<Eventos climáticos extremos e seus impactos na América do Sul.
Este Projeto de monitoramento de eventos climáticos extremos, originalmente criado em 2021, visava contribuir para o entendimento das consequências da crise hídrica/climática na bacia do rio Prata dos anos 2020/21. A bacia é o principal território econômico para Bolívia, Argentina, Uruguai, Paraguai e Brasil.
No Brasil a bacia do Prata tem como seus territórios principais as bacias dos rios Paraná, Paraguai e Uruguai. A crise hídrica, perceptível com a redução das chuvas entre 2020 e 2021, causou graves impactos ambientais, sociais e econômicos para os países, dentre os quais podemos listar os destrutivos incêndios no Pantanal, as perdas de produção agrícola e a redução de geração elétrica nas represas. De algum modo ela seguiu em 2022/23 provocando perdas de quase 50% na produção de grãos na Argentina, ao tempo em que no território brasileiro a normalização das chuvas enchia as represas para geração de energia e permitia uma safra agrícola dentro do esperado.
Agora retomamos o trabalho de monitoramento, mas ampliando para a América do Sul, um grande território interconectado por suas características físicas e biológicas, o que contribui para melhor percepção das mudanças climáticas e a necessidade de medidas preventivas e mitigatórias partilhadas entre os países que a compõem.
24 set. 2024
Maior seca em 60 anos força racionamento de energia no Equador
Via ClimaInfo
Apagão se soma a planos do governo equatoriano para cortes noturnos de energia elétrica de oito horas em todo país em quatro dias da semana.
Com o Equador vivendo uma seca recorde – a pior em 60 anos – que reduziu drasticamente os níveis de suas hidrelétricas, responsáveis por mais de 90% do abastecimento elétrico do país, o governo estendeu para o período diurno os apagões inicialmente programados para ocorrerem durante a madrugada. “Diante da radicalização das mudanças climáticas, é necessário redistribuir a suspensão dos serviços elétricos”, afirmou o Ministério da Energia equatoriano em um comunicado no final de domingo (22/9).
O corte no fornecimento elétrico ocorrerá das 8h às 17h no horário local. E se soma aos planos do governo, anunciados na 3ª feira (17/9), para apagões noturnos de oito horas em todo o país, de segunda a quinta-feira, informam Reuters e CNN. A medida atinge 12 das 24 províncias do país.
Na semana passada, um comitê de emergência liderado pela ministra do Meio Ambiente do Equador, Inés Manzano, emitiu um “alerta vermelho” para grande parte do país, à medida que a seca dificulta a geração de hidreletricidade. A estiagem também está ameaçando as colheitas e provocando um aumento nos incêndios florestais, detalha a Bloomberg.
O governo equatoriano havia imposto um toque de recolher em áreas afetadas pelo crime durante o primeiro apagão noturno, em 18 de setembro. Para tentar reverter a situação enquanto as chuvas não vêm, há planos de contratar geração elétrica em navios, à base de combustíveis fósseis, além de realizar semeadura de nuvens na tentativa de aumentar as precipitações.
A seca extrema também provoca medidas emergenciais na vizinha Colômbia, informam Bloomberg e El País. A capital, Bogotá, está endurecendo as restrições ao uso de água após as menores chuvas em mais de 50 anos impedirem a recuperação dos reservatórios. A partir de 29 de setembro, cada residente terá que passar 24 horas sem água corrente a cada nove dias, informou o prefeito Carlos Fernando Galán. A administração também está proibindo o uso de água da torneira para lavar carros e irrigar jardins.
CBS, BBC e El País também repercutiram os efeitos da seca no Equador e na Colômbia.
23 ago. 2024
Via Climainfo
Rios amazônicos registram baixa histórica um mês antes do pico da estiagem
No Amazonas, 20 cidades estão em emergência, e 21 na mesma situação no Acre, onde estiagem permite atravessar a pé rio na fronteira com Peru.
A seca na Amazônia neste ano vai repetindo situações drásticas registradas em 2023, quando a região viveu uma estiagem histórica. Tudo indica que a falta de chuvas e a baixa dos rios vai ser pior em 2024, com efeitos devastadores para pessoas, fauna e flora, que não se recuperam da tragédia climática do ano passado.
O período mais crítico da estiagem na Amazônia costuma ser em setembro. Mas, um mês antes, os rios da região já registram baixas recordes na comparação com as séries históricas verificadas em agosto, informa a Agência Brasil.
Dados do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (CENSIPAM), órgão ligado ao Ministério da Defesa, mostram que o rio Solimões está 3 metros abaixo da média observada nesse período. A seca no Amazonas já fez 20 cidades do estado declararem emergência, relata o Jornal Nacional.
A situação se repete em outros estados da região. Alguns dos afluentes do rio Solimões, como o rio Madeira, que banha Rondônia, e o rio Acre, no estado de mesmo nome, registram cotas próximas aos mínimos históricos.
Em Rio Branco, o nível do rio Acre está a apenas 12 centímetros da menor cota já registrada na história, 1,25 m, em outubro de 2022, relata a Folha. Segundo a Defesa Civil da capital acreana, o nível chegou a 1,37 m na 4ª feira (21/8). A situação é considerada preocupante.
O Acre vive uma das piores secas de sua história. Isso fez com que a Defesa Civil Nacional reconhecesse a situação de emergência em 21 das 22 cidades do estado, informa o R7. Em Jordão, a 460 km de Rio Branco, a prefeitura decretou estado de calamidade pública, relatam g1 e ac24horas.
Em Assis Brasil, vídeos feitos pelo coordenador da Defesa Civil do município, Jonata Albuquerque, e exibidos pelo g1 mostram que o rio Acre está praticamente seco na cidade. Com a baixa drástica do nível do curso d’água, é possível atravessar a pé, pelo leito do rio, para a cidade de Iñapari, no Peru.
