Diário da crise hídrica – 14 de outubro de 2021 – Chuva e nível de represas da região sudeste, Brasil solar, nível do rio Paraguai e mais

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18 out. 2021

Climainfo. É isto um Governo?

O ministro de minas e energia, Bento Albuquerque, desconfiando que o presidente, de fato, não fale com São Pedro, convidou uma médium que, ao incorporar o Cacique Cobra Coral, diz poder fazer chover e afastar a grave crise hídrica-elétrica que atinge o Sudeste. Metrópoles, Veja e o Último Segundo baixaram a mensagem.

O presidente, por sua vez, agradeceu a Deus pelas chuvas dos últimos dias e prometeu encerrar a bandeira “escassez hídrica” em novembro. A notícia saiu no Valor. Carlos Sardenberg, n’O Globo, apontou os seis erros na fala de Bolsonaro, desde se atrapalhar com as bandeiras, errar ao atribuir responsabilidades, até achar que o (pouco) que choveu até agora mudou o quadro. Sardenberg deu o título de “Fora da Realidade” ao seu artigo.

O primeiro efeito dessa promessa, segundo a Folha, foi fazer despencar o valor das ações das elétricas na Bolsa, como o da Eletrobras, AES Brasil, Cemig, Energisa, Equatorial e Light.

O segundo efeito foi o comitê de crise do próprio governo avisar que as medidas tomadas até agora continuam sendo necessárias para se evitar o racionamento. Entre as medidas, a tal bandeira da escassez que continuará valendo. O aviso saiu na Agência Brasil, Congresso em Foco, Valor, Carta Capital, Veja, Folha e no Metrópoles.

Segundo O Globo, a consultoria PSR estimou que a promessa do presidente de voltar à bandeira normal poderia triplicar os reajustes das tarifas no ano que vem. Sem cravar valores, a consultoria MegaWhat, ouvida pelo Valor, também entende que mexer nas bandeiras agora levaria a reajustes substanciais em 2022. Mesmo as bandeiras como estão não estão cobrindo a conta de acionar todas as térmicas. Até agosto, segundo o g1, o déficit acumulado passou de R$8 bilhões.

As chuvas que vêm caindo ajudam, mas estão longe de representar um alívio. Segundo o Estadão, Luiz Ciocchi, diretor do ONS, disse que “é muito cedo para se ter a real percepção da estação chuvosa”. Na 6ª feira, o nível dos reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste marcava apenas 16,8% da capacidade total. Foi, segundo o UOL, o valor mais baixo dos registros para esta época do ano. Ontem, o site do ONS indicava que o nível havia subido para 17%.

Em tempo: O título desta nota parafraseia “É isto um homem?”, livro de Primo Levi sobre Auschwitz.

 

14 out. 2021

Crise acabou?

O presidente da República anunciou o fim da crise hídrica logo após as primeiras chuvas de outubro, mas as águas que chegaram até agora não trazem garantia de fim da crise de que os reservatórios das hidrelétricas terão água suficiente para que se desliguem as usinas a gás, fonte muito mais cara e que fizeram subir o preço da energia. Outra questão importante: se as chuvas dos próximos meses não recuperarem os volumes das águas dos reservatórios das hidrelétricas, teremos novamente crise em 2022 com os reflexos conhecidos.

 

14 out. 2021

Brasil Solar.

O Brasil chegou a 10 gigawatts de capacidade instalada em energia solar, o que equivale a 70% da capacidade da represa de Itaipu e suas 20 turbinas.

Recentemente, a energia solar ultrapassou a potência instalada de termelétricas movidas a petróleo e outros fósseis, que representam 9,1 GW da matriz elétrica brasileira.

As conexões solares:
– Mais de 767 mil conexões em residências – capacidade instalada de 2,8 GW
– Comerciais têm capacidade instalada de 2,5 GW.
– Meio rural 971 MW;
– Indústria 582 MW de capacidade instalada.
O Brasil no mundo.
1. China: 253,8 MW
2. EUA: 73,8 MW
3. Japão: 68,6 MW
4. Alemanha: 53,7 MW
5. Índia: 38,9 MW
6. Itália: 21,5 MW
7. Austrália: 17,3 MW
8. Vietnã: 16,5 MW
9. Coreia do Sul: 13,5 MW
10. Reino Unido: 13,4 MW
11. Espanha: 11,8 MW
12. França: 11,7 MW
13. Países Baixos: 10,2 MW
14. Brasil: 10 MW
15. Ucrânia: 7,3 MW

 

14 out. 2021

Com -56 cm, altura do rio Paraguai é a terceira mais baixa em 110 anos de medição (Diário Corumbaense)

A altura do rio Paraguai, em Ladário, chegou nesta segunda-feira, 11 de outubro, a 56 centímetros negativos, informa o monitoramento diário do Centro de Hidrografia e Navegação do Oeste, organização militar subordinada ao Comando do 6° Distrito Naval da Marinha do Brasil. A marca é a terceira mais rigorosa vazante de sua história.

