Um estudo publicado nesta segunda-feira (31/07) na prestigiada revista Nature aponta que existe 90% de chances de a temperatura global aumentar entre 2 e 4,9 graus Celsius ainda neste século – ou seja, aquém da meta fixada pelo Acordo de Paris.
De acordo com o estudo da Universidade de Washington, há apenas 5% de chance de as temperaturas não ultrapassarem os 2 graus e 1% de o aquecimento alcançar apenas 1,5 em relação aos níveis pré-industriais.
“A nossa análise mostra que o objetivo de 2 graus apresenta um melhor cenário”, afirma o diretor da pesquisa, Adrian Raftery. O pesquisador destaca que essa meta, porém, só será alcançada com esforços grandes e sustentáveis realizados durante os próximos 80 anos.
De acordo com o programa ambiental das Nações Unidas, cerca de 54 bilhões de toneladas de gases do efeito estufa são emitidos por ano, principalmente pela queima de combustíveis fósseis. A ONU estima que essas emissões deveriam ser reduzidas para 42 bilhões de toneladas até 2030 para frear o aquecimento global abaixo dos 2 graus.
Dargan Frierson, outro autor da pesquisa, ressalta que os danos causados pelo calor, pela seca, pelo clima extremo e pelo aumento do nível do mar serão muito mais graves se a temperatura subir mais do que 2 graus.
Para chegar a esse prognóstico, o estudo levou em conta três aspectos importantes nos quais se sustenta o aumento de emissões de gases causadores do efeito estufa: a população mundial, o PIB per capita, e a quantidade de carbono emitida por cada dólar de atividade.
Uma das grandes surpresas foi o fato de que o aumento da população terá um impacto inferior ao esperado na mudança climática, pois a expectativa é de que o crescimento aconteça, principalmente, na África, que utiliza menos fontes de combustíveis fósseis. A principal preocupação se centra na intensidade das emissões de carbono, porque a velocidade de diminuição deste valor será crucial para determinar o futuro do aquecimento global.
Já um estudo da Universidade do Colorado, publicado também nesta segunda-feira na revista Nature, afirma que se o ritmo das emissões nos próximos 15 anos for mantido, o mais provável é que o aumento da temperatura seja de 3 graus. A pesquisa analisou a capacidade dos oceanos de absorver o carbono, o desequilíbrio energético e o comportamento das partículas finas na atmosfera.
“Esta análise é fundamental para nos entendermos e para que os políticos percebam quanto tempo temos antes de o planeta alcançar determinado limite”, destaca Robert Pincus, um dos autores do estudo.