Com a estiagem piorando em toda a Amazônia, o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) aprovou o repasse de R$ 11,7 milhões para combater a seca na região, informa a CNN. A verba foi destinada para ações da Defesa Civil de Amazonas e Roraima. O MIDR reconheceu estado de emergência em 53 municípios dos dois estados, além de cidades do Acre e de Rondônia.
21 ago. 2024
Seca faz rio Negro atingir nível crítico, e Solimões tem menor cota para agosto da história
Imagem de ribeirinho salvando boto em leito seco do rio Madeira viraliza e revive trauma da estiagem de 2023, que pode ser pior este ano.
Um vídeo que viralizou nas redes sociais escancara a gravidade da seca na Amazônia. Nele, um ribeirinho está com um boto nos braços. O animal ficou encalhado em um banco de areia no leito seco do rio Madeira, e o homem corria para levá-lo para um trecho ainda cheio do rio, mostra o Portal do Holanda. Inevitável não lembrar dos mais de 100 botos mortos no lago Tefé, no rio Solimões, pela estiagem extrema e o superaquecimento da água em 2023.
Assim como ocorreu em 2023, a estiagem chegou antes do tempo habitual, afetando comunidades e a vida selvagem. E tudo indica que a tragédia será mesmo pior neste ano. Somente no Amazonas, 20 municípios estão em situação de emergência por conta da seca, informam CBN, A Crítica e Amazonas Atual, com 27 mil famílias afetadas – 111.959 mil pessoas, segundo a Defesa Civil do estado.
No domingo (18/8), o Solimões atingiu, em Tabatinga (AM), uma cota de 2 centímetros, a menor para o mês de agosto desde o início das medições. Antes disso, o nível mais baixo já registrado havia sido de 8 centímetros em 2005, lembra o Poder 360. Para se ter uma ideia da gravidade deste recorde, a média para o mês é de 4,45 metros, segundo o Sistema Integrado de Monitoramento e Alerta Hidrometeorológico (SipamHidro).
Na 2ª feira (19/8), o rio Negro atingiu um nível crítico de vazante em Manaus, com 22,76 metros, informou a Defesa Civil do Amazonas. Dados do Porto de Manaus mostram que, só em agosto, o rio caiu 2,42 metros, totalizando uma redução de 4,09 metros desde o início da vazante. A situação é a mesma nas bacias do Alto Solimões, Médio Solimões e Médio Amazonas. Todas, segundo a Defesa Civil, estão em nível crítico de vazante, relata o g1.
Em julho, por causa das previsões de temperatura acima e das chuvas abaixo da média, o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (CENSIPAM) e o governo do Amazonas alertaram para a possibilidade de seca severa na região. O pico da vazante ainda é esperado para outubro, tanto no Solimões, como nos rios Negro e Amazonas.
Via ClimaInfo
21 jun. 2024
Via Climainfo
Na véspera do começo da temporada seca, rios da Amazônia já apresentam níveis baixos; a expectativa é que a vazante supere o recorde de 2023.
Faltando duas semanas para o começo oficial da temporada seca na Amazônia, os rios do bioma já apresentam sinais preocupantes. O principal temor é que o clima seco esperado nos próximos meses traga complicações iguais ou até mesmo maiores que as observadas no ano passado, quando a vazante dos rios amazônicos atingiu seu pior nível histórico.
O g1 destacou a movimentação de comunidades que vivem nas margens dos rios e dependem de sua água, especialmente no estado do Amazonas. Os impactos vão muito além da falta de água para abastecimento hídrico: os rios mais secos prejudicam a circulação de pessoas e mercadorias, já que o transporte na região central da Amazônia é totalmente dependente do modal fluvial.
“A gente está falando de um cenário crítico que se avizinha, e um dos problemas que nós tivemos ano passado, entre outros, foi o isolamento”, observou o secretário da Defesa Civil do governo do Amazonas, coronel Francisco Máximo. “Nós estamos com uma preocupação muito grande, principalmente com os ribeirinhos”.
A seca também preocupa as empresas instaladas na Zona Franca de Manaus. A Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (ELETROS) divulgou uma nota de preocupação com os impactos da estiagem no Amazonas. “É importante que o poder público tome medidas urgentes e imediatas para mitigar os impactos adversos da iminente estiagem”, assinalou o grupo, citado pelo g1.
A recorrência de fortes secas na Amazônia é mais um indício dos efeitos das mudanças climáticas na maior floresta tropical do planeta. Além de intensificar fenômenos climáticos naturais, como o El Niño, o aumento da temperatura média da Terra também está causando um aquecimento generalizado dos oceanos, o que pode ter um papel na intensificação das secas na região amazônica.
“[A seca dos últimos anos] é uma amostra” do que está por vir, pontuou José Marengo, cientista do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (CEMADEN), ao InfoAmazonia. “Parece que agora estamos olhando para algumas dessas coisas que poderiam acontecer nas próximas décadas”.
Ainda sobre secas amazônicas, a revista Nature publicou nesta semana um novo estudo que mapeou os efeitos da seca nas diferentes áreas da Amazônia. Segundo a análise, além do clima em si, o impacto da seca depende também de características da própria área, como a profundidade dos lençóis freáticos e o tamanho das raízes.
O estudo analisou dados de satélite que cobrem três períodos de seca na Amazônia – 2005, 2010 e 2015-2016. De acordo com os pesquisadores, a análise mostrou que algumas regiões aumentaram em áreas verdes durante a seca porque a água subterrânea era mais próxima à superfície.
Esse resultado foi mais observado na região sul da Amazônia, em uma bacia sedimentar conhecida como Escudos Brasileiros. Ao mesmo tempo, as porções da floresta amazônica ao norte, concentradas no Escudo da Guiana, onde o solo é menos fértil e as águas mais profundas, também apresentaram resiliência, ainda que menor, por conta das raízes profundas das árvores.
