– Térmicas a gás fóssil puxam alta da inflação no IPCA-15 (Climainfo)
Pouca água nas represas de hidrelétricas da bacia amazônica e, principalmente, da bacia do rio Paraná, sem perspectivas de chuvas consistentes, foi o motivo alegado pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) para autorizar o acionamento das termelétricas a gás fóssil. Seria uma medida “preventiva”. Tal medida impactou a economia, pois a geração elétrica por térmicas é mais cara, o que elevou a inflação. O Climainfo, em trabalho com várias fontes, um feito do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS): reduzir o despacho de energia eólica e solar produzida no Nordeste desde agosto de 2023. Caso não o fizesse as represas teriam, certamente, mais agua acumulada, talvez sem necessidade de acionamento da térmicas a gás ou sem a quantidade atual.
Mais um registro: já no primeiro semestre de 2024 estava a vista a possibilidade de uma crise hídrica na bacia do rio Paraná, onde se tem mais de 60% da geração hidrelétrica a partir de reservatórios. Nas previsões climáticas disponíveis era possível identificar a possibilidade de semelhanças com períodos anteriores de crise hídrica, sendo um dos elementos as medidas das temperaturas das águas do Pacífico equatorial (El Niño, Neutral e La Niña), fenômeno que o National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) dos Estados Unidos considera o mais impactante para o clima global. (Alcides Faria)
Conclusão: as políticas para a área de energia elétrica devem mudar de ponta a ponta. Não podem seguir nos modelos atuais.
Climainfo:
• Térmicas a gás fóssil puxam alta da inflação no IPCA-15
Com bandeira tarifária vermelha pelo acionamento das térmicas, preço da eletricidade sobe 5,29% na 1ª quinzena de outubro e responde por 40% da alta.
Como já se sabia, o aumento da geração de eletricidade por termelétricas a gás fóssil, resultado de um planejamento duvidoso da operação do sistema elétrico brasileiro, está doendo no bolso do consumidor, além de gerar mais gases de efeito estufa. É o que mostra o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15), divulgado na 5ª feira (24/10) pelo IBGE, que ficou em 0,54%. A alta surpreendeu o mercado e foi causada principalmente pela energia elétrica.
Com a vigência da bandeira tarifária vermelha, determinada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) para cobrir o custo com as usinas a gás fóssil, o preço da eletricidade subiu 5,29% em outubro e respondeu por quase 40% da alta do IPCA-15 no mês, explica o Valor. O item exerceu a maior influência no índice, com impacto de 0,21 ponto percentual.
O resultado do mês representa uma forte aceleração, de 0,41 ponto percentual, em relação a setembro, quando o IPCA-15 teve alta de 0,13%. Já em outubro de 2023, a taxa foi de 0,21%, lembra o g1. Em 12 meses, o IPCA-15 acumula uma alta de 4,47%, ante 4,12% observados até setembro. No ano, acumula um avanço de 3,71%.
A prévia da inflação veio acima das expectativas do mercado financeiro. Mesmo considerando o impacto da eletricidade com a bandeira vermelha, analistas previam uma alta de 0,50% para este mês e um acumulado de 4,43% em 12 meses.
O acionamento das termelétricas a gás fóssil foi autorizado pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) como uma medida preventiva, devido à baixa dos reservatórios das hidrelétricas, afetados pela seca severa que atingiu boa parte do país. Além disso, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) reduziu o despacho de energia eólica e solar produzida no Nordeste desde agosto de 2023, após um apagão, supostamente por segurança do abastecimento elétrico.
As duas medidas foram criticadas por especialistas. Em resumo: deixamos de consumir uma energia renovável e mais barata para pagar mais por uma eletricidade suja.
O Globo, Terra, InfoMoney, GZH, Agência Brasil, Estadão, Metrópoles, Money Times, Veja, Exame e Poder 360 também repercutiram o IPCA-15 de outubro.