Via Paulo Saldiva | Jornal da USP
Existe relação entre as queimadas e os casos de influenza? Sim, segundo o professor Paulo Saldiva, que cita um estudo recentemente publicado, que utiliza dados do Ministério da Saúde, estudo do qual a USP participa e que trata justamente daquela relação. O fato é que a poluição produzida pela queima de florestas acelera bastante e aumenta muito o risco de desenvolver influenza. Estamos falando de um material particulado fino, aquele que penetra mais profundamente os nossos pulmões, e gerado especificamente por queima de biomassa em espaço aberto. De acordo com Saldiva, estima-se que nos períodos de queima de florestas cerca de 13% dos casos de influenza sejam provenientes desse tipo de poluente. Ele nota que, embora as queimadas ocorram nos períodos mais quentes, o pico da influenza nas cidades se dá no inverno, juntamente com o frio e a poluição urbana.
“Mais um motivo para que a gente preserve as florestas, não só pelo equilíbrio ambiental, pela preservação da saúde planetária, e a gente vê que a destruição de floresta pelo fogo não afeta só os animais ou as pessoas que lá moram, mas afeta as pessoas de todo o Brasil. As mudanças climáticas chegaram, elas não estão mais no futuro, mas estão no presente, e não estão em lugares remotos, em ecossistemas distantes, mas batendo na nossa porta. Tomara que essas informações ajudem que nós, os humanos, que estamos fazendo a pressão ambiental sobre as demais espécies dentro deste planeta que está exaurido, consigamos reordenar um pouco as nossas prioridades e nossas políticas públicas; e que o fogo das florestas ilumine o coração e a alma daqueles que têm o poder de decidir sobre seu controle. Sairemos das trevas ambientais mesmo que iluminados pelo fogo que corrói e destrói as nossas matas”, finaliza.