Como a agroecologia pode contribuir com um solo degradado?

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Júlia Vilela, bióloga e consultora em sistemas agroflorestais. Foto: Talita Oliveira.

Um dos desafios do Assentamento Rural 72 em Ladário (MS), região escolhida para a segunda fase do projeto Restauracción, é a falta de água para irrigação. O local faz parte da Paisagem Modelo Pantanal, plataforma de governança que busca integrar diversos atores na solução de conflitos e criação de sinergias positivas. 

Os moradores recebem água potável de caminhões-pipa. Para irrigar as plantações, eles dependem de poços em seus terrenos. Porém, essa ferramenta não está disponível para todos. Além disso, o uso de bombas de água é necessário, isso significa um custo extra de energia.

Para contribuir com a solução desse problema, as 10 propriedades selecionadas para o projeto na região vão desenvolver duas técnicas de agroecologia nos terrenos: sistemas agroflorestais e pecuária-floresta. Os dois métodos são formas de uso e manejo do solo em que árvores ou arbustos são combinados a cultivos agrícolas e/ou animais em uma mesma área.

A Ecoa executa a iniciativa com o apoio do Serviço Florestal Canadense. A instituição realizou a Oficina de Sistemas Agroflorestais e Pecuária-floresta no assentamento em janeiro deste ano. A bióloga e ministrante da oficina, Júlia Vilela, fez algumas orientações para os moradores iniciarem o plantio.

“Como é a primeira experiência do pessoal aqui no assentamento 72 com sistemas agroflorestais, é importante que essa área seja relativamente próxima da casa para que os moradores possam observar com mais frequência e tenham mais proximidade física com o sistema agroflorestal implantado ou o sistema de pecuária-floresta implantado”.

A bióloga também recomendou iniciar com um sistema pequeno para que os proprietários possam aprender com o plantio.

Outra sugestão foi escolher uma área plana no início para minimizar as dificuldades e aumentar as possibilidades de sucesso no cultivo.

Como práticas sustentáveis podem ajudar em locais com falta de água?

Cobertura do solo: o uso de cobertura vegetal ajuda a manter a umidade da terra e reduz a necessidade de irrigação.

Infiltração da água: a cobertura vegetal do solo evita práticas como o uso excessivo de maquinário e contribui para a absorção e retenção de água da chuva.

Sistemas agroflorestais: a integração de árvores e culturas agrícolas faz com que as árvores ajudem a reter a umidade no solo, reduzam a evaporação e forneçam sombra para as plantações. Tudo isso pode diminuir a necessidade de irrigação.

Pecuária-floresta: integração entre pecuária e atividades agrícolas e florestais. O sistema combina o cultivo de árvores, plantas e criação de animais. As árvores podem fornecer sombra para o gado, proteção e alimentos.

Diversificação de culturas: plantar culturas diferentes, com necessidades diferentes de água pode ajudar a otimizar o uso dos recursos disponíveis. Ela contribui para reduzir a competição entre as plantas e aumenta a resiliência do sistema para a escassez de água.

Moradores:

“O problema é que muitos companheiros não têm água, não tem condições de furar um poço. A esperança é de um dia ver esse assentamento ainda todo mundo feliz e produzindo”. – Felipe Cristaldo.

Felipe Cristaldo. Foto: Sauá Films / acervo Ecoa.

“Se todos que estão fazendo o curso aplicarem essa técnica nova da agrofloresta, que venha a dar lucro para a gente, ajudar na renda familiar”. – Eliane Souza.

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Eliane Souza, moradora do Assentamento Rural 72. Foto: Sauá Films / acervo Ecoa.

 

Talita Oliveira

Jornalista do Núcleo de Comunicação da Ecoa.

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