Membros de comunidades tradicionais da região da Serra do Amolar (na divisa entre MS e MT) estão participando de um treinamento de formação e reciclagem para prevenção e combate a incêndios florestais. O grupo é composto por 28 brigadistas das localidades de Barra do São Lourenço, Binega, Amolar, Paraguai-Mirim e Ilha do Baguari, todas situadas no entorno do Parque Nacional do Pantanal Mato-Grossense, que tem seu portão de entrada no município de Poconé, a 102 km da capital do estado do Mato Grosso, Cuiabá, e do Rio Paraguai. No total, cerca de 70 pessoas participam do evento de formação.
A coordenadora substituta do Ibama/Prevfogo (Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais) em Mato Grosso do Sul, Thainan Bornato, destaca o papel das brigadas comunitárias na proteção de seus territórios. “São as brigadas que estão mais próximas dos incêndios quando eles começam. Então esse primeiro ataque da brigada comunitária é muito importante que seja feito o quão antes possível para que a gente evite que os incêndios se transformem em incêndios florestais de grandes proporções”.
Além disso, as brigadas possuem participação estratégica na logística do Pantanal. Existem lugares difíceis de chegar, então o controle inicial realizado por elas auxilia até que o reforço de outros apoios como o Corpo de Bombeiros possa chegar.
Thainan também ressalta a soma de esforços durante a formação e a troca de experiências entre os órgãos oficiais e as pessoas das comunidades. “A gente sabe que a gente está vivendo um momento de mudanças climáticas, de alteração do comportamento do fogo e a gente precisa ouvir também o relato das comunidades para a gente traçar estratégias para lidar com essa nova situação do planeta e essa nova situação que o Pantanal se encontra”.
“Na década passada o fogo no Pantanal não era considerado uma ameaça com potencial de impacto negativo nos níveis que temos visto nos últimos anos. Esse novo contexto climático, posiciona a atuação de brigadistas comunitários como atores essenciais para conter o impacto do fogo no Pantanal. Investir em eventos como esse significa reconhecer a importância desses atores e a urgência de fornecer a preparação adequada para que eles tenham condições de atuar na linha de frente ao menor sinal dos primeiros focos de incêndios. O FUNBIO como gestor do GEF Terrestre acredita que na prevenção também se faz a conservação de um bioma singular, como o Pantanal, por isso apoiamos essa iniciativa de ECOA”, diz Manoel Serrão, Superintendente de Projetos do FUNBIO.
Edilaine Arruda é moradora da região da Serra do Amolar e está participando do treinamento. Para ela, a formação é uma oportunidade de ampliar o aprendizado e firmar parcerias. “Hoje a gente tem o privilégio de participar e formar uma brigada lá na Serra do Amolar. Antes de eu ser da brigada comunitária, eu já fiz várias ocorrências. Então acho que isso é importante, a gente aprimorar ainda mais. Para nós é fundamental ter parceiros, poder melhorar na qualidade, EPI (Equipamentos de Proteção Individual), ter a formação”.
A formação faz parte do projeto “Manejo Integrado do Fogo com as comunidades tradicionais e o Parque Nacional do Pantanal Mato-grossense na transformação da realidade local”, financiado pelo GEF Terrestre, iniciativa do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) com recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF). A execução é gerida pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO) e a implementação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A iniciativa também é apoiada por WWF e Unesco.