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Efeitos dos incêndios: quase 19 milhões de pessoas afetadas e preços dos alimentos em alta

8 minutos de leitura

Fonte: Climainfo.

Brasil em chamas 1: incêndios pressionam preços dos alimentos
  • Produtos como café, feijão, carnes e leite encareceram com a intensificação do fogo e da seca pelo Brasil; 75% da produção paulista de açúcar foi afetada.

Os impactos da seca histórica que afeta a maior parte do Brasil e dos incêndios na Amazônia, Pantanal e em São Paulo começam a se refletir no bolso dos brasileiros. Um levantamento da Neogrid divulgado pela CNN Brasil indica que o preço médio de vários produtos básicos, como café, feijão, leite e carne aumentou nas últimas seis semanas no país.

A carne bovina é o produto mais afetado, com aumentos variáveis em relação aos diferentes cortes. O preço da picanha, por exemplo, subiu mais de 43% nesse período. Outros cortes também registraram altas expressivas, como o contra-filé (32,6%) e o patinho (21%).

O feijão teve alta variável de até 22%, com destaque para o tipo branco. O leite teve aumento de 9,6% em seu preço médio. O preço do quilo do café em grão, por sua vez, passou de R$ 92,18 para R$ 104,86 (alta de 13,7%); o café em pó também encareceu de R$ 48,78 o quilo para R$ 55,80 (14,3%).

Para completar, o preço médio do quilo do açúcar aumentou 5,9% entre agosto e setembro. Em grande parte, a alta é resultado dos incêndios que afligiram o interior de São Paulo nesse período. De acordo com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA), cerca de 230 mil hectares de lavouras foram afetados pelo fogo em agosto.

A Organização das Associações de Produtores de Cana do Brasil (ORPLANA) indicou que os prejuízos causados pelo fogo podem superar R$ 2,5 bilhões, com a quebra de cerca de 15% da safra de cana. Em todo o Brasil, mais de 390 mil hectares de cana foram incendiados nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A notícia é do Canal Rural.

Em tempo 1: As investigações em torno dos incêndios que tomaram o interior paulista em agosto passado indicam que o fogo foi intencionalmente ateado por criminosos na maior parte das ocorrências, informou a Folha. Promotores do Ministério Público de São Paulo descartam outras possibilidades, como o envolvimento de facções do crime organizado e indicam ser remota a hipótese de uma grande articulação, tal como o infame “Dia do Fogo” em Novo Progresso (PA) em 2019. As apurações sugerem autorias individuais, alguns com suspeita de transtornos mentais ou motivados por vingança.

Em tempo 2: A onda de reeleições de prefeitos na disputa eleitoral de 2024 beneficiou os mandatários com ficha corrida de crimes ambientais. A Agência Pública destacou o desempenho positivo dos prefeitos acusados de desmatamento e queimadas no Mato Grosso e no Pará, que conseguiram se reeleger em primeiro turno no último domingo (6/10). Um exemplo é Weder Makes Carneiro (MDB), prefeito reeleito de Brasil Novo (PA), que acumula R$ 5,5 milhões em multas ambientais.

Brasil em chamas 2: quase 19 milhões de pessoas foram atingidas por efeitos do fogo
  • É quase o dobro de pessoas apontado pelo balanço anterior da CNM, feito em setembro, quando entidade levantou que fogo atingia 10 milhões de brasileiros.
Foto: Jean Fernandes/acervo Ecoa.

Os estragos da “pandemia” de incêndios florestais que atinge o Brasil de norte a sul continuam crescendo. Pelo menos 18,9 milhões de pessoas foram afetadas pelo fogo e os prejuízos econômicos das cidades somam mais de R$ 2 bilhões, de acordo com o Boletim dos Incêndios Florestais, elaborado pela Confederação Nacional de Municípios (CNM).

O boletim reúne informações dos decretos municipais sobre os incêndios. Em meados de setembro, o documento mostrou que ao menos 10,1 milhões de brasileiros tinham sido atingidos diretamente pelas chamas. Ou seja, o número quase dobrou em menos de um mês. Na época, a entidade alertou que se tratava de uma estimativa conservadora, pois considerava apenas os diretamente afetados pelos incêndios e não a população total dos municípios e nem os que tinham respirado fumaça gerada a milhares de quilômetros de distância. O mesmo vale para os números atuais.

A comparação com o ano de 2023 mostra como o cenário é alarmante, destaca a confederação. De janeiro a setembro do ano passado, apenas 12,7 mil pessoas foram afetadas diretamente, e os prejuízos representaram R$ 36,1 milhões.

Ao todo, 684 municípios estão em situação de emergência devido às chamas, informam CNN, O Dia e Agência Senado. A CNM alerta que ao menos 10,7 mil pessoas tiveram de deixar as suas casas este ano – número que também pode ser maior, pois a informação sobre desalojados e desabrigados não havia sido preenchida pela maioria dos municípios quando a entidade consolidou os dados.

Os efeitos dos incêndios florestais têm sido particularmente mais dramáticos para os Povos Indígenas, destaca a BBC, em matéria reproduzida pela Folha. Um exemplo vem da Amazônia. Muitos incêndios na região invadem Unidades de Conservação e Terras Indígenas, na maior parte das vezes por tentativas deliberadas de tomar terras.

“Se esses incêndios continuarem, nós, indígenas, vamos morrer”, desabafou Raimundinha Rodrigues de Sousa, que comanda o serviço voluntário de bombeiros da TI Caititu, em Lábrea, no Amazonas. A cidade está no top 10 dos nefastos rankings dos incêndios florestais e do desmatamento no Brasil.

“Agora, [o fogo] mata as plantas; daqui a pouco, seremos nós, porque inalamos muito [fumaça]”, lamentou ela. “É um fogo muito agressivo, que mata tudo que vê em seu caminho.”

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