Texto publicado em 14 de maio de 2024.
– Cenário da bacia indicaria nova crise hídrica?
Alcides Faria
Segundo o boletim semanal de monitoramento de lavouras da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a safra de milho de inverno enfrenta um quadro crítico em partes dos estados do Paraná, de Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo e Minas Gerais. Analisando a informação de maneira geral encontra-se a coincidência com regiões de estados que têm partes importantes de seu território na bacia hidrográfica do rio Paraná.
No caso de Mato Grosso do Sul pude constatar que na sub-bacia do rio Ivinhema, parte da bacia do Paraná, alguns milhares de hectares de plantações de milho secaram devido à falta de chuvas, fenômeno que também prejudicou plantações de cana da região.
O quadro na parte da bacia do Ivinhema identificada – municípios de Nova Andradina e Nova Alvorada do Sul – não pode ser generalizado para toda a bacia, mas é um indicativo que suscita perguntas para estabelecer cenários frente probabilidade de chuvas escassas, o que atividades dependentes da água como transporte, pesca e geração elétrica. Vale lembrar que na bacia do Paraná se tem mais de 60% da geração elétrica brasileira.
Nesse momento é importante olhar para o Pacífico e acompanhar o desenvolvimento da temperatura das águas, geradora dos fenômenos El Niño e La Niña. Segundo o Centro de Predições Climáticas do Estados Unidos se caminha para um cenário “La Niña”, nos próximos meses. Em sua ocorrência anterior a seca na região da bacia do Paraná prevaleceu.
Em Mato Grosso, o desenvolvimento das lavouras na fase reprodutiva é positivo, com a maioria das áreas apresentando bom crescimento, o que é crucial para a fase de enchimento dos grãos.
Por outro lado, a falta de chuvas e o clima quente também foram sentidos em Mato Grosso do Sul, onde contribuíram para a antecipação do ciclo das plantas e redução do peso dos grãos, impactando negativamente o potencial produtivo.
Em Goiás, as condições são variadas. Enquanto a maioria das lavouras apresenta boas condições, as que foram semeadas mais tardiamente estão enfrentando déficit hídrico, o que pode afetar o rendimento final.
Situação similar ocorre em São Paulo e Minas Gerais, onde a falta de chuvas está comprometendo o potencial produtivo das plantações, especialmente aquelas mais atrasadas que enfrentam baixa umidade do solo.