O presente trabalho tem como objeto de pesquisa os eventos naturais extremos que chamaram a atenção para o Pantanal nos últimos seis anos, tanto por suas dimensões quanto por seus impactos sobre a economia, o ambiente e as populações mais vulneráveis.
Foram estiagens prolongadas, secas pontuais e principalmente cheias entre as maiores já registradas ao longo dorio Paraguai. O estudo que teve caráter qualitativo, exploratório e descritivo, foi dividido em dois grandes momentos.
O primeiro focado no mapeamento dos eventos naturais extremos ocorridos na área de estudo, o sub-Pantanal do Paraguai, e no diagnóstico socioeconômico das comunidades tradicionais previamente identificadas. Já o segundo foi pautado no processo de construção de propostas de mitigação, prevenção e adaptação aos impactos decorrentes das calamidades identificadas.
Todo o processo envolveu oito localidades, representantes de comunidades tradicionais localizadas na região, sendo Barra do São Lourenço, Porto Amolar, São Francisco, Paraguai Mirim, Codrasa, Cervejaria, Maria Coelho e Porto da Manga.
As análises dos dados demonstram claramente o grau de vulnerabilidade social, econômico e ambiental que as comunidades pantaneiras se encontram quando se trata de alterações ambientais e especialmente de eventos naturais extremos.
De modo geral, as grandes cheias são as principais calamidades que afetam o modo de vida dos pantaneiros. A cheia de 2011 foi uma das piores dos últimos 20 anos, considerada extrema não só pelo nível da enchente, mas principalmente devido à rapidez de suas águas.
Por outro lado os dados demonstram que a seca em decorrência de longos períodos de estiagem, apesar de não ser considerada uma emergência, desencadeia inúmeras alterações ambientais que impactam a região, como queimadas, desbarrancamento das margens e ainda alterações do estoque pesqueiro. Outro dado que merece destaque é aumento da sensação de calor na região derivado do aumento da temperatura.
Para mitigação, adaptação e prevenção dos impactos que vêm assolando as comunidades pantaneiras, são apresentadas recomendações de ações e ferramentas que podem aumentar a resiliência das comunidades. Os pontos principais são:
(1) a implantação de um sistema de monitoramento e alerta de eventos naturais extremos, com foco voltado para a população pantaneira, com linguagem acessível e informações que possam prevenir o evento;
(2) a garantia de acesso aos direitos básicos–melhoriado sistema educacional das “escolas das águas”; planejamento diferenciado dos atendimentos em saúde, fortalecimento organizacional, impulsionando o desenvolvimento das associações locais e de organizações no território;
(3) os incentivos para a construção de moradias adaptadas aos ciclos hidrológicos do Pantanal, respeitando o ambiente e as comunidades ribeirinha.