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Pesticidas reduzem tempo de vida e esperma de abelhas – a tragédia do uso de neonicotinóides

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Blog Alcides Faria

 

– Zangões de colmeias que consumiram pólen de campos tratados com neonicotinóides produziram 39 por cento menos esperma do que os que alimentaram-se de pólen limpo.
– O tempo médio de vida das abelhas que estiveram em contacto com o pesticida teve uma redução, de 22 para 15 dias.

 

Um dos inseticidas mais utilizados no mundo tem como efeito colateral matar percentagem significativa de espermatozoides de abelhas. É o que indica um novo estudo. A descoberta pode oferecer uma explicação para o declínio dramático das colmeias.
Novamente na tela os neonicotinóides – uma substância neuro-ativa. Os resultados foram encontrados por cientistas suíços e publicados na revista da Royal Society B’s Proceedings.
– Nos Estados Unidos cerca de 15 bilhões de dólares são consumidos em alimentos polinizados por abelhas.
– Quase metade das colmeias produtoras de mel dos EUA entraram em colapso nos últimos 12 meses.

No estudo os cientistas dividiram as abelhas em dois grupos:
– O primeiro alimentava-se com pólen dos campos tratados com as substâncias tiametoxam e clotianidina;
– O outro grupo tinha como alimento pólen limpo.
Passados 38 dias as abelhas foram examinadas, incluindo o esperma das abelhas macho, os zangões. Estes foram de interesse particular para os cientistas, pois sua principal função é acasalar-se com uma rainha fértil.
A experiência mostrou que aqueles consumiram pólen tratado com neonicotinóides produziram 39 por cento menos esperma do que os que alimentaram-se de pólen limpo, ocorrendo, portanto, uma significativa redução no número de espermatozoides produzidos pelos zangões.
“O uso profilático generalizado de neonicotinóides pode ter negligenciado os efeitos contraceptivos não esperados sobre insetos que não são o alvo da profilaxia, limitando os esforços de conservação”, afirma o estudo.

A função reprodutiva, no entanto, não foi totalmente interrompida, mas claramente se tornou mais difícil para a rainha conceber, pois os zangões tinham perdido parte de sua força viril, observaram os pesquisadores da Universidade de Berna. “Isso pode ter consequências graves para as aptidões da colônia, bem como reduzir a variação genética em geral, dentro de populações de abelhas”, concluíram.
As abelhas fêmeas, no entanto, não demonstraram quaisquer alterações na fertilidade.

Além do efeito negativo sobre o esperma, o tempo médio de vida das abelhas que estiveram em contacto com o pesticida teve uma redução, de 22 para 15 dias. O efeito foi atribuído ao mau funcionamento do sistema imunológico.
No estudo os cientistas afirmam que “estudos recentes revelaram que os agroquímicos prejudicam a função imunológica, portanto é possível que os zangões expostos aos neonicotinóides tenham reduzida capacidade de desintoxicação, o que, subsequentemente afeta sua vida útil “.

Colônias de insetos polinizadores estão diminuindo na Europa e na América do Norte, um processo conhecido como “desordem do colapso das colmeias“. A maioria das abelhas operárias abandonam a rainha e as outras abelhas imaturas, apesar de haver muita disponibilidade de comida.

A doença tem levado a perdas econômicas significativas, uma vez que as abelhas e outros insetos são responsáveis ​​pela polinização de três quartos de culturas alimentares do mundo. Para os agricultores que alugam colmeias para polinização tiveram um aumento de custo de quase 20% (cerca de 200 dólares por colmeia) devido à escassez de abelhas a partir de 2013.
No mesmo ano, a União Européia proibiu temporariamente os neonicotinóides.

 

Produzido também com material da RT.

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