“Quando falamos sobre a Amazônia estar em risco, pensamos como se fosse uma única coisa. Esta pesquisa mostra que a Amazônia é um mosaico rico em que algumas partes são mais vulneráveis. Essa é a chave para compreender o sistema e, em última análise, protegê-lo”, afirmou Shuli Chen, cientista da Universidade do Arizona (EUA) e autora principal do estudo, à VEJA.
O Correio Braziliense também repercutiu a análise.
11 jun. 2024
Via ClimaInfo
Tragédia climática no RS afetou 195 mil pequenas empresas e 711.000 empregos diretos
Águas baixando, conta subindo: governo gaúcho já calcula R$ 62 bilhões em prejuízos, enquanto indenizações, que já somam R$ 1,6 bilhão, devem mais que dobrar.
Bilhões de reais já foram destinados ao Rio Grande do Sul para recuperação e apoio à população gaúcha após a catástrofe climática que durou um mês inteiro. No entanto, o preço da tragédia ainda não atingiu seu teto. Com o recuo das águas, é hora de fazer mais cálculos. E as cifras continuam subindo.
Preliminarmente, o governo do RS estima prejuízos de R$ 22 bilhões em fluxo de transações e de R$ 35 a R$ 40 bilhões em estoque de capital. Por isso, pede socorro da União para garantir neste ano um nível de arrecadação equivalente ao de 2023, além de um programa de flexibilização de contratos de trabalho para empregados da iniciativa privada, em modelo semelhante ao da chamada Lei do Bem [Benefício de Manutenção de Emprego e Renda], aplicada no período da pandemia de COVID-19, detalha o Valor.
Uma análise do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) havia mostrado que 95% dos 3,2 milhões de empregos no estado foram atingidos pela tragédia. E outro levantamento, da plataforma LifesHub, detectou que o impacto é ainda maior em micro e pequenas empresas.
Em entrevista à CBN, Ademar Paes Júnior, CEO da LifesHub, informou que cerca de 195 mil micro e pequenos negócios foram impactados pelos alagamentos, afetando pelo menos 711 mil empregos diretos. Para o especialista, é preciso apurar o olhar para essas empresas, e assim, restabelecer tanto a dignidade dos empreendedores quanto das pessoas que trabalham nesses setores.
Para Paes Júnior, as empresas enfrentam uma situação de calamidade. E agora, após uma fase de grande atenção humanitária, é crucial o foco nas micro e pequenas empresas, que foram duramente afetadas e precisam de apoio.
Outro setor a atualizar as contas é o de seguros. As estimativas de indenizações na faixa de R$ 1,6 bilhão devem mais que dobrar rapidamente, disse o presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), Dyogo Oliveira. Pelo último levantamento da associação, há duas semanas, o total de sinistros reportados já tinha passado de 23 mil, informa o Investing.com.
Um dos símbolos da paralisação do estado é o aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, onde a água deixou aviões submersos. No fim de semana passado, começou a operação de limpeza do terminal, mostra o g1, e o aeroporto só deverá voltar a operar no Natal, avalia o governo federal.
A retomada da economia no RS após a tragédia climática deve ter metas claras e começar pelo saneamento e pela garantia de dignidade das pessoas. Sem isso, a reconstrução pode levar décadas, e o estado pode ter fuga de jovens, avaliam especialistas ouvidos pelo UOL.
“O que temos é um cenário de guerra”, lembrou Mário Mendiondo, coordenador científico do Centro de Estudos e Pesquisas em Desastres (CEPED) da USP. “Se houver um plano claro, a recuperação, em vez de décadas, pode levar anos.”
E nesse momento em que a recuperação vai ganhando contornos mais nítidos, Mahryan Sampaio chama atenção no Um só planeta para a necessidade de que a adaptação climática gaúcha seja antirracista. Ela frisa que adotar medidas extraordinárias para desastres sem pensar em planejamento é como “secar a água que cai de uma torneira aberta, em fluxo contínuo”.
“A sequência de erros na gestão de riscos climáticos têm custado vidas, e a carne mais barata do mercado continua sendo a carne negra. Hoje existem cerca de 6,8 mil famílias quilombolas no RS que foram severamente atingidas. Quando questionado, o poder público afirma que será impossível atender a todos. Nos encontramos novamente em uma representação da necropolítica: escolhe-se quem vive e quem morre com base na cor da pele, em classe social, gênero e CEP. E esse é um dos motivos que ilustra que, além de cobrar por políticas efetivas de adaptação, é fundamental que elas sejam antirracistas.”
Em tempo 1: A quantidade de chuvas que caiu no RS entre o fim de abril e o começo de maio foi tão grande que rompeu a escala do gráfico usado para visualizá-las, destaca a Agência Pública. O mapa de anomalia de precipitação do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), que compara os volumes observados no mês com a média histórica de 1961 a 1990 para o período, não foi capaz de dar conta da dimensão do fenômeno. “Toda a área em azul mais escuro no estado ficou acima de 500 mm, de ponta a ponta. Em Porto Alegre, a normal climatológica para maio é de 112,8 mm, mas choveu 539,9 mm”, explica Marcelo Schneider, coordenador do distrito de meteorologia de Porto Alegre do INMET. Na capital gaúcha, foi o mês mais chuvoso em 108 anos, desde quando começaram os monitoramentos contínuos do INMET na região, em 1916.
Em tempo 2: No próximo fim de semana os municípios gaúchos podem registrar em 72 horas um acumulado de chuva superior à média prevista para o mês, com os volumes podendo variar entre 150 mm a 200 mm, alerta a Defesa Civil. As instabilidades ocasionadas pela passagem de uma frente fria vão atingir todo o estado, mas as regiões dos Vales, Metropolitana, Porto Alegre, Litoral Norte e Serra deverão ter os maiores acumulados, informam g1, Valor e Agência Brasil. No domingo (9/6), o total de mortos pela tragédia climática que atingiu o RS em maio subiu para 173, e o número de desaparecidos caiu de 44 para 38, detalha o g1.
