Via Direto da Ciência
Por Maurício Tuffani
Pesquisadores, ambientalistas e demais interessados na situação dos biomas brasileiros, especialmente no que se refere à cobertura e uso do terra, agora podem contar com o aperfeiçoamento de uma ferramenta que já deu o que falar em 2017. Está disponível desde terça-feira, 9, a atualização da coleção de mapas anuais do Projeto de Mapeamento Anual da Cobertura e Uso do Solo do Brasil (MapBiomas) para o período 2000-2016.
Lançada em abril do ano passado, o MapBiomas 2.0 permitiu pela primeira vez acompanhar simultaneamente a evolução da ocupação do território em todos os biomas brasileiros. Até então, isso só era possível anualmente para a Amazônia e a Mata Atlântica e, de dois em dois anos, para o Pantanal. O mapeamento permite também mensurar a regeneração de áreas de florestas, possibilitando monitorar o cumprimento das metas nacionais no acordo do clima de Paris.
Os dados revelaram a perda de 20% da área de manguezais de 2001 a 2015, e que, no mesmo período, viraram área de pastagem cerca de 13% do Pantanal, o bioma brasileiro mais preservado. O MapBiomas mostrou também que o Cerrado teve perdas proporcionalmente três vezes maiores do que a Amazônia e que cerca de 2,5 milhões de hectares foram recuperados na Mata Atlântica.
O MapBiomas funciona por meio de uma rede colaborativa formada por especialistas nos biomas, usos da terra, sensoriamento remoto, sistemas de informação geográfica e ciência da computação. Integrado por processamento em nuvem por meio de parceria com o Google Earth Engine, o trabalho é orientado para gerar uma plataforma aberta, multiplicável e com possibilidade de aplicação em outros países e contextos, desenhada para incorporar e acolher as contribuições da comunidade científica e demais interessados em colaborar.
Inovações
A atualização MapBiomas 2.3 tem novas funcionalidades, inspiradas em demandas, críticas e sugestões das reuniões do Comitê Científico do MapBiomas, dos workshops temáticos promovidos pelo projeto e, principalmente, das contribuições de dezenas de usuários da plataforma que têm utilizado os dados para diversas aplicações. A nova versão também permite elaborar mapas para áreas específicas e com categorias de dados estabelecidos conforme o interesse de cada usuário.
Além da simplificação das legendas dos mapas, também foram adequados os termos para classes de vegetação nativa para melhor compreensão e entendimento. As mudanças visam tornar mais prática e direta a compreensão dos mapas.
A equipe do MapBiomas trabalha agora na preparação da Coleção 3, que está prevista para ser lançada ainda em 2018 com mapas anuais de cobertura e uso do solo cobrindo o período de 1985 a 2017.
O MapBiomas é uma iniciativa do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima. Além do suporte da plataforma Google Earth Engine, o MapBiomas tem apoio do Programa Internacional de Florestas e Clima da Noruega, da Fundação Moore, da Good Energies Foundation, da Aliança pelo Clima e Uso da Terra (CLUA) e do Instituto Arapyaú.