Texto originalmente publicado em 1 de junho de 2017
– São moradias montadas com paredes de placas de material reciclado e sistemas que protegem principalmente as crianças.
– O projeto demandou pesquisas cuidadosas, particularmente com relação aos materiais e também a condições de montagem e desmontagem. Os sistemas são apropriados para áreas inundáveis.
– Quatro foram montadas na região da Serra do Amolar, na comunidade conhecida como Barra do São Lourenço, localizada a montante de Corumbá, MS, a sede do município, sendo somente alcançada de barco (freteiras), em uma viagem de 30 horas.
1. As pesquisas e o desenvolvimento do projeto tomaram mais de 2 anos. Esteve à frente do trabalho uma equipe de jovens arquitetos sob a coordenação de Juliano Thomé e Bruno Pasello, à época recém chegados de sua graduação na França. A coordenação geral foi do diretor presidente da Ecoa, André Siqueira.
2. Um projeto piloto foi desenvolvido para a Associação de Mulheres do Porto da Manga, localidade também às margens do rio Paraguai, mas a jusante de Corumbá. A execução desse projeto piloto levou a modificações importantes na concepção as quais foram aplicadas na Barra do São Lourenço.
3. A estrutura conta com sistema para captação de água de chuva, essencial para os períodos em que o rio Paraguai ‘apodrece’ – no fenômeno conhecido como decoada -, quando se torna impossível o seu uso. Tem também banheiros e sistemas individuais de tratamento de esgoto.
4. O tempo gasto para montagem completa de cada unidade é de 8 dias. As placas modulares e a fixação com parafusos permitem o trabalho no ambiente, sendo o processo facilmente apreendido e executado pelos moradores.
5. A casa, construída em sistema de palafitas para proteção frente a ataques de animais e cheias como a deste ano (2017), pode ser desmontada e transferida de local sem danos aos materiais. Essa característica é fundamental devido às alterações ambientais que levam os ribeirinhos a mudarem o local de moradia.
6. As paredes, piso e telhado são de material reciclado e à prova de fogo, água e cupins. Sendo reflexivo, ele protege contra as altas temperaturas comuns na região, trazendo conforto térmico.
7. Nas janelas, portas e em todas as aberturas telas de nylon protegem contra a ‘mosquitaria’, comum em boa parte do ano. O ganho maior é das crianças com a diminuição de problemas de pele e pulmonares, estes devido ao uso da fumaça intensa para espantar os mosquitos.
8. O projeto e a execução têm por base demandas da Associação de Moradores da Barra do São Lourenço. A proposta surgiu a partir do projeto Mapeamento de eventos climáticos extremos no Pantanal, análise de seus efeitos sobre populações vulneráveis, capacitação local e elaboração de propostas mitigatórias, que identificou os danos causados pela excepcional e repentina cheia em 2011, ano em que muitas famílias perderam parte de seus bens.
9. O projeto contou com o apoio de várias instituições, tanto para sua elaboração quanto para execução, dentre elas o Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério Público Federal (MPF), Receita Federal, Secretaria do Patrimônio da União, ligada ao Ministério do Planejamento, o Departamento de Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Câmpus Pantanal (UFMS/CPAN) e a Marinha do Brasil.
10. Para a viabilização das moradias, outras medidas foram necessárias, dentre elas:
– A emissão de Termo de Autorização de Uso Sustentável (TAUS) para as famílias da comunidade.
– Reconhecimento e identificação territorial através de trabalho da UFMS e ECOA.
Muito bom. Excelente trabalho com bases em pesquisas, participação dos envolvidos, envolvidos.. Uma sugestão, para completar a Igualdade de Oportunidades e Quebrando Barreiras seria a colocação de Corrimãos (01 de cada lado) e Rampas de acesso ou outo sistema para as Pessoas Com Deficiências (PCD). Daí mesmo que na comunidade não existam pessoas com deficiência, ficaria 100% sustentável e democrática..
Apenas sugestão. Está excelente o trabalho…
Obrigado.