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Presidente do Banco Mundial renuncia e cria problema para Donald Trump

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Jim Yong Kim, que pediu demissão da presidência do Banco Mundial. SERGEY DOLZHENKO (EFE)

Via El País

Por Sandro Pozzi

Jim Yong Kim, que pediu demissão da presidência do Banco Mundial. SERGEY DOLZHENKO (EFE)
Jim Yong Kim, que pediu demissão da presidência do Banco Mundial. SERGEY DOLZHENKO (EFE)

O Banco Mundial  procura um novo líder após Jim Yong Kim anunciar que deixará a presidência do organismo multilateral no próximo dia 1º. A saída ocorre bem antes do esperado, já que o atual mandato dele só terminaria em meados de 2022. O norte-americano estava havia mais de seis anos à frente da instituição que financia o desenvolvimento, e a executiva-chefe Kristalina Georgieva assume o cargo interinamente. A demissão pode abrir um racha entre os Estados Unidos e os países que criticam seu controle sobre o órgão multilateral.

Desde que foi criado, há sete décadas, o Banco Mundial sempre é presidido por um norte-americano – Jim Yong Kim sucedeu a Robert Zoellick em 1º. de julho de 2012. Mas sua demissão pode representar uma nova oportunidade de alterar essa regra não escrita e pôr em xeque a Administração de Donald Trump. Na última vez já se apresentaram como candidatos a nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala e o colombiano José Antonio Ocampo.

O Banco Mundial afirma que o processo de seleção será aberto, transparente e baseado nos méritos dos aspirantes. O Fundo Monetário Internacional, instituição irmã criada depois dos acordos do Bretton Woods, é dirigido atualmente pela ex-ministra francesa Christine Lagarde. O maior peso dos países emergentes e em desenvolvimento na economia global pode, entretanto, romper esse duopólio.

O mandato do presidente do Banco Mundial é de cinco anos. Durante seu período, Kim deu especial ênfase à necessidade de financiar os países mais atrasados no âmbito das infraestruturas, tanto para impulsionar o desenvolvimento econômico como para confrontar riscos crescentes como a mudança climática. Assim, apostou em integrar o setor privado no processo.

“Foi uma grande honra servir a esta notável instituição”, declarou ele na nota em que fez o anúncio à imprensa, destacando a “paixão” dos funcionários que trabalham com a missão de erradicar a pobreza extrema em 2030. O trabalho do organismo, insiste, “é mais importante agora do que nunca”. Também citou como desafio maior a crise dos refugiados, que está crescendo “em escala e complexidade”.

O sucessor ou sucessora será a 13ª pessoa a dirigir a instituição, composta por 189 países. Junto ao combate à pobreza, Kim estabeleceu como prioridade obter uma melhor distribuição da prosperidade. O Banco Mundial facilita com financiamentos que tenham esse objetivo. Sob seu mandato foram adotados instrumentos para canalizar os recursos de uma maneira mais efetiva pelas mãos das Nações Unidas.

Antes de assumir o comando do organismo, Jim Yong Kim presidiu a prestigiosa Universidade de Dartmounth. Nasceu na Coreia do Sul e emigrou quando criança para os EUA. Sua candidatura foi apresentada pelo ex-presidente democrata Barack Obama. Cabe agora ao republicano Trump designar seu favorito e convencer os demais sócios de que é a melhor opção, algo que não será fácil, dada sua retórica contra o multilateralismo e os cortes de recursos para o desenvolvimento.

Os EUA são o maior contribuinte do orçamento do Banco Mundial e, junto com o bloco europeu, controlam metade dos votos necessários. A eleição passada já deixou claro o desequilíbrio na estrutura de poder do organismo. Algo semelhante ocorreu com a nomeação de Christine Lagarde no FMI quando ela se apresentou para suceder o seu compatriota Dominique Strauss-Kahn.

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