A potência instalada fotovoltaica do Brasil, impulsionada pelos parques solares (usinas de maior porte) e pela geração distribuída (produção de eletricidade no local de consumo, por consumidores menores, com painéis fotovoltaicos), é hoje na ordem de 1.613 MW, tendo recentemente atingido 1% de participação na matriz elétrica nacional.
Porém, é esperado um salto para o setor. Conforme a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), em 2040 a fonte solar alcançará cerca de 126 mil MW, conquistando o posto de primeira fonte no ranking da matriz, com 32% de participação, superando a hidreletricidade, que terá 29%.
O presidente executivo da entidade, Rodrigo Sauaia, prevê que em um futuro, não muito distante, será inconcebível construir um edifício, uma residência ou um prédio público e não incluir um sistema de geração de energia solar, porque será tão barato que não fará sentido não aproveitar essa solução.
No mundo, a capacidade instalada de energia solar é de 402,5 mil MW, sendo que, no ano passado, cresceu 98 mil MW. O presidente executivo da Absolar frisa que, enquanto o uso da geração solar vem aumentando, o preço de produção vem caindo no âmbito global. Na década de 1970, 1 watts solar custava cerca de US$ 76 e atualmente esse valor baixou para em torno de US$ 0,30.
Para Sauaia, esse cenário contribui para espalhar o crescimento dessa tecnologia em países emergentes. O dirigente salienta que o século XX foi das fontes fósseis, mas o XXI será diferente, passando por uma transição energética.
A expectativa é de que em 2050 cerca de 40% da capacidade instalada mundial de energia elétrica seja proveniente da fonte solar.
Hoje, esse percentual é algo entre 1% a 2%, apenas. No Brasil, a geração distribuída também tem muito espaço para se desenvolver já que representa, no momento, menos de 0,01%, da demanda local.
Até novembro deste ano, a modalidade significava uma capacidade de 565,8 MW, sendo que 99,5% dos empreendimentos de geração nessa área são fotovoltaicos.
O estado que mais tem aproveitado essa alternativa no País é Minas Gerais, com 103,4 MW de energia solar de capacidade em projetos de geração distribuída, seguido do Rio Grande do Sul, com 70,2 MW.
Sem contar as usinas solares de maiores portes, o investimento dos pequenos consumidores em sistemas fotovoltaicos, até o momento, foi de aproximadamente R$ 2,5 bilhões.
Sauaia vê as oportunidades ampliarem-se com a possibilidade do uso de baterias para armazenar a energia e a utilização nos horários de maior demanda.
Apostando nessa área, a Comerc Energia, maior gestora de energia no País, investirá mais de R$ 65 milhões em 2019, sendo que as unidades de eficiência energética e iniciativas de armazenamento de energia em baterias deverão ser responsáveis por 75% desse total.
A ideia do grupo é alugar essas baterias (a menos que o cliente queira comprar o equipamento), focando-se nos mercados industrial e comercial, detalha o presidente da Comerc, Cristopher Vlavianos.
Os três primeiros projetos da empresa serão instalados no começo do próximo ano, sendo dois na Região Sudeste e um na Nordeste.
O diretor da Comerc ESCO (empresa subsidiária do grupo), Marcel Haratz, argumenta que, com o armazenamento da energia, é possível aproveitar a eletricidade em períodos em que a distribuidora cobra mais caro pelo insumo (horário de ponta) e substituir geradores a diesel de uma forma mais barata e menos poluente.
Ainda serve como um recurso de segurança (backup) em caso de problemas no fornecimento de energia por parte da concessionária. As baterias de Íons de Lítio, destaca Haratz, podem ser carregadas por sistemas fotovoltaicos, por exemplo, ou até mesmo direto na rede elétrica.
Consumo de eletricidade cresce no País Sobre o consumo de energia no Brasil, o presidente da Comerc, Cristopher Vlavianos, comenta que a projeção do crescimento para 2018 é de 1,6%, menos da metade do que foi previsto inicialmente pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) Elétrico e pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que era de 3,7%.
Entre os fatores que implicaram a revisão da estimativa estão a greve dos caminhoneiros, a estagnação da economia e o processo eleitoral.
Para 2019, o executivo adianta que a previsão é de um incremento na carga na ordem de 4%, mas reitera que usualmente essas projeções sofrem correções com o passar do tempo.
Foto de capa por Mark Merner via Unplash