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Será o fim do protagonismo do Mato Grosso no turismo de pesca brasileiro?

3 minutos de leitura

Por Paula Martins

Paula Isla Martins, pesquisadora da Ecoa

Mato Grosso, segundo maior produtor de peixes nativos do Brasil e um dos principais destinos para praticantes do turismo de pesca do país, pode perder seu posto devido a grandes empreendimentos que estão hoje em processo de licenciamento ambiental em sua Secretaria de Meio Ambiente. Dentre os diversos pedidos de licenciamento neste estado, chama atenção o processo de 06 represas planejadas ao longo do rio Cuiabá, que se aprovadas, podem acabar com a pesca da região, que é detentora da maior diversidade de peixes de toda a Bacia do Alto Paraguai.

Além de barrar a movimentação dos peixes, essas represas também impedirão as vias que hoje permitem o deslocamento de barcos até a planície pantaneira, que fazem deste, um dos principais atrativos turísticos da região. O impacto destas construções vai muito além dos 12 mil pescadores artesanais que vivem diretamente da pesca, mas passará por toda a cadeia do turismo, desde isqueiros, cozinheiros e barqueiros até grandes empresários donos de barcos e hotéis e chegando às cidades, nas mesas e no coração cuiabano.

Pequenas Centrais Hidrelétricas previstas para serem instaladas no Rio Cuiabá

Caso todas as represas planejadas para a bacia do Alto Paraguai sejam implementadas, serão mais de 180 represas, alterando toda a dinâmica das águas do Pantanal, que é a principal característica que rege e protege este bioma.  Isso significa alterar a dinâmica do pulso de inundação pantaneiro, os nutrientes e toda a vida ligada às suas águas. Significa também alterar a cultura e as tradições  das populações das cidades da região e significa ainda, apostar em uma fonte de energia altamente dependente de água, na maior crise hídrica dos últimos 90 anos.

Em tempos de crise, é primordial que os governos garantam a segurança alimentar de sua população. O Mato Grosso tem a “a faca e o peixe na mão” para isso, basta garantir a permanência da atividade que mais gera emprego e renda no Pantanal, ou seja, a pesca e focar esforços em implementar o uso de fontes de energias mais eficientes e menos danosas, como a energia fotovoltaica.

Foto de Capa: Jean Fernandes

 

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