05 jun. 2024
Equador impotente diante da seca
O Equador tem sofrido cortes diários de energia elétrica devido a seca. As hidrelétricas não têm água para geração, sendo desligadas. O Equador é particularmente vulnerável; quase 80% da sua energia depende da geração energia hidroelétrica.
O presidente Daniel Noboa declarou estado de emergência por 60 dias.
Juan Sebastián Proaño Aviles, coordenador de sustentabilidade e professor de engenharia mecânica na Universidade San Francisco de Quito, prevê que a escassez esporádica de energia continue durante anos.
A baixa pluviosidade do Equador tem ligações com o El Niño , um padrão climático que causa períodos de seca prolongados na região – no Brasil a seca na bacia Amazônica tem conexões com o fenômeno. As mudanças climáticas aumentam a intensidade e a duração dos eventos extremos como a atual seca.
04 jun. 2024
Tragédia climática no RS afetou 95% dos empregos do estado
Via ClimaInfo
Após um mês de catástrofe, manifestantes aproveitam a trégua das chuvas e protestam contra os governos do RS e de Porto Alegre, acusando-os de descaso.
Depois de um mês ininterrupto de chuvas e inundações castigando quase todo o seu território, o Rio Grande do Sul teve, enfim, vários dias seguidos de sol. Por enquanto, os eventos climáticos extremos deram uma trégua.
Com o fim dos temporais e o recuo das águas, mostra o Estadão, os gaúchos começam a retomar suas vidas. A Bloomberg lembra que 600.000 pessoas foram deslocadas, movimento que avalia como a mais recente migração climática em massa do mundo. Mas não sem protestar contra os responsáveis pela tragédia.
Ao mesmo tempo, mais cálculos sobre os prejuízos decorrentes da catástrofe vão sendo feitos. E como era de se esperar, os números só aumentam.
O Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) avaliou o impacto da tragédia climática no mercado de trabalho local. De acordo com a análise, 95% dos 3,2 milhões de empregos no estado foram atingidos, detalha o UOL. E o prazo para a recuperação é desanimador, avalia a entidade.
“O governo do estado terá de criar um plano de fomento e subsídios para ajudar que novamente os habitantes possam ter uma vida digna, próxima dos padrões que tinham antes desta supertragédia acontecer”, reforçou o presidente-executivo do IBPT, João Eloi Olenike.
Na agropecuária, uma das principais atividades econômicas gaúchas, as inundações causaram um prejuízo de cerca de R$ 3 bilhões em áreas totalmente inundadas, informa a Globo Rural. O cálculo, preliminar, é da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (FARSUL) a partir de um mapeamento com 550 produtores gaúchos de porte médio. Mas a própria entidade considera que tal cifra está muito aquém do prejuízo “real”.
Aumentam também os protestos e as manifestações para evitar que a tragédia se repita. Na 6ª feira (31/5), a Eco pelo Clima promoveu em Porto Alegre a “Marcha Global pelo Clima” pedindo a decretação de emergência climática no estado – o que já havia sido reivindicado em novembro do ano passado. Os manifestantes destacaram que as enchentes são fruto do descaso dos governantes, a quem chamaram de “negligentes e incompetentes”.
Eles se referiam ao governador Eduardo Leite (PSDB) e ao prefeito da capital, Sebastião Melo (MDB), relatam Brasil de Fato e Agência Brasil.
Em outra frente, foi lançada a “Manifestação aos porto-alegrenses sobre o sistema de proteção contra inundações de Porto Alegre”. O documento, apoiado por diversos engenheiros, arquitetos e ex-integrantes do Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE) e do extinto Departamento de Esgotos Pluviais (DEP) da capital, ressalta que é necessário estudar a ampliação e o aperfeiçoamento, em nível estadual, de alternativas para os sistemas de proteção contra inundações, explica o Jornal do Comércio do RS. Na semana passada, a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (AGAPAN) já havia divulgado um documento detalhando as principais alterações promovidas por Leite na legislação ambiental do estado e seu peso na tragédia climática que atingiu os gaúchos. Segundo a AGAPAN, o governador mente ao dizer que as mudanças trazidas por ele não agravaram os efeitos das enchentes que assolam a região, destaca ((o))eco.
A destruição do meio ambiente não se limita ao Executivo local. O Brasil de Fato, em matéria reproduzida pela Carta Capital, destaca o papel do Congresso Nacional no que o Observatório do Clima chamou de “Pacote da Destruição”: um conjunto de leis e propostas de emenda à Constituição que flexibilizam a legislação ambiental. “A direita e a extrema direita têm no meio ambiente um inimigo declarado”, reforçou o secretário-executivo do OC, Marcio Astrini.
Em tempo 1: O Ministério das Mulheres enviou ao governo do RS um documento com diretrizes para serem aplicadas em emergências climáticas e crises humanitárias para proteção de mulheres e meninas afetadas nessas situações. O documento se baseia em experiências implementadas pela ONU Mulheres em casos semelhantes e incorpora contribuições da sociedade civil, como de representantes dos movimentos de mulheres e feministas do estado e de agentes governamentais, informa a Folha.
Em tempo 2: Pouco mais de dois meses após o rio Acre, em Rio Branco (AC), alcançar a segunda maior cota histórica e atingir mais de 70 mil pessoas com uma enchente devastadora, o manancial chegou a 2,52 metros em maio, a menor marca para o mês nos últimos cinco anos, relata o g1. A situação alerta para a possibilidade de um período de seca no Acre que, segundo especialistas, pode se antecipar e se tornar cada vez mais frequente em um menor espaço de tempo. Mais um efeito inegável das mudanças climáticas.
04 jun. 2024
Bombeiro e brigadista planejam incêndios para ganhar hora extra
– Causaram a morte de 135 pessoas e 16 mil ficaram feridas em Viña del Mar, Chile, em 2023.
