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Fracking vai mal nos USA. Ressuscitará agora com a guerra?

6 minutos de leitura

Por Alcides Faria, Diretor Executivo da Ecoa

– Fracking: técnica que usa intensivamente água, contaminando-a com produtos químicos tóxicos. 

– O fracking é comprovadamente causador de abalos sísmicos.

– Preço alto do petróleo arranca recursos do povo e viabiliza o fracking? 

– Relatório da Bloomberg  mostra que os números do fracking nos Estados Unidos nunca bateram. Sempre foi uma atividade cara, com subsídios generosos escondiam o verdadeiro custo

– As empresas petrolíferas tiveram que perfurar freneticamente mais e mais, pois os poços enfrentavam quedas médias de produção de 60% já no primeiro ano. O modelo tinha como premissa os altos preços do petróleo e do gás. Mas em todo o país, o excesso de gás (e, em menor grau, de petróleo), precipitado pelo boom do fracking, derrubou para níveis mais baixos desde a década de 1990.

– A indústria de petróleo e gás nos Estados Unidos perdeu mais de 100.000 empregos em 2021. Um relatório da Deloitte alertou que cerca de 70% dos empregos perdidos em 2020 podem não voltar este ano – ou nunca mais.

Imagem La Nación / Sustentor

 

Um dos elementos importantes na complexa equação da guerra na Ucrânia é o do abastecimento de gás russo para os países da Europa.  Historicamente há uma imbricação muito grande dos países da União  Europeia a Rússia e seu gás – até no futebol. 

Na Inglaterra, por exemplo, palco do melhor torneio de futebol do mundo, a Premier Ligue, é comum ver nos estádios publicidade da Gazprom, empresa russa da área de energia, a qual também está presente na Bundesliga, o campeonato da primeira divisão do futebol da Alemanha.

Antes mesmo da Guerra iniciada pela Rússia contra a Ucrânia os Estados Unidos já pressionava a Alemanha, para suspender a finalização do gasoduto Nord2, que levaria mais gás russo para o País. Algumas informações apontavam a possibilidade de os EUA suprirem a demanda alemã através de navios. Não sou conhecedor dos meandros negociais do setor, mas é evidente que está presente a possibilidade de a ‘imposição’ dos EUA à Alemanha ter como base politicas de reavivamento de sua produção de gás e petróleo através do contestado fraturamento hidráulico, setor claramente em crise no País.
Relatório da Bloomberg  mostra que os números do fracking nos Estados Unidos nunca bateram. Sempre foi uma atividade cara, com subsídios generosos escondiam o verdadeiro custo. As empresas petrolíferas tiveram que perfurar freneticamente mais e mais, pois os poços enfrentavam quedas médias de produção de 60% já no primeiro ano. O modelo tinha como premissa os altos preços do petróleo e do gás. Mas, em todo o país, o excesso de gás (e, em menor grau, de petróleo), precipitado pelo boom do fracking, derrubou os preços para níveis mais baixos desde a década de 1990.
Com base em texto do MIT Technology Review, um quadro sobre a atividade nos Estados Unidos.
A Pensilvânia é chamada de “Arábia Saudita do gás natural”. Em 2012 eram 114 sondas de perfuração, reduzida a apenas 19 em 2019.

Como geradora de empregos, a indústria do fracking é uma falácia

No EUA a indústria de fraturamento hidráulico se propagandeia como geradora de muitos empregos, mas pesquisa indica que menos empregos foram criados na Pensilvânia do que em estados vizinhos, como Ohio, e muitos desapareceram desde então (Colin Jerolmack para o MIT Technology Review)
Quando presidente, em um comício em Latrobe, Trump afirmou que o fracking criou 940.000 empregos na Pensilvânia. O número real na época era mais de 26.000 – e isso inclui empregos “relacionados ao fracking” não diretamente na indústria.
A indústria de petróleo e gás nos Estados Unidos perdeu mais de 100.000 empregos em 2021, e um relatório da Deloitte alertou que cerca de 70% dos empregos perdidos em 2020 podem não voltar este ano – ou nunca mais. 
Em abril, o setor apresentava a maior taxa de desemprego do país, com 15%. A indústria do petróleo também sofreu um grande golpe de reputação por seu papel no aquecimento do planeta, ao mesmo tempo em que promovia o negacionismo das mudanças climáticas . 
As emissões de metano associadas ao fracking são tão claras que muitos cientistas pensam que substituir o carvão por gás natural não reduzirá as emissões de gases de efeito estufa . 

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