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Especialista emite alerta sobre fumaça tóxica das queimadas: “A população deveria usar máscara”

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Povo das Águas
Foto: Clóvis Neto

Com informações do Jornal O Globo

O ar carregado e a fumaça densa oriundos das chamas na região pantaneira vêm se tornando uma preocupação interestadual, já que alcançaram a região Sul diversas vezes durante o mês de junho e foram observadas na semana passada em Paranavaí, no Paraná. O fato chama atenção para outra consequência trágica dos incêndios, que é a poluição atmosférica – e doenças respiratórias graves.

Em entrevista ao Jornal O Globo, a especialista em Qualidade do Ar e professora do Departamento de Química da PUC-Rio Adriana Gioda falou sobre a importância de monitorar esses eventos e remediá-los.

“A poluição afeta a qualidade do ar e o clima, acentua o calor e reduz as chuvas. Se forma um ciclo vicioso negativo: o sistema se retroalimenta, pois o calor e a seca também favorecem a ampliação e o acúmulo da poluição. É a chuva que lava a atmosfera; sem chuva, fica mais poluído.”

Segundo Gioda, toda a vegetação queimada é absorvida pela atmosfera e libera compostos químicos que podem viajar longas distâncias; como exemplos, ela cita que é possível encontrar poeira vinda do deserto do Saara na Amazônia e que uma travessia semelhante dessas partículas aconteceu em 2020 com a fumaça do Pantanal “Acompanhamos por satélite o deslocamento da pluma das queimadas”, complementa.

Quais os riscos para a população

Uma pessoa adulta respira, em média, 15 mil litros de ar por dia. Consequentemente, se esse ar estiver poluído, a ocorrência de alergias, mal-estar e HDRs (Hospitalizações por Doenças Respiratórias) aumenta. A maior preocupação é com os PM 2,5, materiais particulados citados também no estudo que teve participação de André Nunes e Rafael Chiaravalloti, membros da Ecoa. “Eles são os poluentes com maior impacto na saúde global. Estão associados às mortes de milhões de pessoas no mundo a cada ano”, alerta a especialista.

Diante desse cenário, a recomendação de Adriana Gioda é para que os moradores de regiões próximas aos incêndios usem máscara N93 e evitem a prática de exercícios, que forçam uma maior inalação de ar, nos dias mais poluídos.

“O ideal e a N93, porque ela filtra 99% das partículas e reduz muito o risco da exposição. Se não tiver uma N93, até as mais simples – usadas muito na pandemia de Covid-19 – já ajudam. Vírus são muito menores que o material particulado que está em suspensão na pluma de incêndios.”

Como monitorar a qualidade do ar?

A pesquisadora do Departamento de Química afirma que o trabalho de monitoramento no Brasil ainda está bastante abaixo do necessário. Na última quinta-feira (27), os ministérios da Saúde e do Meio Ambiente e Mudança do Clima realizaram o lançamento da ferramenta “Painel Vigiar: Poluição Atmosférica e Saúde Humana”, mas Gioda questiona a eficácia do método utilizado.

“A nova plataforma mostra níveis de poluição por PM 2,5 no Brasil, inclusive por município, mas são estimativas; dados aproximados feitos por satélites, que medem os aerossóis na atmosfera. O que de fato respiramos aqui em terra quase não é medido. Isso só vai ser conhecido quando tivermos estações de monitoramento em solo em todo o país”, finaliza.

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