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Comunidade tradicional Barra do São Lourenço e a RDS – caminho para a preservação cultural e a conservação ecológica

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Pescador artesanal profissional da Comunidade Tradicional da Barra do São Lourenço (Foto_Jean Fernandes)

A comunidade tradicional conhecida como Barra do São Lourenço ganhou esse nome por se localizar a montante de Corumbá (MS), na margem esquerda do rio Paraguai, perto do encontro com o rio Cuiabá, na divisa entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O acesso à região não é fácil, sendo possível apenas por barco ou avião; a viagem de chalana a partir de Corumbá leva mais de 26 horas.

Atualmente, a principal fonte de renda dos moradores é a pesca artesanal profissional, como a coleta de iscas vivas. Muitos também cultivam alimentos para a subsistência, se adaptando às cheias e secas da região. Algumas famílias se dedicam à coleta de mel, à colheita de arroz selvagem e a outros produtos da biodiversidade, que são processados e vendidos.

A cultura da comunidade tradicional Barra do São Lourenço reflete a mistura de indígenas, europeus, africanos e pessoas de países da Bacia do Prata. A comunidade é formada por 27 famílias e, entre 2012 e 2013, seus direitos foram parcialmente reconhecidos com a emissão de um Termo de Autorização de Uso Sustentável (TAUS) pela Secretaria do Patrimônio da União (SPU). Também foi concedido um TAUS coletivo para uma área comum na margem direita do rio, chamada Aterro do Socorro, onde as famílias têm acesso a água potável durante as cheias.

Expulsão pelas Reservas Particulares

A Serra do Amolar é um ecossistema diverso e, a partir dos anos 70, foram criadas Unidades de Conservação na região. No entanto, a implementação dessas UCs, resultou na saída forçada de moradores locais, que se mudaram para a comunidade da Barra do São Lourenço, às margens do rio Paraguai.

Leia mais: Áreas protegidas no Pantanal: comunidade tradicional da Barra do São Lourenço na fronteira Brasil/Bolívia – Região de Corumbá-MS

Essas pessoas, que viviam da pesca e da coleta de recursos naturais, passaram a enfrentar restrições severas em suas atividades tradicionais, além de um clima constante de vigilância e tensão. Embora as RPPN tenham como objetivo ajudar a fauna e a flora, a realidade foi marcada por conflitos que geraram insegurança e prejuízos para a comunidade. É importante que a conservação e o desenvolvimento caminhem lado a lado, assegurando que as comunidades tradicionais que vivem há gerações na localidade possam participar e se beneficiar desse processo.

Foto: Arquivo Ecoa
Porque a RDS é a melhor alternativa

A escolha pela Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) entre as 12 categorias oficiais de Unidade de Conservação tem suas boas razões. Em primeiro lugar, a RDS dá à população local a chance de aproveitar os recursos de forma sustentável, sempre respeitando suas tradições e modos de vida. É importante que a comunidade tenha voz na gestão, garantindo que suas necessidades sejam ouvidas.

A gestão da RDS funciona com uso adaptativo, permitindo que áreas sejam fechadas ou abertas com base em decisões conjuntas entre gestores e a população, essa abordagem valoriza o conhecimento local, permitindo que as comunidades usem suas experiências para manejar os recursos naturais de maneira sustentável.

A participação nas decisões ajuda a criar estratégias que realmente atendem às necessidades da comunidade e protegem o meio ambiente. A RDS também proporciona suporte importante ao desenvolvimento econômico, incentivando atividades sustentáveis que melhoram a qualidade de vida sem prejudicar a biodiversidade.

Ao unir conservação e desenvolvimento, a RDS ajuda a diminuir conflitos socioambientais, promovendo uma convivência pacífica entre as demandas das comunidades e a preservação do ambiente, além de apoiar as comunidades tradicionais na gestão de seus territórios.

Silvia Helena

Jornalista do Núcleo de Comunicação da Ecoa.

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