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As renováveis vão se espalhando pela América Latina e a dinâmica da revolução energética no Chile

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A América Latina, como quase no mundo todo, está vendo as renováveis crescerem e ocuparem um espaço cada vez maior nas matrizes elétricas. Na região, a capacidade instalada de eólicas e fotovoltaicas está crescendo a uma taxa de 8% ao ano e, nos últimos 3 anos, foram investidos mais de US$ 54 bilhões.

O Uruguai faz parte do seleto grupo de países em que toda a geração é renovável. A Costa Rica está indo pelo mesmo caminho. O país onde as renováveis mais crescem é o Chile, que está aproveitando um dos lugares mais ensolarados do mundo: o deserto do Atacama. A meta é chegar em 2050 com 94% da geração renovável. Por sua vez, o México quer chegar em 2050 com 50% de renováveis na matriz elétrica, principalmente a eólica que deve, em 2020, gerar a energia mais barata do mundo. “A região está seguindo um caminho muito interessante”.

Não só na energia eólica e solar, mas também na energia geotérmica, que quase nunca entra na agenda da mídia, mas tem um grande potencial em todos os países do Cinturão de Fogo: “do Chile a El Salvador”, disse Alfonso Blanco, secretário-executivo da Organização Latino-Americana de Energia (Olade). Olhar para o mapas de eólicas e fotovoltaicas na região, quase que pede para pensarmos se não daria para interligar todos os países numa única rede. A vantagem, olhando de Fernando de Noronha até Tijuana, no noroeste do México, é ter quase 14 horas de sol o ano todo e ventos complementares na Patagônia argentina, no litoral nordeste do Brasil, no litoral da Venezuela e da Colômbia, e no sul do México. Um sistema integrado pode vir a dar conta da intermitência que essas fontes apresentam quando tomadas isoladamente.

Por falar no Chile, um trabalho no Policy Studies Journal mostra a importância das alianças entre movimentos sociais e organizações ambientais para que as fontes renováveis deslanchassem nos últimos anos. Há vinte anos atrás, o Chile tinha um setor elétrico tradicional, centrado em fontes convencionais de geração e um modelo de negócio igualmente convencional. Durante algum tempo, parte do movimento ambiental centrou suas atenções nas térmicas fósseis, conseguindo, junto com associações de moradores locais, barrar um dos projetos da MPX, a empresa de eletricidade de Eike Batista.

Outro movimento importante foi a proibição de novas hidrelétricas na Patagônia, pelo estrago que fariam ao meio ambiente. As pressões políticas no Congresso se intensificaram a ponto do governo propor o plano Energia 2050 com a colaboração ativa dessas coalizões. O trabalho chama a atenção para a natureza “contingente” dessas coalizões. Elas foram se formando em torno de pautas definidas e que, uma vez alcançados os objetivos, se desfaziam. Grupos que tinham atuado juntos numa questão, poderiam se ver em campos opostos em outra. O trabalho é muito interessante para entender as dinâmicas que foram sendo desenvolvidas e, claro, a revolução energética que lograram.

As eólicas no Nordeste bateram outro recorde. No domingo passado, o pico de geração chegou a quase 9 GW e um fator de capacidade de 86%. Esse fator mede o quanto um sistema poderia gerar a pleno vapor e o quanto gerou de fato. Neste ano, o fator médio das eólicas nacionais está em torno de 40%. No momento do pico, a geração foi maior do que a demanda e o Nordeste exportou energia para o resto do país.

Com informações de:

El País
Policy Journal Studies
Canal energia

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