Texto originalmente publicado em: 11/02/09
Trocar a produção de energia renovável por fontes mais poluidoras e emissoras de gases que provocam o aquecimento global é, em síntese, o que deve ocorrer com a decisão do governo de diminuir a participação das hidrelétricas na matriz energética brasileira. O Plano Decenal 2008/2017 prevê o aumento da participação de usinas térmicas.
Para o coordenador de campanhas da a ONG ambiental Greenpeace, Sérgio Leitão, isso mostra o desinteresse do governo com a geração de energias limpas. “O Brasil está indo na contramão do esforço para diminuir a emissão de CO2, de apoiar a implementação de energias limpas e renováveis”, afirmou, segundo a repórter Sabrina Craide, da Agência Brasil.
O Plano Decenal prevê que a participação das hidrelétricas passe dos atuais 85,9% para 75,9%, enquanto o uso de termoelétricas movidas a óleo combustível subirá de 0,9% para 5,7% e a energia gerada por térmicas a carvão, de 1,4% para 2,1%.
O diretor do Greenpeace afirmou que há uma contradição entre o Plano Decenal e a posição do governo brasileiro ao apresentar, durante a Conferência das Partes sobre o Clima, na Polônia, um plano nacional de mudanças climáticas prevendo a redução das emissões de gases de efeito estufa.
“O governo tem vários representantes e não sabemos exatamente qual é a sua posição. Na prática, o que a gente vê é o Brasil sujando sua matriz energética, abraçando de novo energias sujas, antigas, e que são contrárias a qualquer esforço de uma redução das emissões de gases de efeito estufa”, afirmou. Leitão defende a expansão da matriz hídrica no país, por ser considerada limpa e barata.
“Se esse setor for planejado a partir do interesse das empreiteiras, como foi na década de 70, nós vamos continuar assistindo a desastres ambientais como foi a usina de Tucuruí (Pará) e Samuel (Rondônia)”, afirmou.
O Plano Decenal aumento de 1,9 mil megawatts para 10,4 mil megawatts até 2017 por usinas termoelétricas. Já as hidrelétricas devem passar de 84,3 mil megawatts em 2008 para 117,5 mil megawatts em 2017, enquanto a geração de energia por meio de usinas movidas a biomassa e usinas eólicas deve passar de 1,2 mil megawatts para 6,2 mil megawatts.
(Foto de capa de Torsten Kellermanno via Unsplash)