A colisão com veículos e atropelamentos são algumas das principais ameaças para a fauna silvestre. Segundo estimativas do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas, 475 milhões de bichos silvestres morrem por ano nas estradas brasileiras. Pensando nisso, o ‘Manual de Orientações Técnicas para Mitigação de Colisões Veiculares com Fauna Silvestre nas Rodovias Estaduais do Mato Grosso do Sul’ tem o intuito de nortear o planejamento de estradas para torná-las mais seguras para os animais e gerar menor impacto ambiental.
A publicação foi elaborada em parceria entre a Secretaria de Infraestrutura do Estado de Mato Grosso do Sul (SEINFRA), Agência Estadual de Empreendimentos de Mato Grosso do Sul (AGESUL), através do Projeto Estrada Viva, Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (IMASUL), Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS) e Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS).
“Por meio do projeto Bandeiras e Rodovias, executado pelo ICAS, estamos monitorando e pesquisando as colisões veiculares em diversas estradas no MS desde 2017, a fim de entender e quantificar os impactos ecológicos e aspectos sociológicos relacionados às colisões veiculares com fauna – especialmente, o tamanduá-bandeira, no Cerrado sul-mato-grossense. Por isso, acreditamos que ter um documento como este, que irá nortear o governo e as concessões na implantação de medidas de mitigação é um grande marco para todos”, ressaltou Erica Saito, pesquisadora do ICAS, especialista em ecologia de estradas e uma das organizadoras do Manual.
Na prática, o manual será utilizado na execução de novos projetos viários, ou seja, irá orientar como as estradas e rodovias a serem pavimentadas em MS, devem conduzir a implementação de ferramentas que permitam a redução de atropelamentos de animais, construindo estradas mais segura para todos, uma vez que os acidentes podem causar danos materiais, psicológicos e físicos para as pessoas também.
O engenheiro florestal e pesquisador do ICAS, Yuri Geraldo Gomes Ribeiro, explica que apesar da crescente preocupação com as colisões veiculares com fauna nos últimos anos, ainda existem lacunas de conhecimento e deficiências no processo de mitigação desse impacto, representando um prejuízo para a sociedade e para o meio ambiente. Contudo, não é possível esperar que essas lacunas sejam totalmente preenchidas para reduzir e prevenir essas colisões.
“A decisão sobre o tipo de medida mitigadora e onde implantar tais estruturas, deve ser tomada com base na disponibilidade de dados existentes e é por isso que quanto mais alto for o investimento em estudos especializados, maior o nível de certeza da eficácia e do sucesso na execução, visto que este deverá seguir argumentos técnicos e factíveis”, disse o pesquisador especialista em modelagem de distribuição de espécies.
A elaboração do manual consolida a importância da colaboração entre diferentes instituições em prol de um bem comum e demonstra que, com parcerias e vontade política, é possível encontrar a informação necessária para construir ambientes mais seguros para todos por meio da pesquisa e do conhecimento.