– Até o momento, o Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) para a Hidrovia Paraguai Paraná, que deveria ser público desde 2015, não foi divulgado. Mas isso já não é mais novidade.
– As tentativas de viabilizar o megaprojeto da Hidrovia no Pantanal permanecem com o chamado “Road Show da Hidrovia”, e desta vez em Campo Grande/MS, segunda capital a receber o show sobre um estudo que ainda não foi disponibilizado à sociedade.
– Durante uma rápida e inconclusiva apresentação, membros da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) expõem o projeto que quer tornar o rio Paraguai uma grande via para o tráfego de barcaças durante todo o ano, nas 24 horas do dia, com permanentes dragagens.
– A Ecoa esteve representada pela pesquisadora Silvia Santana, que questionou os responsáveis pelo estudo sobre os reais impactos para as comunidades ribeirinhas e para o ambiente, considerando a dinâmica do Pantanal, como o regime das águas, por exemplo.
Desde sua fundação no final da década de 80 do século passado, a Ecoa acompanha os processos relacionados à Hidrovia Paraná Paraguai, entendendo que os impactos serão irreparáveis para as vidas e o ambiente.
E, para um projeto de tamanha complexidade, esperava-se um estudo multidisciplinar – em que a UFPR/ITTI fora contratada por mais de 9 milhões de reais para sua execução – mas, até agora, só foi disponibilizada uma revista eletrônica e um breve informativo.
As situações previstas para garantir a operação da Hidrovia no Pantanal são frágeis, pois nem ao menos consideram para o estudo antropólogos, sociólogos e outros profissionais do campo social.
Um caso que chama atenção é o das comunidades ribeirinhas tradicionais, que não foram citadas durante os “shows” realizados pelos órgãos (DNIT e UFPR/ITTI), e que terão suas vidas completamente afetadas se a Hidrovia for viabilizada, considerando os períodos para dragagens previstos.
Os gráficos expostos por membros da UFPR – do Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura (ITTI), revelam uma inconstância de informações, pois, abrem margem para o entendimento de que as intervenções físicas sejam feitas em períodos de defeso, por exemplo. Além disso, não são levados em conta que os períodos de seca e cheia no Pantanal podem ser mais prolongados, afetando diretamente o transporte fluvial.
Outro fato que chama atenção é que o estudo não considera outras ações antrópicas, como a existência de 38 barragens e a previsão da instalação de mais 94 represas na Bacia do Alto rio Paraguai, assim como não considera os eventos climáticos extremos, cada vez mais frequentes no Pantanal.
São algumas questões que ainda permanecem já que o EVTEA não foi divulgado. Onde está o estudo? A sociedade precisa ter acesso a este material antes de promoverem um “show” que tem a pretensão de ser um debate – ou não.