Via ClimaInfo
Aumento na energia elétrica residencial, principal vetor de alta do IPCA de outubro, contribuindo com 0,20 ponto porcentual da taxa de 0,56% registrada no mês.
A bandeira vermelha patamar 2 cobrada nas contas de luz em outubro foi a grande vilã da inflação do mês, que surpreendeu e ficou acima do projetado por analistas. O custo extra foi estabelecido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) para cobrir os gastos com a operação de termelétricas a gás fóssil, usinas que produzem uma eletricidade bem mais cara que a de plantas renováveis, como eólica e solar. E bem mais suja, devido às emissões com a queima do combustível fóssil.
Assim, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, subiu 0,56% em outubro, de acordo com o IBGE. O aumento de 4,74% na energia elétrica residencial contribuiu com 0,20 ponto percentual (35%) do índice, destaca o UOL. Muito mais que outros itens que mais puxaram a inflação para cima: cinema, teatro e concertos (0,03 ponto porcentual), seguro de veículo (0,03 pp), contrafilé (0,02 pp) e costela (0,02 pp).
A inflação de setembro, que foi de 0,44%, também foi turbinada pelas térmicas a combustíveis fósseis. Naquele mês, a ANEEL estabeleceu a cobrança da bandeira vermelha patamar 1 – R$ 4,463 a mais a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. Em outubro, porém, o valor subiu para o topo do sistema de bandeiras tarifárias: o patamar 2 cobra R$ 7,877 a cada 100 kWh.
Além de maior que o de setembro, o IPCA do mês passado foi mais que o dobro do registrado em outubro de 2023, quando o índice ficou em 0,24%. Naquela época, não havia nenhuma cobrança extra na conta de luz.
A taxa de 0,56% em outubro ficou acima da mediana das projeções de 31 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor, que indicavam alta de 0,53%. Segundo a CNN, uma pesquisa da Reuters feita com analistas de mercado também indicava o mesmo percentual.
Com a escalada inflacionária de outubro, o resultado acumulado do IPCA nos últimos 12 meses ficou em 4,76%. Acima do teto de 4,5% da meta de inflação do Banco Central.
Em tempo 1: A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) avançou na execução do projeto de uma hidrelétrica que impacta a Terra Indígena Yanomami. A estatal, vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME), concluiu o estudo e o relatório de impacto ambiental (EIA/RIMA) da hidrelétrica Bem Querer e os protocolou no IBAMA para obter a licença prévia do empreendimento. No entanto, destaca a Folha, o EIA/RIMA não incluiu o estudo de componente indígena (ECI), mesmo apontando a influência da hidrelétrica na TI Yanomami e em outros territórios tradicionais em Roraima. A UHE Bem Querer tem potência projetada de 650 megawatts (MW) e está prevista para ser instalada no Rio Branco, a partir da formação de um reservatório de 640 km2, em áreas referentes a seis municípios de Roraima. O reservatório ficaria a 24 km da Terra Yanomami, segundo o EIA/RIMA. Uma eventual linha de transmissão ficaria a 20 km do território, conforme o documento.
Em tempo 2: O Plano Decenal de Expansão da Energia (PDE) 2034 entrou em consulta pública na 6ª feira (8/11), e a EPE, responsável por sua elaboração, apresentou algumas premissas do documento. Pelas projeções da estatal, a participação das hidrelétricas na matriz elétrica brasileira cairá de 56% para 47% em 10 anos. Boa parte dessa queda tem a ver com a forte expansão esperada para as fontes eólica e solar, mas a EPE também prevê que a produção elétrica a gás fóssil quadruplicará nesse período, com as térmicas a combustíveis fósseis passando de 2,9% para 6,4% da matriz, detalha a Folha. O PDE também projeta maior participação da fonte nuclear, de 1,8% para 2,4% – o que indica que a estatal conta com a conclusão de Angra 3. Aliás, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defendeu com unhas e dentes não apenas a finalização de Angra 3, mas a expansão nuclear para fornecer eletricidade para data centers e novas tecnologias, informa a Megawatt. Para quem já defendeu a implantação de reatores nucleares na Amazônia não chega a ser surpreendente defender a fonte nuclear, que, além de muito mais cara, é perigosa, como comprovam as termonucleares de Fukushima, no Japão, e Chernobyl, na Ucrânia.