Texto originalmente publicado em: 25/08/09
As cinco hidrelétricas com potência de 6 mil MW previstas para serem construídas no Peru deverão custar em torno de US$ 15 bilhões, incluindo as linhas de transmissão, de acordo com o vice-ministro peruano, Daniel Camac Gutierrez. Segundo ele, cálculos dos técnicos que trabalham no projeto indicam que deverão ser gastos algo da ordem de US$ 2 mil/kW, o que daria cerca de US$ 12 bilhões para a construção das hidrelétricas, mais uns US$ 3 bilhões para as linhas de transmissão. Ele disse ainda que a interligação entre o Brasil e o Peru poderá acontecer antes das usinas ficarem prontas.
“O Peru, em parceria com o Ministério de Minas e Energia do Brasil, está estudando a possibilidade de se ter uma linha de transmissão entre os países. Essa linha vai permitir não somente levar a energia dessas hidrelétricas para o Brasil, como também os países se ajudarem em caso de emergência ou de sobras de energia”, contou Gutierrez em entrevista exclusiva à Agência CanalEnergia, durante o IV Seminário Internacional do Setor de Energia Elétrica, que acontece nesta segunda, 24, e terça-feira, 25 de agosto, no Rio de Janeiro. De acordo com ele, como o tempo para a construção da linha de transmissão é menor do que o das obras das usinas, é provável que os países fiquem interligados antes mesmo das hidrelétricas entrarem em operação.
“Esperamos que esses estudos estejam concluídos até o fim desse ano ou início de 2010, assim como os termos do tratado”, avaliou o vice-ministro. Para ele, após a assinatura do tratado e conclusão dos estudos, poderá ser iniciada a construção de linha de transmissão, que deverá demorar dois anos para ficar pronta. “Também estamos analisando quais serão os principais conteúdos do tratado. Esse tratado vai conter, entre outras coisas, a quantidade de energia que deverá ficar para o Brasil e quanta energia ficará com o Peru”, explicou.
A idéia, segundo ele, é que para o caso peruano, a energia seja suficiente para atender o crescimento da demanda do país. “O Peru, provavelmente, não vai precisar da mesma quantidade de energia o tempo todo. A gente vai precisar de menos quantidade no início da operação das hidrelétricas e de mais quantidade ao longo do tempo. E isso tudo tem que ser definido previamente no tratado”, disse Gutierrez. O ministro de Minas e Energia do Brasil, Edison Lobão, havia afirmado que o país deveria ficar com cerca de 80% da energia produzida nas hidrelétricas, enquanto o Peru ficaria com os 20% restantes.
A definição sobre a quantidade de energia que cabe a cada país é importante, de acordo com Gutierrez, porque as empresas que irão desenvolver o projeto precisam saber quanto poderão comercializar em cada mercado. “Esse tratado é diferente do Tratado de Itaipu, porque a usina não será construída pelos Estados. No caso Brasil-Peru, as usinas serao construídas por empresas privadas ou parcerias público-privadas, tanto brasileiras como peruanas, que precisam saber a parte da energia que lhes cabe”, afirmou.
O vice-ministro contou ainda que o Brasil e o Peru começaram desde 2006 a analisar a possibilidade de intercâmbio de energia. Como parte disso, foram indentificados alguns projetos hidrelétricos na região oriental do Peru. “Só que esses projetos eram grandes demais para o mercado de energia peruano e, por isso, resolveu-se construir as usinas em parceria com o Brasil”, comentou. Segundo ele, a integração é positiva do ponto de vista econômico como também por trazer confiabilidade ao sistema. “Para o Peru, essa integração é importante porque estará conectado a um país que tem dez vezes o tamanho do seu mercado de energia elétrica. Então, nós teremos uma proteção em caso de emergência”, avaliou.