Por 420 mil pesos chilenos ou cerca de 460 reais Franco Pinto, segundo o bombeiro comparsa Francisco Mondaca, autor material dos incêndios iniciais jogando cigarros e fósforos pela janela do carro. Os incêndios criminosos ocorreram em fevereiro de 2023.
Franco Pinto norteou o bombeiro para colocação do fogo para ganhar horas extras e receber mais dinheiro pelo tempo extra envolvido no combate aos incêndios. Entre outubro de 2023 e abril de 2024, Pinto realizou 319 horas extras.
Pinto indicou para Mondaca o que fazer e que o dia 2 de fevereiro seria o ideal graças às condições climáticas com calor e vento e que na Reserva Florestal Lago Peñuelas havia abundante combustível (capim seco).
Eles foram detidos no dia 24 de mais ultimo depois de cuidadosa investigação do Ministério Público, que a atenção das instituições a que pertenciam os dois detidos : “Seria de se esperar que tanto a Conaf quanto o Corpo de Bombeiros revisem seus protocolos de entrada para conseguir filtrar melhor”, finalizou.
Com informações do La Tercera e outros meios.
29 mai. 2024
Amazônia com menos chuvas até agosto
Dados indicam o prognóstico das chuvas até agosto devem ficar abaixo da média esperada, principalmente na parte Central e Norte da Bacia Amazônica. “É um ano que vai chover menos, ainda em consequência do fenômeno El Niño”, afirma o físico, doutor em Meteorologia e coordenador do LABCLIM, Francis Wagner Silva Correia.
(A Crítica)
24 mai. 2024
Rios Grande do Sul, BNDES e custos de recuperação
O BNDES tem estudos e iniciativas com o MMA para medidas de mitigação, adaptação e também para perdas e danos, disse o secretário de Planejamento do banco, Nelson Barbosa, em entrevista à Míriam Leitão na Globonews, repercutida n’O Globo. Quanto à recuperação do RS, Barbosa disse que os primeiros estudos mostram que o custo pode ser de R$ 70 bilhões a R$ 100 bilhões ao longo de 10 a 15 anos. Mas o número final ainda é uma incógnita.
Os custos econômicos de tragédias como a gaúcha também estão no radar das instituições financeiras. Que ainda não sabem o quanto terão de desembolsar diante do “novo anormal” – mas continuam financiando projetos de combustíveis fósseis que pioram a crise climática. “É só a ponta do iceberg, o começo do que vem pela frente”, disse o CEO do Itaú, Milton Maluhy, em referência à dimensão ainda desconhecida dos impactos do problema climático extremo e também sobre a possibilidade de eventos do gênero se tornarem mais frequentes, explica o Valor.
Outra lacuna é a falta de projetos de adaptação pelos municípios, informa o Valor. “Quem precisa apresentar esses projetos são as cidades. Uma das áreas que temos que trabalhar é na estruturação de projetos junto com os prefeitos porque não adianta ter o dinheiro se não tem projetos chegando”, afirmou Ana.
“Reconstrução atrai muito dinheiro, enquanto obras de prevenção são iniciadas em uma administração, mas quem leva o crédito é a seguinte”, disse José Marengo, pesquisador do CEMADEN, em evento da USP reportado pela Agência FAPESP. “Não temos como parar as chuvas, mas temos como salvar a população”, explicou o especialista, destacando que isso pode obrigar a realocação de cidades inteiras. Marengo afirmou que o Brasil gasta quase o triplo para remediar do que aplica em prevenir desastres. Entre 2013 e 2023, 1.997 pessoas morreram em decorrência de eventos extremos, com R$ 485 bilhões em prejuízos econômicos, enquanto os recursos para prevenção vêm diminuindo desde 2014.
“As cidades precisam se antecipar à crise do clima”, disse n’O Globo o coordenador do Subprograma de Mudanças Climáticas do PNUMA, Niklas Hagelberg. Que reforça que a catástrofe climática no RS mostra como eventos extremos podem impactar as comunidades.
Os eventos contrastantes de seca na Amazônia e excesso de chuvas no Sul são lembretes gritantes da gravidade dos impactos climáticos. Eles ilustram a necessidade de estratégias de adaptação dinâmicas e flexíveis que possam enfrentar os diversos desafios enfrentados por diferentes regiões”, ressaltou.
Em tempo: Com mais chuvas em Porto Alegre, o nível do lago Guaíba, que caiu para menos de 4 m após 20 dias, subiu 14 cm, informa o g1, chegando a 3,96 m na madrugada de 5ª feira (23/5). A água voltou a alagar ruas do bairro Menino Deus, relata a Matinal, porque uma das estações de bombeamento operava abaixo de sua capacidade – e não houve alerta prévio da Defesa Civil para inundações. O número de mortos na tragédia climática do RS chegou a 163 em todo o estado, e ainda há 72 desaparecidos, relata a Folha.
21 mai. 2024
Chile. Frio extremo
O Chile enfrenta a maior e feroz onda de frio em décadas. O país enfrenta a mais intensa onda de frio no outono em quase 70 anos, trazendo um inesperado clima de inverno não esperado. Raúl Cordero, climatologista da Universidade de Santiago, afirma que é ‘a mais longa onda de frio já registrada’ na capital, Santiago.
21 mai. 2024
Tragédia no RS: socorro ao estado pode custar R$ 118 bi ao governo federal
Via ClimaInfo
Estimativa equivale a 1% do PIB brasileiro, mas única certeza até agora é que custo da inação climática será exponencialmente maior que o da prevenção.
Várias projeções sobre o valor que deve ser aplicado na recuperação do Rio Grande do Sul já surgiram desde o início da catástrofe climática, há cerca de 20 dias. A cada momento, o que se vê são cifras crescentes. E como o recuo total das águas ainda é incerto, a única certeza que se tem é que o custo da inação em relação às mudanças climáticas será exponencialmente maior ao que poderia ter sido aplicado em ações de mitigação e adaptação.
