeito El Niño e o calor justificam tantos focos. Tem alguma coisa de muito errada que não estava mesmo no nosso cronograma. Porque, de repente, de um ano para o outro você aumenta 3.000% os focos de incêndio, sem raios, sem trovoadas. Então, tem a mão do homem aí”, finalizou.