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Bancos deixam de financiar usinas a carvão nos EUA

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Investidores temem que usinas movidas a carvão parem de ser rentáveis (Eduardo Porter/The New York Times)

NYT/Folha

Investidores temem que usinas movidas a carvão parem de ser rentáveis (Eduardo Porter/The New York Times)
Investidores temem que usinas movidas a carvão parem de ser rentáveis (Eduardo Porter/The New York Times)

O JPMorgan Chase anunciou que não irá mais financiar novas usinas de energia movidas a carvão nos Estados Unidos e em outros países ricos. O recuo acontece após anúncios semelhantes feitos pelo Bank of America, o Citigroup e o Morgan Stanley, que também estão se desvinculando da indústria do carvão, de uma maneira ou de outra. A tendência é um sinal assustador para a indústria.

“Sempre haverá períodos de alta e de queda”, disse Chiza Vitta, analista na empresa de classificação de crédito Standard & Poor’s. “Mas o que está acontecendo com o carvão é uma inversão para baixo permanente.”

Alguns bancos dizem que estão tentando fazer sua parte para conter a mudança climática. Mas também há um motivo mais básico: emprestar para companhias de carvão é arriscado demais e poderá ser improdutivo.

As companhias de carvão estão sendo espremidas pela concorrência de fontes de energia menos caras (como o gás natural) e por normas mais rígidas, pressões que não dão sinais de arrefecer.

Em consequência, até os empréstimos mais seguros estão cada vez mais impraticáveis para muitos bancos. E não são apenas os bancos. Os “hedge funds” (fundos de investimento de alto risco) e as empresas de capitais privados, geralmente ávidos para investir em setores em queda, estão evitando o carvão.

Apesar dos desafios, a indústria ainda gera aproximadamente um terço da eletricidade dos EUA, e autoridades do setor dizem que o negócio eventualmente irá se restabelecer quando os estoques forem queimados e a demanda por carvão se recuperar em lugares como a China. “O carvão faz parte do nosso futuro. Os bancos estão tendo uma visão míope”, disse Mike Duncan, presidente da Coalizão Americana para Eletricidade de Carvão Limpa. “Eles estão ignorando um enorme mercado e assumindo uma retórica que simplesmente não funciona.”

Enquanto os credores americanos se retraem, alguns bancos estrangeiros entram em cena.

Em seu último relatório anual de responsabilidade corporativa, o Deutsche Bank disse que está reduzindo o financiamento de projetos que, segundo ambientalistas, são especialmente danosos. No entanto, a declaração de políticas do banco não se comprometeu com amplas reduções para o carvão.

O JPMorgan está encerrando o financiamento de novas usinas movidas a carvão em países ricos como os Estados Unidos, mas continuará emprestando para usinas no mundo em desenvolvimento, onde em alguns lugares o mercado de carvão é próspero.

As mudanças na política de crédito do Bank of America criaram tensão entre a alta liderança e banqueiros menos graduados.

Os líderes mais velhos querem que a estratégia de empréstimos para energia do banco reflita “a transição de uma economia de alto consumo de carbono para uma de baixo consumo”, disse James Mahoney, que trabalhou na nova política de carvão do banco.

Mas a mudança foi desconfortável para alguns dos banqueiros que atendem à indústria de carvão. “Ela os colocou em uma posição difícil de dizer às companhias com as quais trabalham há décadas: ‘Nós estamos recuando’”, disse Mahoney. “Vai contra tudo o que fazemos como empresa enfocada nos clientes.”

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