Uma das estimativas é da BRCG, mostra o Valor. A consultoria prevê que o impacto das medidas de apoio ao RS sobre a despesa primária do governo central deve ser de 1% do PIB. São gastos de até R$ 117,8 bilhões, com um governo proativo. As despesas primárias não incluem dispêndios com juros.
Ser um “governo proativo”, segundo a BRCG, significa ser mais atuante que em emergências climáticas anteriores, como nos deslizamentos na Região Serrana do RJ, em 2011. Caso o governo siga o padrão de outras tragédias, o gasto primário será de R$ 70 bilhões – 0,6% do PIB, no cenário-base do relatório.
Nas últimas semanas, as medidas anunciadas pelo governo somaram cerca de R$ 62 bilhões, segundo a consultoria. Desses, R$ 12 bilhões são de impacto primário – que não inclui uso de recursos do FGTS, linhas de crédito multilateral ou suspensão de pagamentos devidos pelo RS à União, entre outros. Mas esses números devem crescer – e muito além do que projetou o governador gaúcho, Eduardo Leite, destaca a Reuters.
O diretor do BNDES, Nelson Barbosa, defendeu a criação de uma linha de crédito para auxiliar a reconstrução do estado, informa a Folha. “Os eventos climáticos do Rio Grande do Sul vão requerer uma linha de crédito especial para reconstrução. Já temos linhas para mitigação e adaptação e agora temos que pensar também em linha para cuidar de perdas e danos”, afirmou.
Se o valor da recuperação ainda não tem limite, as cifras para adaptação são mensuráveis – e muito baixas. Quando acontecem. Pesquisa da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) divulgada na 2ª feira (20/5) mostra que a maioria dos municípios (68,9%) nunca recebeu recursos financeiros para prevenção de eventos climáticos extremos, como secas, inundações e deslizamentos, e apenas 22,6% dos gestores disseram que suas cidades estão preparadas para lidar com o aumento dessas calamidades, segundo o Valor.
A iniciativa privada também vai fazendo – e aumentando – as contas da catástrofe gaúcha. Que, assim como os custos governamentais, vão acabar batendo no bolso dos consumidores de todo o país.
O Agrolink fala de “severas consequências” ao setor leiteiro do estado que já impactam os preços do leite e derivados. O Estadão informa que grandes redes de supermercados e de atacarejo começaram a racionar as vendas de arroz, leite, óleo de soja e feijão. Duas unidades da Gerdau no estado não sofreram danos, mas não têm previsão de retomada pois estão sem condições de trabalho, relata o Valor. Segundo o g1, a Volkswagen deu férias coletivas em 3 unidades no país por impacto na produção provocado pela tragédia. E ao Valor a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (ABDIB) previu que reconstruir a infraestrutura gaúcha vai levar 10 anos – pelo menos.
Não para aí. Estudos elaborados pela S&P Global, Itaú Unibanco e outras instituições, citados na Forbes Brasil, estimam que há risco de perda de cerca de 4% da produção nacional de soja; impactos no plantio de grãos da safra 2024-2025, que começaria no próximo trimestre; dificuldades de escoar parte da safra agrícola já colhida; e fechamento temporário de parte do setor de serviços, interferindo nos empregos e na arrecadação.
Por isso, o economista Ricardo Carvalho, da Universidade Católica de Brasília, ressalta ao Valor que os recursos para o RS também precisam apoiar empresas e trabalhadores afetados, não apenas a infraestrutura pública: “Grande parte da política de redução de desastres é voltada ao setor público. Os municípios que recebem dinheiro conseguem recuperar sua estrutura, mas firmas e trabalhadores afetados ficam mais desamparados.”
“Vamos gastar bilhões de reais para deixar funcional novamente a nossa vida aqui no Rio Grande do Sul. Estamos pagando caro por ocupar o lugar da água”, resumiu o geólogo Rualdo Menegat, doutor em Ecologia de Paisagem e professor da UFRGS, em entrevista ao IHU.
Em tempo: Depois do Rio Grande do Sul, as chuvas atingiram a vizinha Santa Catarina. No final de semana, 20 municípios catarinenses entraram em estado de alerta devido às inundações, segundo a Secretaria da Proteção e Defesa Civil (SDC) do estado. Mais de 800 pessoas estavam desabrigadas ou desalojadas, informam Correio Braziliense e IstoÉ.
20 mai. 2024
Brasil/ Mato Grosso do Sul. A seca afetou desenvolvimento do milho de inverno.
A Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul (FAMASUL) indicando perdas nas lavouras milho do estado devido a devido a chuvas insuficientes. A previsão da entidade é que o estado deverá colher 11,4 milhões de toneladas do grão, índice 19,23% menor que 2023.
Na semana passada publicamos que o segundo o boletim semanal de monitoramento de lavouras da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a safra de milho de inverno enfrenta um quadro crítico em partes dos estados do Paraná, de Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo e Minas Gerais. Analisando a informação de maneira geral encontra-se a coincidência com regiões de estados que têm partes importantes de seu território na bacia hidrográfica do rio Paraná. No caso de Mato Grosso do Sul constatamos que na sub-bacia do rio Ivinhema, parte da bacia do Paraná, alguns milhares de hectares de plantações de milho secaram devido à falta de chuvas, fenômeno que também prejudicou plantações de cana da região.
20 mai. 2024
Colômbia. Chuvas intensas leva a rompimento de dique.
Barragem que foi projetada para reduzir o fluxo do rio Cauca e “prevenir inundações em terras agrícolas, rompeu após fortes chuvas no início da estação chuvosa em San Jacinto del Cauca, no departamento do norte de Bolívar.”
Cerca de 40 mil pessoas foram atingidas, dentre las pescadores, agricultores e criadores de gado. O Ministério Público pediu há dois meses que fossem emitidos alertas para retirada de moradores na região da barragem, o que não aconteceu.
