Fonte: Climainfo.
Brasil em chamas 1: incêndios pressionam preços dos alimentos
- Produtos como café, feijão, carnes e leite encareceram com a intensificação do fogo e da seca pelo Brasil; 75% da produção paulista de açúcar foi afetada.
Os impactos da seca histórica que afeta a maior parte do Brasil e dos incêndios na Amazônia, Pantanal e em São Paulo começam a se refletir no bolso dos brasileiros. Um levantamento da Neogrid divulgado pela CNN Brasil indica que o preço médio de vários produtos básicos, como café, feijão, leite e carne aumentou nas últimas seis semanas no país.
A carne bovina é o produto mais afetado, com aumentos variáveis em relação aos diferentes cortes. O preço da picanha, por exemplo, subiu mais de 43% nesse período. Outros cortes também registraram altas expressivas, como o contra-filé (32,6%) e o patinho (21%).
O feijão teve alta variável de até 22%, com destaque para o tipo branco. O leite teve aumento de 9,6% em seu preço médio. O preço do quilo do café em grão, por sua vez, passou de R$ 92,18 para R$ 104,86 (alta de 13,7%); o café em pó também encareceu de R$ 48,78 o quilo para R$ 55,80 (14,3%).
Para completar, o preço médio do quilo do açúcar aumentou 5,9% entre agosto e setembro. Em grande parte, a alta é resultado dos incêndios que afligiram o interior de São Paulo nesse período. De acordo com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA), cerca de 230 mil hectares de lavouras foram afetados pelo fogo em agosto.
A Organização das Associações de Produtores de Cana do Brasil (ORPLANA) indicou que os prejuízos causados pelo fogo podem superar R$ 2,5 bilhões, com a quebra de cerca de 15% da safra de cana. Em todo o Brasil, mais de 390 mil hectares de cana foram incendiados nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A notícia é do Canal Rural.
Em tempo 1: As investigações em torno dos incêndios que tomaram o interior paulista em agosto passado indicam que o fogo foi intencionalmente ateado por criminosos na maior parte das ocorrências, informou a Folha. Promotores do Ministério Público de São Paulo descartam outras possibilidades, como o envolvimento de facções do crime organizado e indicam ser remota a hipótese de uma grande articulação, tal como o infame “Dia do Fogo” em Novo Progresso (PA) em 2019. As apurações sugerem autorias individuais, alguns com suspeita de transtornos mentais ou motivados por vingança.
Em tempo 2: A onda de reeleições de prefeitos na disputa eleitoral de 2024 beneficiou os mandatários com ficha corrida de crimes ambientais. A Agência Pública destacou o desempenho positivo dos prefeitos acusados de desmatamento e queimadas no Mato Grosso e no Pará, que conseguiram se reeleger em primeiro turno no último domingo (6/10). Um exemplo é Weder Makes Carneiro (MDB), prefeito reeleito de Brasil Novo (PA), que acumula R$ 5,5 milhões em multas ambientais.
Brasil em chamas 2: quase 19 milhões de pessoas foram atingidas por efeitos do fogo
- É quase o dobro de pessoas apontado pelo balanço anterior da CNM, feito em setembro, quando entidade levantou que fogo atingia 10 milhões de brasileiros.
Os estragos da “pandemia” de incêndios florestais que atinge o Brasil de norte a sul continuam crescendo. Pelo menos 18,9 milhões de pessoas foram afetadas pelo fogo e os prejuízos econômicos das cidades somam mais de R$ 2 bilhões, de acordo com o Boletim dos Incêndios Florestais, elaborado pela Confederação Nacional de Municípios (CNM).
O boletim reúne informações dos decretos municipais sobre os incêndios. Em meados de setembro, o documento mostrou que ao menos 10,1 milhões de brasileiros tinham sido atingidos diretamente pelas chamas. Ou seja, o número quase dobrou em menos de um mês. Na época, a entidade alertou que se tratava de uma estimativa conservadora, pois considerava apenas os diretamente afetados pelos incêndios e não a população total dos municípios e nem os que tinham respirado fumaça gerada a milhares de quilômetros de distância. O mesmo vale para os números atuais.
A comparação com o ano de 2023 mostra como o cenário é alarmante, destaca a confederação. De janeiro a setembro do ano passado, apenas 12,7 mil pessoas foram afetadas diretamente, e os prejuízos representaram R$ 36,1 milhões.
Ao todo, 684 municípios estão em situação de emergência devido às chamas, informam CNN, O Dia e Agência Senado. A CNM alerta que ao menos 10,7 mil pessoas tiveram de deixar as suas casas este ano – número que também pode ser maior, pois a informação sobre desalojados e desabrigados não havia sido preenchida pela maioria dos municípios quando a entidade consolidou os dados.
Os efeitos dos incêndios florestais têm sido particularmente mais dramáticos para os Povos Indígenas, destaca a BBC, em matéria reproduzida pela Folha. Um exemplo vem da Amazônia. Muitos incêndios na região invadem Unidades de Conservação e Terras Indígenas, na maior parte das vezes por tentativas deliberadas de tomar terras.
“Se esses incêndios continuarem, nós, indígenas, vamos morrer”, desabafou Raimundinha Rodrigues de Sousa, que comanda o serviço voluntário de bombeiros da TI Caititu, em Lábrea, no Amazonas. A cidade está no top 10 dos nefastos rankings dos incêndios florestais e do desmatamento no Brasil.
“Agora, [o fogo] mata as plantas; daqui a pouco, seremos nós, porque inalamos muito [fumaça]”, lamentou ela. “É um fogo muito agressivo, que mata tudo que vê em seu caminho.”