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Líderes do Xingu conversam com Lula sobre hidrelétrica de Belo Monte

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Texto originalmente publicado em: 22/07/09

Lideranças de movimentos sociais do Xingu foram até Brasília (DF), nesta quarta-feira (22), para uma reunião com o presidente Luís Inácio Lula da Silva. A conversa foi marcada para discutirem sobre a construção da hidrelétrica de Belo Monte, projetada no curso do rio Xingu, no estado do Pará. Os representantes reivindicam que seja feita uma avaliação adequada dos impactos socioambientais do projeto, que faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Além dos representantes de comunidades ameaçadas pela obra participaram do encontro o bispo da Prelazia do Xingu e presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Dom Erwin Kräutler; o professor do Instituto de Energia e Eletrotécnica da Universidade de São Paulo (USP), Célio Bermann; e os procuradores da República e do Ministério Público Federal do Pará Felício Pontes e Rodrigo Costa e Silva, além de representantes da Eletrobrás e da Eletronorte.

Segundo Bermann, a hidrelétrica de Belo Monte, cujo custo deve ultrapassar 20 bilhões de reais, deve gerar uma média de apenas 4 mil KW de potência no ano e não cerca de 11 mil KW, como afirmam os interessados no empreendimento. Além disso, durante três meses por ano (no período da vazante), a energia gerada pode não chegar a 2 mil Kw. Os representantes da Eletrobrás e da Eletronorte presentes não contestaram a informação. De acordo com o professor, o presidente ficou impressionado com esses dados e pediu estudos mais aprofundados sobre o empreendimento.

“Acho que o presidente ficou sensibilizado com os dados técnicos apresentados e com os relatos sobre os impactos da obra para as comunidades ribeirinhas e indígenas”, avaliou Dom Erwin. Para o bispo, a reunião foi positiva. “Pela primeira vez nós conseguimos colocar nossa angústia e indignação para o presidente. Também ficou claro para os responsáveis pela área de energia que nós nos preparamos muito bem, que entendemos do assunto”, completou.

Já o procurador da República Rodrigo Timóteo afirmou que nenhuma medida foi adotada, apenas a futura avaliação dos argumentos e do projeto.

“Nós vamos apresentar a argumentação para ele [presidente Lula], e a Eletrobrás vai mostrar o projeto de forma mais específica. Ele abriu um diálogo com a instituição e esperamos que isso possa render frutos e mostrar exatamente como o empreendimento é cruel com a população. Infelizmente saímos de lá sem uma data ou posicionamento mais concreto, mas foi uma abertura.”

Os movimentos sociais da região do Xingu pedem que o modelo de desenvolvimento não se baseie em barragens dos rios. Eles pedem também que o presidente se comprometa em realizar uma consulta livre com os povos indígenas que serão atingidos pela construção da hidrelétrica de Belo Monte.

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