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Bacia do Rio Paraná, crises hídricas e estudo da NASA

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São mais de mil represas, distribuídas pelos estados de Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Goiás, Mato Grosso e todo o Mato Grosso do Sul.

Na bacia do rio Paraná ocorreram 3 crises hídricas nos últimos 10 anos com graves consequências econômicas e mesmo sociais. O que temos nos perguntado é se esses eventos extremos têm relação com o processo apontado no estudo apoiado pela NASA “An Abrupt Decline in Global Terrestrial Water Storage and Its Relationship with Sea Level Change”: a redução repentina da água terrestre global iniciado, em 2014, com “seca severa no Norte e Centro” do Brasil.

O mais ‘visível’ ou de maior impacto no Brasil, que poderia ser relacionado ao processo indicado pelo estudo, foi a crise hídrica entre 2014 a 2016 na bacia do rio Paraná causando impactos diretos na economia, pois a região é o centro econômico do País – no território da bacia está cerca de 50% da economia do País e mais de 60% da produção de energia elétrica por hidrelétricas. Alguns registros:

– As hidrelétricas da bacia não geraram energia para atender a demanda do País, forçando a entrada em operação das usinas térmicas, as quais têm custo de geração mais elevado;

– A hidrovia Tietê-Paraná deixou de funcionar por 2 anos, o que colocou milhares de caminhões nas estradas, encarecendo o frete de grãos;

– A produção agrícola sofreu queda, sendo a mais relatada a da cana;

– No período ocorreu a redução do Produto Interno Bruto (PIB), para o que pode ter contribuído o déficit hídrico.

Outras crises de déficit hídrico ocorreram em 2020 e 2024 na bacia do rio Paraná, também com graves consequências. Para efeito de melhor entendimento, registramos que, a rigor, a bacia do rio Paraguai, onde está o Pantanal, é parte da bacia do rio Paraná. Na sub-bacia do Paraguai, portanto, se tem os registros das grandes secas e os devastadores incêndios de 2020 e 2024.  

Os autores do estudo consideram que temperaturas maiores no Pacífico tropical, a partir do final de 2014 até 2016, levaram a um dos eventos El Niño mais fortes desde 1950, com mudanças nas correntes atmosféricas, correntes essas que alteraram os padrões climáticos e de precipitação em todo o mundo. 

É evidente que os estudos climáticos específicos para unidades ambientais como uma bacia hidrográfica, desenvolvendo a capacidade de estabelecer cenários é uma necessidade urgente no País. Para a parte alta da Bacia do rio Paraguai (BAP), onde está o Pantanal, temos demandado a criação de um Centro de Operações Climáticas. Seria um meio de desenvolver capacidades de entender processos climáticos e hidrológicos, antecipando elementos para estabelecer estratégias e ações preventivas.

A Ecoa tem estudado e monitorado diariamente o que se passa na BAP, mas é um trabalho limitado – carece de maior profundidade.

O que se tem hoje, pelo menos o que vem a público, é muito limitado e com problemas.

 

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