Os incêndios que devastam o Brasil em 2024 não são frutos da natureza, mas sim da ação humana. Segundo a Folha de S.Paulo, das 224 mil km² queimadas este ano, a maioria — cerca de 204 mil km² — ocorreu após maio, no auge da pior seca da história do país.
Especialistas, incluindo acadêmicos e técnicos do governo, afirmam que a contribuição de fenômenos naturais, como raios, é praticamente insignificante. Pesquisas indicam que apenas 1% das queimadas na seca é causado por descargas elétricas.
Renata Libonati, coordenadora do Lasa, o laboratório espacial da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), observa que o pico de incêndios não coincide com a alta temporada de raios. “O padrão do fogo originado por raio é diferente do por ação humana, principalmente sua extensão e sua intensidade. Os focos naturais são em geral pequenos e de pouca intensidade”, afirma a pesquisadora.
Na matéria, Osmar Pinto Junior, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), reforça que a quantidade de raios que realmente provoca incêndios é extremamente baixa. “Há raios mesmo durante a seca e vai haver fogo produzido por eles, mas não dá nem para falar em incêndios. É algo concentrado em uma ou cinco árvores, e muitas nem pegam fogo”.
O Lasa emitiu uma nota técnica sobre o assunto: “Observa-se que nos meses de março, maio, junho e julho nenhum foco de calor foi originado a partir de raios e, entre os demais meses, a quantidade estimada é muito pequena em relação ao total de focos detectados. Portanto, estas estimativas fortalecem a hipótese de que os incêndios que vêm ocorrendo desde o início de 2024 são, em sua grande maioria, de origem humana e não natural”.
Em suma, a realidade é clara: os incêndios que assolam o Brasil são predominantemente de origem humana e demandam atenção imediata das autoridades e da sociedade.