Por Clima Info
9/11 NÃO É UM REPETECO DE 11/9
Os corredores da COP22 estão assustados. Afinal, Trump disse ao longo de sua campanha que a mudança climática é uma falácia, invenção da China, que é contra o Acordo de Paris, que vai incentivar combustíveis fósseis e até disse duvidar da ciência.
Mas a palavra de ordem nestes corredores é acalmar as águas agitadas pelo resultado das eleições. Diplomatas dizem que Trump não pode impedir a implantação do Acordo de Paris; Segolene Royal, por exemplo, disse que “103 países, representando 70% das emissões globais já ratificaram e ele não pode desfazer o Acordo de Paris”. Gente dos negócios segue a mesma linha. A coalizão de vários milhares de companhias e investidores We Mean Business disse que “ele quer fazer a América grande outra vez… e a ação climática provê as bases para novos postos de trabalho e melhora a competitividade das indústrias do amanhã. A energia eólica e solar já emprega mais de 2,5 milhÕes de trabalhadores nos EUA”.
André Ferreti, do Observatório do Clima, disse à Época que “o mundo vai continuar. Trump não poderá negar os benefícios da economia limpa. E aqui os outros países devem manter seus compromissos”.
E Mariana Panuncio, do WWF, parafraseou Martin Luther King no Climate Home: King disse que o arco da história pende para a justiça; Mariana disse que “o arco das mudanças climáticas pende para as soluções”.
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http://epoca.globo.com/
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PARA NOSSOS NEGOCIADORES EXPLICAREM
O Brasil fez bonito no ano passado em Paris, assumindo compromissos desafiadores e erguendo a barra para o resto do mundo acompanhar. Espera-se da COP22, que começou nesta semana, que os países definam os meios para alcançar metas ainda mais desafiadoras, mas necessárias para limitar o estrago do aquecimento global.
Ontem, a Petrobrás mostrou que pensa não ter nada a ver com o problema e abaixou novamente o preço do diesel e da gasolina.
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FIOCRUZ MAPEIA A MUDANÇA DO CLIMA NO MARANHÃO
Foram apresentados ontem os resultados de uma pesquisa da FIOCRUZ, RJ vem fazendo no Maranhão para estimar o impacto das mudanças climáticas no estado. Até 2070, o oeste do estado, fronteira com o Pará poderá ter temperaturas 5°C mais altas e, pior, um terço a menos de chuva. Em alguns municípios, isto pode acontecer até antes, em 25 anos.
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O PIOR DA SECA É NÃO TER PLANOS PARA GESTÃO DA ÁGUA
A seca no Nordeste já dura 5 anos. Campina Grande, na Paraíba, e Caruaru, em PE, que juntas tem mais de 650 mil habitantes, já declararam calamidade publica e têm problemas sérios de abastecimento de água. As maiores represas da região estão com menos de 10% da capacidade. O pesquisador João Suassuna, da Fundação Joaquim Nabuco, disse numa entrevista que a situação foi agravada pela má gestão da água devido à superutilização na irrigação e no próprio abastecimento de água.
A água levada por caminhões pipa Nordeste afora é, provavelmente, imprópria para consumo. Assim ele espera um impacto grande na saúde da população com o aumento de casos de “hepatites, esquistossomoses, schistosomose [barriga d’água], isto é, doenças veiculadas pela água”.
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ENGIE ABANDONA O CARVÃO, MAS NÃO AS GRANDES HIDRELÉTRICAS
O presidente da Engie no Brasil, multinacional de energia francesa, que construiu e opera a Usina de Jirau, dentre outras, declarou que a empresa não vai mais investir em usinas a carvão porque enxerga nas grandes hidrelétricas a “bateria” do país. A mensagem é que para suprir a falta de vento e sol nas novas usinas renováveis, nada melhor que grandes usinas, grandes obras e grandes reservatórios.
http://www.valor.com.br/
ÁLCOOL CHINÊS
A Cofco Agro, controlada por capital chinês, já é dona de 4 usinas de açúcar e álcool e processa 15 milhões de toneladas de cana por safra. O plano é investir quase US$ 40 bilhões para ampliar o processamento para 17 milhões.
http://www.valor.com.br/
TÉCNICOS DA EMBRAPA BATEM CABEÇA: ALGUNS CRITICAM ESTIMATIVAS DE EMISSÃO FEITAS COM METODOLOGIA PROPOSTA POR OUTROS
A Globo Rural entrevista alguns pesquisadores da Embrapa e diz que a empresa “contestou os dados divulgados na semana passada pelo Observatório do Clima, que atribuem à pecuária de corte 65% das emissões de gases de efeito estufa. Interessante a desinformação da revista. Não percebeu que a metodologia usada nas estimativas foi proposta pela própria Embrapa e que é utilizada nas comunicações nacionais oficiais. A Globo Rural fez mau jornalismo.
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CIDADES SÃO CAUSA E CONSEQUÊNCIA DA MUDANÇA DO CLIMA
Relatório do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas lançado ontem destaca o papel das cidades na emissão de gases de efeito estufa e os impactos à saúde, à segurança hídrica e energética sofridos por estas. Sem contar a destruição de edificações e muitas vezes causad.
“A mudança do clima intensifica e amplia problemas que muitas vezes já são conhecidos numa cidade, como a ocorrência de fortes chuvas com pontos de alagamento, inundações e deslizamentos, a expansão de doenças, com a presença de mosquitos vetores, como é o caso da dengue, zika e chikungunya, entre outras. Somado a esses problemas, surgem novos desafios como o desabastecimento de água causado por secas prolongadas, as ondas de calor mais frequentes e o aumento do nível do mar”.
