Com sabores peculiares e potencialidades nutricionais que superam muitos dos alimentos convencionais produzidos na atualidade, os frutos nativos ganham cada vez mais espaço na mesa de consumidores do Brasil e do mundo. Neste sentido, a Rede de Mulheres Produtoras do Cerrado e Pantanal – CerraPan vem se fortalecendo e saboreando as conquistas do trabalho de beneficiamento de frutos como a laranjinha de pacu (Pouteria sp.), bocaiuva (Acrocomia sp.) e baru (Dipteryx sp.).
De 13 a 15 de setembro, em São Paulo, a CerraPan marcou presença no XIV Congresso Internacional de Nutrição Funcional, evento de referência no país, por onde passaram aproximadamente 5 mil pessoas por dia. A interação entre os biomas brasileiros foi a novidade na edição deste ano, que convidou a CerraPan para representar o bioma Pantanal. A CerraPan é composta por cinco associações das cidades de Corumbá, Miranda e Nioaque que desenvolvem produtos como a geleia de laranjinha de pacu, farinha de bocaiuva e castanha de baru, que podem ser diretamente consumidos ou transformados em deliciosas receitas.
Nathália Ziolkowski, socióloga e pesquisadora na Ecoa, conta que antes de serem apresentados ao público amostras de frutos in natura de bocaiuva, baru e jaracatiá – e seus derivados – foram enviados a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), onde suas potencialidades funcionais foram analisadas pela pesquisadora Gilberti Hubscher. As informações foram divulgadas durante o evento, atraindo a atenção do público para o stand da Rede. “Foi surpreendente o resultado da bocaiuva. Ela tem um valor antioxidante e anti-inflamatório altíssimo e isso deu visibilidade aos produtos que levamos da CerraPan”. No segundo dia, parte das mercadorias levadas para comercialização já estavam esgotadas demonstrando a aceitação do público.
Além de atrair a atenção de nutricionistas, os produtos da CerraPan despertaram a curiosidade de chefes de cozinha, donos de restaurantes e comerciantes de produtos alimentícios do país todo que visitaram a tenda do Pantanal.
Seja pela ideia de uma alimentação mais saudável, pautada pelos valores nutricionais, livres de agrotóxicos, ou pela conservação da natureza e valorização do trabalho coletivo, esses frutos agregam conquistas muito especiais da CerraPan como a valorização de conhecimentos tradicionais associados, bem como o fortalecimento das mulheres que cada vez mais somam na renda familiar e ganham espaços representativos dentro de suas comunidades.
A atividade integra o Projeto Corredor Miranda-Bodoquena – Preenchendo lacunas socioambientais, apoiado pelo CEPF/IEB e ECCOS – Conectando Paisajes en el Bosque Seco Chiquitano, el Cerrado y el Pantanal de Bolívia y Brasil para la Sostenibilidad del Desarrollo Productivo, la Conservación de sus valores ambientales y la Adaptación al Cambio Climático, com apoio da União Europeia.
Por Luana Campos (Ecoa)
Luana é graduada em Jornalismo (UFMS) e mestre em Divulgação Científica e Cultural (Unicamp)