Por Josélia Pegorim
O site Earth Observatory, da NASA, divulgou uma imagem incomum da região do Pantanal em Mato Grosso do Sul: uma densa pluma de fumaça vindo de focos de incêndios. A imagem foi capturada no dia 8 de março de 2020, como sensor MODIS (Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer) do satélite Terra operado pela NASA.
Se estivéssemos em julho ou agosto, esta imagem não chamaria a atenção, pois estes são meses secos e tipicamente de ocorrência de muitos focos de fogo e queimadas pelo Pantanal.
O problema é que ela foi feita no começo de março, o último mês do verão, época em que o Pantanal deveria estar alagado e a vegetação bastante úmida por causa da chuva frequente desta estação.
Porém, a chuva do verão 2020 não foi satisfatória em muitas áreas de Mato Grosso do Sul.
Segundo o Earth Observatory, a pluma de fumaça estava saindo de um foco de fogo que queimava à leste do Parque Nacional do Pantanal Matogrossense, muito próximo ao local de outro incêndio considerável no final de janeiro de 2020.
Este foco de fogo não deveria ocorrer, pois janeiro, fevereiro e março são meses da estação chuvosa na região do Pantanal. No fim do verão, a região deveria ter grandes áreas alagadas e, por isso, os incêndios eventuais provocados de forma natural por raios ou de maneira intencional por fazendeiros, em geral, não se expandem muito. Este incêndio reflete a falta de chuva do verão de 2020.
Na região de Corumbá, pelas medições automáticas do INMET – Instituto Nacional de Meteorologia – choveu aproximadamente 300 mm do início de dezembro de 2019 até 10 de março de 2020. Se somarmos apenas as médias climatológicas de chuva de dezembro, janeiro e fevereiro teremos um total de 443 mm. Apenas com estes três meses já se nota uma deficiência de cerca de 140 mm. É como se não tivesse chovido em um destes meses . A média para março na região de Corumbá é de 126 mm, mas ainda não há registros de chuva este mês
A imagem abaixo foi capturada em 4 de março de 2020 pelo satélite Landsat 8/ OLI (Operational Land Imager) e mostra o incêndio de forma mais detalhada.
Segundo a análise da NASA, a maioria dos incêndios foi concentrada no município de Corumbá, no Mato Grosso do Sul, e no município de Poconé, no Mato Grosso, de acordo com um artigo publicado pela Mongabay. Essa atividade de incêndio fora de estação no Pantanal ocorre depois de uma intensa temporada de incêndios em 2019.
Em 2019, de acordo com a matéria do Earth Observatory, o número de pontos quentes detectados na região pelo satélite Aqua/ MODIS, entre 1 de janeiro e 9 de março representou apenas 5% do total detectado naquele ano, explicou Alberto Setzer, cientista sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). “Como a maioria dos incêndios no Pantanal ocorre entre julho e dezembro, não vemos nenhuma razão específica para alarme neste momento neste ano”, disse ele.