Por Poder Popular
Campo Grande sedia até sexta-feira (12) o Seminário de Mudanças Climáticas e Justiça Social na sede da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), localizada na Rua Abílio Barbosa, Jardim São Francisco. Durante o evento, que começou ontem (9) a noite com credenciamento e jantar dos participantes, representantes dos quatro estados brasileiros da região Centro-Oeste destacaram os principais problemas de cada região causados pelo aquecimento global e desequilíbrio da natureza.
O coordenador do Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Social, Ivo Polletto, falou sobre a conjuntura global e o drama das mudanças climáticas no país. Também fez uma análise da COP 21 (Conferência do Clima) realizada em Paris em dezembro do ano passado, onde 195 países se comprometeram a elaborar propostas para acabar com o aquecimento global e evitar tragédias naturais.
“Cada país se comprometeu a realizar ações para que a Terra volte a ter equilíbrio. Mas, mesmo com a soma do que cada um irá fazer, o aquecimento global não deixará de existir. No Brasil, por exemplo, as autoridades decidiram acabar com o desmatamento ilegal na Amazônia até 2030, mas a pergunta que fica é: Porque não acabar com isso agora? Além do desmatamento ilegal, existe o desmatamento legal, que também destrói aquela área. As militâncias precisam fazer pressão para que o Governo faça mais e melhor pela segurança do meio ambiente, usando o serviço de inteligência do país”, explicou Ivo.
Para ele, a mudança na maneira de obter energia já amenizaria o problema. “Os usos das hidrelétricas para produzir energia elétrica estão secando os rios por todo o país. Porque não pensar na utilização da energia solar e eólica como era feito antigamente. O consumismo também esgotou recursos naturais para produção de objetos, por exemplo, nunca se houve tantos veículos no Brasil como agora, que emitem muitos gases, então é preciso pensar numa forma de energia que movimente esses carros sem o uso de combustíveis. A agricultura e pecuária também tem que ser feitas em colaboração com a natureza, por exemplo, fazer reflorestamentos”, finalizou.
O representante Paulo Henrique de Morais, da Cáritas Arquidiocesana de Brasília, entidade de promoção e atuação social que trabalha na defesa dos direitos humanos, disse que o modelo de cidade construído por lá e especulações imobiliárias causaram um desequilíbrio ambiental sem precedentes. “Brasília é o lugar no país onde se existem mais piscinas, que por sua vez consomem muita água”, mencionou.
Para ele, o desequilíbrio social na cidade também colabora para os problemas ambientais. “Por ser o Distrito Federal onde está localizado o Congresso Nacional existem muitos políticos e empresários morando por lá, em compensação também existe a classe pobre. Então, em um lugar existe saneamento básico adequado, por exemplo, e em outra esse sistema é precário. Esse contraste social culmina na série de fatores que levam ao desequilíbrio ambiental. É preciso fazer investimentos em diversas áreas para evitar isso”, completou.
As mudanças climáticas também prejudicaram a vida de quem mora no campo, como: produtores rurais e grupos indígenas. É o que explica o representante do Conselho da Aty Guasu dos povos guarani kaiowá e morador da aldeia Panambizinho, em Dourados-MS, Anastácio Peralta.
“Estão se extinguindo os animais de caça, frutas, remédios naturais, madeira e sapé para fazer nossas casas, ou seja, todos os produtos para nossa subsistência. Os caciques mais velhos falam que a natureza é como o corpo humano e está doente, o homem branco a destruiu e continua destruindo. Nossa luta é para recuperar a natureza e fazer com que as pessoas entendam melhor como é que ela trabalha, para não destruí-la”, finalizou.
Hoje (10) pela manhã ocorreu a palestra de Ivo Polletto e da presidente do CNLB (Conselho Nacional do Laicato do Brasil), Marilza José Lopes Schuina e trabalhos de grupo. Durante a tarde ocorre a palestra com o coordenador do curso de Especialização em Drenagem Urbana da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) intitulada “Aspectos científicos das mudanças climáticas e sua crítica”. A noite haverá apresentação do Teatro Maracangalha.
Nesta quinta-feira (11) no período da manhã haverá palestra com a promotora do MPE (Ministério Público Estadual) Jaceguara Dantas da Silva Passos com o tema “Populações excluídas pelo sistema”. A tarde, às 14h, haverá apresentação de painéis sobre Mudanças Climáticas no Centro-Oeste, no Prédio Multiuso da UFMS, Faculdade de Engenharia, Arquitetura e Urbanismo e Geografia – o mediador é o professor Ariel Ortiz Gomes. A noite têm apresentações culturais.
Já Na sexta-feira (12), último dia do evento, no CNBB, haverá breve memória da metodologia e processo: encaminhados e compromissos retirados no seminário