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EVENTOS EXTREMOS ESTÃO CADA MAIS RELACIONADOS COM MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Relatório lançado ontem pela Organização Meteorológica Mundial diz que mais da metade dos 79 eventos extremos que ocorreram de 2011 a 2015 foi relacionada em algum grau às mudanças climáticas; no Brasil, o relatório aponta a seca da Amazônia entre 2015 e 2015 como um exemplo; já para a seca em São Paulo o estudo apontou que não há evidências claras, mas ela foi piorada pelo aumento da vulnerabilidade na região
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OUTRA MÁ NOTICIA DOS EUA – O ESTADO DE WASHINGTON NÃO APROVA O IMPOSTO SOBRE EMISSÕES
Ontem os eleitores do estado de Washington votaram contra uma iniciativa que previa a introdução de um imposto sobre as emissões de gases de efeito estufa. A proposta era introduzir um imposto que atingiria principalmente o transporte particular e de carga. Em tempo, Hillary ganhou com folga no estado.
https://ballotpedia.org/
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JAPÃO É O 103O PAÍS A RATIFICAR O ACORDO DE PARIS
O primeiro ministro Shinzo Abe disse que seu país ” pretende desempenhar um papel de liderança na elaboração de arranjos que aumentam a transparência nos cortes de emissões de cada país para ajudar a realizar o espírito do Acordo”. Entretanto o Japão tem sido criticado por seus planos de construção de novas termelétricas a carvão em casa e por empurrar a tecnologia suja também no exterior.
http://in.reuters.com/
O AR IRRESPIRÁVEL DE DELHI
Vem piorando a qualidade do ar em Delhi. Na descrição do New York Times, “abra uma porta ou janela e a névoa entra em segundos, lá fora o céu é branco e o Sol um círculo tão pálido que mal se vê”. A poluição é tão densa que é considerada responsável pela colisão de 70 veículos. A OMS define o limite de concentração de particulados, PM 2.5, em 25 microgramas por m3 de ar. Domingo chegou a 1.000 em alguns lugares. Na segunda-feira, o ministro-chefe de Delhi suspendeu por 5 dias todas as construções, fechou por 3 dias 1.800 escolas publicas e por 10 dias uma termelétrica a carvão. Mas as causas serão mais difíceis de atacar pela diversidade de fontes – carvão, construção civil, queima de lixo, veículos (incluindo velhos carros a diesel), queimadas no campo e até a queima de fogos em feriados.
http://www.nytimes.com/
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O ISIS COMEÇOU A QUEIMAR POÇOS DE PETRÓLEO
Todos lembram as cenas no Kuwait quando Sadam retirou suas tropas e pôs fogo nos poços de petróleo. Agora são os poços no próprio Iraque, nas áreas ainda controladas pelo Estado Islâmico. Então, como agora, dá-se um passo grande para romper o limite de 1,5 °C.
http://g1.globo.com/mundo/
MAIS UM TERREMOTO ATINGE REGIÃO DO FRACKING EM OKAHOMA
Um terremoto de magnitude 5 atingiu anteontem a região de Cushing, Oklahoma, centro importante de distribuição de petróleo. O terremoto forçou a parada temporária dos oleodutos, mas não foram registrados feridos. Os terremotos estão aumentando na região e a disposição de efluentes em poços profundos tem sido culpada por isto. A região, que nunca teve atividade sísmica importante, começou a ter um numero significativo de terremotos justamente em 2009, ano no qual companhias de petróleo começaram a usar a tecnologia do fracking para extrair petróleo e gás. A tecnologia produz grande quantidade de efluentes que são injetados em poços de grande profundidade.
http://oilprice.com/
TAXAR CARNE E LATICÍNIOS PODE AJUDAR O CLIMA GLOBAL
Diferentemente do cenário brasileiro, nas discussões internacionais sobre clima muito se fala sobre as emissões associadas à indústria, à energia, ao transporte etc. Mas pouco se fala sobre as emissões da agricultura e pecuária – isso a despeito dessas atividades representarem juntas quase 1/4 das emissões globais.
As projeções sobre o consumo global de carne bovina e laticínios para as próximas décadas indicam um aprofundamento do impacto desses setores sobre o clima terrestre, o que poderá dificultar a implementação de qualquer meta de redução de emissões nas próximas décadas.
Para avançar na redução das emissões globais nas próximas décadas, é fundamental que as políticas públicas de mitigação enfoquem os setores relacionados à alimentação humana. Um caminho para isso pode ser uma velha conhecida do contribuinte brasileiro: a taxação.
http://pagina22.com.br/
http://www.nature.com/
REALISMO NO COMBATE ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Artigo de Lili Fuhr, da Fundação Heinrich Böll (ligada ao partido verde alemão), critica as mirabolantes propostas da geoengenharia para redução do aquecimento global e propõe um pacote de medidas imediatas que seriam politicamente “mais espinhosas do que a geoengenharia, mas funcionariam”, entre elas: moratória de novas minas de carvão com realocação do investimento para fontes renováveis de energia; taxação dos combustíveis da aviação, “que atende só 7% da população mundial”; mudanças no uso da terra e transformação do sistema agrícola; e economia circular.
http://www.valor.com.br/