20 mai. 2024
A devastação no Rio Grande do Sul. Anotações sobre causas estruturais das enchentes e eventos climáticos extremos
– Todos os indicativos são de que o que aconteceu no Rio Grande do Sul tem conexões com as mudanças climáticas globais e os fenômenos El Niño e La Niña;
– Mais de 90% da área cultivada no Rio Grande do Sul “está degradada”, sendo um dos mais graves problemas a compactação dos solos;
– A compactação impede a infiltração da água no solo, ocasionando o escorrimento rápido para os rios;
– O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e a Assembleia eliminaram cerca de 500 normas de proteção ambiental durante seu primeiro ano de mandato, em 2019;
– Porto Alegre poderia ter se protegido minimamente se o sistema de barreiras construído depois das cheias de 1941 estivessem funcionando e as bombas fossem novas;
– Dados do MapBiomas mostram que entre 1985 e 2022 o Rio Grande do Sul perdeu aproximadamente 3,5 milhões de hectares de vegetação nativa;
– Ocorrendo 800 milímetros de chuva numa floresta ela consegue absorver 150 milímetros, também agindo como um freio para a água, permitindo que ela penetre no solo. E o solo florestal é permeável;
– Quando se desmata para a agricultura, a penetração de água é menor e muitas vezes ela corre em alta velocidade para os rios;
– Rios do Rio Grande do Sul e os cursos d’água das microbacias sofrem com a falta de vegetação ciliar, o envenenamento e o assoreamento, o que contribui para enchentes. A retirada de areia para a construção civil é um problema;
– Apresentação.
– O fenômeno específico que desatou as chuvas sobre o Rio Grande do Sul.
– Efeitos das Mudanças Climáticas.
– El Niño e La Niña.
– Devastação nas Leis Ambientais do Estado.
– Desmatamento – entre 1985 e 2022 o Estado perdeu 3,5 milhões de hectares de vegetação nativa.
– Governo estadual operando com informações climáticas e hidrológicas limitadas ou mesmo falsas.
– Prefeitura da cidade de Porto Alegre não fez manutenção e atualização do sistema de proteção adequadamente.
– Registros sobre topografia e a hidrografia da região do Estado impactada.
– Degradação dos solos.
– Retirada de areia para construção civil.
– A ausência de mata ciliar.
– Pisoteio das margens pelo Gado.
Apresentação
Entre 2021/22 a falta de chuvas levou 426 municipalidades do Rio Grande do Sul a decretarem emergência, situação que se repetiu em fevereiro de 2023, quando 317 municípios foram afetados por nova seca, levando-os a tomarem a mesma medida. Poucos meses depois são as cheias que deixam um rastro de destruição com 75 mortos.
Há algum tempo monitoro os eventos climáticos extremos na América do Sul, com maior atenção aos territórios e principalmente suas bacias hidrográficas e não olhando apenas os limites de países, estudando as conexões com as alterações na temperatura das águas no Pacífico Equatorial, traduzidos como La Niña (resfriamento) e El Niño (aquecimento), pois, como mostrado pelo Climate Predicton Center, do National Weather Service, dos Estados Unidos, esses fenômenos têm repercussão no clima global, sendo que na América do Sul a relação com secas e enchentes estão cada vez mais claras.
Com as informações iniciais sobre as cheias de 2024 no Rio Grande do Sul me convenci da necessidade de estudar as características da região onde estão assentados os limites do Estado, particularmente sua geografia, a hidrografia, alguns efeitos da ocupação econômica e problemas da gestão pública. A partir do que encontrei em algumas publicações científicas, em entrevistas de pesquisadores, publicações em sites especializados e sites da imprensa diária, ousei elaborar e publicar este texto com o objetivo de trazer o que encontrei pelo caminho e alertar para a necessidade de que em cada unidade ambiental é preciso estabelecer ações preventivas específicas para os eventos climáticos extremos, tomando principalmente as bacias hidrográficas como essa ‘unidade’.
Uma conclusão é que para que sejam mitigadas inevitáveis futuras ocorrências extremas se faz necessário um grande plano de prevenção que tenha como ponto de partida o processo de recuperação.
Reconheço minhas limitações com relação a alguns dos temas aqui abordados e, por isto, este é um texto em aberto para correções e acréscimos ao longo do tempo.
Alcides Faria.
O fenômeno específico que desatou as chuvas sobre o Rio Grande do Sul
“Essa situação do Rio Grande do Sul é o sistema de baixa pressão que vem do Oceano Pacífico. Ele gera um sistema de alta pressão no centro oeste e sudeste e o sistema de alta pressão bloqueia o sistema de baixa pressão. As frentes frias chegam ali, não conseguem passar e chove demais, alimentados por um fluxo muito grande de vapor d’água que está vindo da Amazônia e passa paralelo aos Andes.” Professor e climatologista Carlos Nobre, pesquisador do Instituto de Estudos Climáticos da USP e copresidente do Painel Científico para a Amazônia.
Efeitos das mudanças climáticas globais
O bloqueio do sistema de baixa pressão “é um fenômeno que sempre existiu, só que agora, por causa do aquecimento global, globalmente falando, os oceanos nunca estiveram tão quentes e quando eles estão muito quentes, evapora muita água. Então, lógico, um grande elemento dos eventos extremos é o vapor d’água, porque quando o vapor d’água vai para um lugar e chove muito, em outro lugar se faz seca”. Professor Carlos Nobre.
El Niño e La Niña
O El Niño provocou a elevação da temperatura do Pacífico Equatorial desde o ano passado. É um fenômeno que existe há pelo menos dois milhões de anos. A questão agora é que tem aumentado a frequência e a intensidade de ocorrência, com indicações de que estão postas conexões com as mudanças climáticas globais. Algumas evidências: com El Niño chuvas no Sul e seca na Amazônia e quando da ocorrência do La Niña o inverso, secas no Sul e mais chuvas na Amazônia. O Pantanal, no centro da América do Sul, teve o seu extremo – os incêndios de 2020 – durante ocorrência do La Niña.
