Resumo (Abstract) de artigo de 2009, com tradução livre adaptada, via Blog Alcides Faria.
“Há evidências crescentes de declínio de polinizadores em todo o mundo e as consequências em muitas áreas agrícolas podem ser significativas”. Nicola Gallai, Jean-Michel Salles, Josef Settele, Bernard E. Vaissière, pesquisadores da França e Alemanha, avaliaram estas consequências medindo:
1) a contribuição da polinização por inseto para o valor econômico da produção agrícola mundial e
2) a vulnerabilidade da agricultura mundial diante ao declínio dos polinizadores.
Usaram uma abordagem bio-econômica, que integrou a taxa de dependência dos polinizadores para a produção, para as 100 culturas utilizadas diretamente para a alimentação humana em todo o mundo, conforme lista da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
O valor econômico total da polinização no mundo foi de 433 bilhões de reais, o que representou 9,5% do valor da produção agrícola mundial usada para alimentação humana em 2005. Em termos de bem-estar, a perda de excedente para o consumidor foi estimada entre 537 e 877 bilhões de reais.
Legumes e frutas foram as principais categorias de culturas em valor de polinização por insetos, com cerca de 141 bilhões de reais cada, seguidas de cultivos de óleos comestíveis, café/chá/cacau (culturas estimulantes), nozes e especiarias. O valor de produção de uma tonelada das categorias de cultivo que não dependem da polinização por insetos foi, em média, de 427 reais, enquanto que daquelas que dependem de polinização a média foi 2.700 reais.
A taxa de vulnerabilidade foi calculada para cada categoria de culturas nas escalas regional e mundial como a razão entre o valor econômico da polinização e o valor total atual da cultura. Esta relação variou consideravelmente entre as categorias de culturas e houve uma correlação positiva entre a taxa de vulnerabilidade ao declínio de polinizadores de uma categoria de cultivo e seu valor por unidade de produção.
Olhando para a capacidade de nutrir a população mundial, após a perda de polinizadores, a produção de 3 categorias de safras – frutas, verduras e estimulantes – estará claramente abaixo do nível de consumo atual em escala mundial e ainda mais para certas regiões como a Europa.
No entanto, embora nossa avaliação demonstre claramente a importância econômica dos insetos polinizadores, ela não pode ser considerada como um cenário, uma vez que não leva em conta as respostas estratégicas dos mercados.