Em 1964, o rio alcançou a menor marca, chegando aos -61 cm (em setembro) na régua de Ladário. Em 1971, mediu -57 cm (setembro). Em 1967 alcançou -53 cm (outubro).

Projeções do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) mostram que o nível do rio pode baixar ainda mais esta semana e chegar à marca negativa de 59 centímetros no dia 15 de outubro, se tornando a segunda maior seca da história em 110 anos de medição da régua de Ladário.

A estação de Ladário é considerada um termômetro para medir o grau da estiagem no bioma Pantanal. É, de acordo com o Serviço Geológico do Brasil, o terceiro ano consecutivo em que o Pantanal não apresenta a habitual cheia, condição em que o nível d’água supera os 4 metros em Ladário. A última vez foi em 2018, quando o rio atingiu o pico de 5,35 metros.

O maior ciclo de seca registrado no Pantanal foi de dez anos consecutivos (1964 a 1973). Nesse ciclo, o nível mínimo foi de 61 centímetros abaixo do zero da régua, ocorrido em 1964, segundo a Embrapa Pantanal. No ano passado, a marca mínima foi de -32 centímetros, atingida nos dias 23 e 25 de outubro. Em 2020, houve a maior estiagem em 50 anos.

A partir das semanas seguintes pode entrar em estabilidade. “Os modelos indicam a tendência à estabilização do nível d’água na maioria das estações. Considerando que para as próximas semanas, as precipitações (chuvas) previstas na bacia deverão ser um pouco mais constantes, o rio Paraguai deverá apresentar em algumas estações a redução da tendência do declínio de seu nível e posteriormente a estabilização”.

 

14 out. 2021

Impacto econômico da crise hídrica não está sendo coberto pelas tarifas mais altas (Climainfo)

As distribuidoras de eletricidade avisaram a ANEEL que as tarifas mais altas não estão cobrindo o custo da eletricidade que compram pelo atual peso das térmicas na matriz de geração. Segundo a Folha e o Valor, a ANEEL descarta, por enquanto, mais aumentos na conta, embora esteja autorizando reajustes no preço da eletricidade gerada pelas térmicas.

Cerca de 12 milhões de famílias recebem um desconto na conta de luz por serem beneficiárias da Tarifa Social de Energia Elétrica, que custa R$ 3,6 bilhões por ano, pago pelo conjunto dos demais consumidores. Uma matéria do g1 informa que a ANEEL estima que há mais de 11 milhões de famílias que cumprem os requisitos, mas que não recebem o benefício. Uma mudança no regulamento pode incluí-las a partir do ano que vem.

Bastou chover um pouco no Sudeste nos últimos dias para o Operador Nacional do Sistema dizer que um racionamento neste ano está descartado. A notícia saiu na CNN e no Valor. Em setembro, mais empresas se interessaram pelos ganhos oferecidos pelo governo para reduzir seu consumo ou deslocá-lo para fora do horário de ponta do sistema. Interessante é que, nesses últimos meses, o ONS, o ministro e outras autoridades juraram que não havia risco de racionamento. Assim, o anúncio de ontem só surpreendeu quem não acreditou nos anúncios anteriores.

 

14 out. 2021

O que choveu não alterou o nível das represas que abastecem cidades do Sudoeste e nem o das hidrelétricas (Climainfo)

Na 6ª feira passada (8/10), o nível dos reservatórios das hidrelétricas do sistema Sudeste/Centro-Oeste estava em 16,7% da capacidade máxima; no final da 2ª feira (11/10), o nível permanecia o mesmo. Nesse contexto, o Estadão ressaltou a importância da geração das hidrelétricas instaladas ao longo do Rio São Francisco. André Borges trouxe informações do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS): “Os recursos energéticos da região Nordeste, no período seco de 2021, têm sido fundamentais até a chegada do período chuvoso”.

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