- Nos últimos 5 anos, o nível do rio Paraguai a partir de Ladário e Corumbá (MS) não permitiu o transporte de minério de ferro durante um acumulado de 31 meses;
- O Pantanal mais preservado está em risco com os planos de dragagem e retilinização.
Segundo o jornal Correio do Estado, publicado em Campo Grande (MS), a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) colocou em andamento processo de concessão da Hidrovia Paraguai-Paraná até 2025. A iniciativa soma-se a outras concessões de outras hidrovias, como a do Rio Madeira, que liga Porto Velho (RO) a Itacoatiara (AM); a da lagoa Mirim (RS) – que fará a conexão entre o Brasil e o Uruguai – e da hidrovia Barra Norte (AP), na foz do rio Amazonas junto ao oceano Atlântico.
Cada hidrovia terá uma modelagem para privatização quanto à cobrança de tarifa. No caso do Pantanal, certamente o Governo Federal arcaria com parte da tarifa. Outro fator a se considerar é que no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) estão previstos investimentos em intervenções no leito do rio Paraguai – intervenções destrutivas para o Pantanal, principalmente em suas áreas mais preservadas, como já extensivamente demonstrado pela Ecoa e outras organizações.
Em 31 meses dos últimos 5 anos, o nível do rio Paraguai a partir de Ladário e Corumbá (MS), região do Pantanal onde é extraído o minério de ferro a ser transportado pela hidrovia, não permitiu a mobilização das barcaças. Aqui surge uma questão: a ocorrência de períodos secos prolongados como o atual levará o governo a promover dragagens permanentemente, com altíssimos custos?
Vários outros aspectos devem ser analisados quanto à viabilidade da Hidrovia Paraguai-Paraná, dentre eles a própria viabilidade econômica, se confrontado com outros meios de transporte como a ferrovia Ferronorte, que atravessa a bacia do Pantanal na sua parte alta. Estariam outros interesses empurrando o empreendimento?
Outra questão são as incertezas trazidas pelas mudanças climáticas e eventos extremos, como a atual seca. Empreendimentos como a Hidrovia Paraguai-Paraná são de alto risco e, certamente, ao fim, os custos de sua manutenção com cada vez mais dragagens cairiam nas contas públicas.