Alcides Faria
As engenheiras Flavia Waydzik e Renata Correia, membros da equipe do Instituto de Tecnologias de Transporte da Universidade Federal do Paraná (ITTI), participaram recentemente de evento da própria Universidade e, segundo o site do Instituto, relataram os principais pontos e resultados de um estudo realizado nos últimos anos sobre a Hidrovia Paraná Paraguai – o Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA).
Flavia destacou que o EVTEA permitiu “comprovar que a Hidrovia é viável do ponto de vista técnico (implantação de portos e dragagem para a passagem das embarcações) e socioeconômico, pois está inserida em uma região carente de outros modais de transporte e é economicamente mais vantajosa”.
Bem, a afirmação peremptória sobre a viabilidade da Hidrovia no Pantanal nos termos em que as engenheiras e outros membros do ITTI propagam – sim, eles o têm feito por aí, inclusive no exterior! – mais parecem palavras bíblicas do tipo “creiam, pois temos a verdade, a luz e o caminho – fizemos um estudo!”, tem os elementos comuns, atravessado por conclusões ‘técnicas’, das formulações voltadas a criar narrativas que justifiquem grandes obras com aplicação de dinheiro público.
Estranhamente o Estudo, com todos os seus componentes e conclusões, ainda não pode ser encontrado na internet, onde deveria ser publicado em primeiro mão para análise do público e de cientistas que pesquisam e, de fato, conhecem a grande bacia do Pantanal e suas dinâmicas econômicas, sociais e ambientais.
Qual foi o real alcance dos estudos realizados? Consideraram toda a bacia hidrográfica onde o Pantanal está inserido? Que cenários trabalharam? Analisaram as ferrovias existentes na região e o seu papel no transporte das cargas que também a HPP buscaria? Estas são apenas algumas poucas perguntas dentre as dezenas necessárias para se saber se tem alguma validade as afirmações do ITTI.
Mas, por falar em engenheiros leiam o que alguns deles tiveram que aprender sobre o Pantanal há algumas dezenas de anos atrás:
– O tempo passa, o tempo voa mas alguns engenheiros não aprendem o que é o Pantanal.