Devastação nas Leis Ambientais do Estado
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e a Assembleia Legislativa promoveram uma verdadeira ‘devastação’ na legislação ambiental do Estado, acabando com cerca de 500 normas do Código Ambiental durante seu primeiro ano de mandato, em 2019. Esse Código foi construído durante 10 anos. Mais tarde atacou legislações pioneiras como a dos agrotóxicos, criada na década de 80 do século passado. Recentemente autorizou-se a construção de barragens e reservatórios em áreas de proteção ambiental, o que, definitivamente, contribui com enchentes em situações de eventos climáticos extremos.
Em 2021, Leite modificou uma outra legislação ambiental importante do estado, a pioneira lei de agrotóxicos do Brasil. Estabelecida na década de 1980, ela estipulava que nenhum pesticida poderia ser aprovado no estado se não fosse autorizado em seu país de origem. Tal requisito já não é mais aplicado.
Francisco Milanez, presidente da Agapan: ” As mudanças na legislação ambiental estadual estão diretamente relacionadas à magnitude dos impactos das chuvas no Rio Grande do Sul. Como exemplo, ele menciona o aumento do desmatamento desde 2019 em áreas montanhosas, o que contribui para chamadas enchentes de erosão, que ocorre quando a água em excesso, proveniente de chuvas intensas causa o deslocamento e a remoção do solo em uma determinada área… Se replantassem as áreas de preservação permanente, como as encostas dos morros e a mata ciliar das beiras do rio, evitaríamos essas enchentes. Por quê? Porque, suponhamos que tenhamos 800 milímetros de chuva; uma floresta consegue absorver 150 milímetros. Além disso, a vegetação da floresta age como um freio para a água, permitindo que ela penetre no solo. E o solo florestal é permeável. Quando desmatamos para a agricultura, compactamos o solo, impedindo que a água penetre, fazendo-a correr em alta velocidade. Enchente é simplesmente muita água correndo muito rápido. Se conseguíssemos desacelerar essa água, não teríamos enchentes”. (1)
Governo estadual operando com informações climáticas e hidrológicas limitadas ou mesmo falsas
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, afirmou em 2023 (Globonews), após a enchente que atingiu o Estado matando 54 pessoas, que os modelos matemáticos de previsão do tempo de institutos meteorológicos não indicavam o volume de chuvas acima de 300 milímetros nas diversas bacias hidrográficas.
O governador foi desmentido pelo Metsul Meteorologia (2). Em nota pública a empresa afirmou que a declaração não era verdadeira, pois os climatologistas lançaram vários alertas anteriores aos eventos extremos, inclusive advertindo para a possibilidade de chuvas acima dos 300 mm indicados pelo governador.
Outra surpresa: não há dados sobre os afluentes dos principais rios, levando mais tempo para se saber que a água está subindo, fazendo com que muitas vezes se sabe de cheia tardiamente. O professor Fernando Mainardi Fan, do Instituto de Pesquisas Hidrológicas (IPH) da UFRGS, citando o rio Vacacaí, afirma que um bom monitoramento da vazão teria ajudado a prever consequências em cadeia até o Guaíba, onde deságua a maior parte dos rios gaúchos (3).
Cidade de Porto Alegre não fez manutenção e atualização do sistema de proteção adequadamente
Um grupo de 11 especialistas subscreveram um manifesto mostrando que o sistema de proteção contra inundações e de drenagem da água de chuva de Porto Alegre não teve manutenção adequada, não funcionando nas enchentes de 2024 (4). O sistema “é composto por 68 km de diques de terra; 2,65 km de muro na avenida Mauá, no centro da cidade; 14 comportas e diversas casas de bomba espalhadas pelo município. Ao longo do sistema existem 23 casas de bombas, que também possuem comportas. Esse sistema, quando totalmente fechado impede o extravasamento das águas sobre a cidade. Impede a inundação até a cota de 6 m acima do mar” – O recorde histórico é 5,33 metros e foi registrado dia 9/04. Walter Collischonn, pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) confirma, na Folha de São Paulo. a informação de que o sistema é para 6 metros, mas com 5,33 a cidade terminou alagada.
Outro problema que agravou os efeitos da cheia: o sistema de proteção recebeu 23% a menos do orçamento destinado à manutenção dos equipamentos nos últimos sete anos. Estavam previstos R$ 21,5 milhões previstos para o serviço, mas foram gastos R$ 16,4 milhões, segundo informações da Folha de São Paulo (5).
Desmatamento – entre 1985 e 2022 o Estado perdeu 3,5 milhões de hectares de vegetação nativa
Dados produzidos pelo MapBiomas e publicados pela BBC News Brasil (6) mostram que, entre 1985 e 2022, o Rio Grande do Sul perdeu aproximadamente 3,5 milhões de hectares de vegetação nativa, o que é o equivalente a 22% de toda cobertura vegetal original presente no Estado em 1985, formada por florestas, campos, áreas pantanosas e outras formas de vegetação original. Ao mesmo tempo ocorreu um aumento vertiginoso de lavouras de soja (366%), silvicultura e da área urbanizada do Estado.
A topografia e a hidrografia da região do Estado impactada
Devido ao relevo inclinado do Estado, chuvas na parte das serras chegam rapidamente nas partes mais baixas onde está o lago Guaíba, responsável pela inundação de Porto Alegre. O lago recebe essas águas trazidas principalmente pelo rio Jacuí e o sistema Taquari -Antas: “O rio Jacuí é o principal curso d´água do estado do Rio Grande do Sul, pois atravessa a Depressão Central do Estado de norte para o sul, e. após, de oeste para leste. Suas nascentes estão localizadas da região de Passo Fundo, norte do Estado do Rio Grande do Sul, e sua foz, no lago Guaíba, que banha a cidade de Porto Alegre” Revista de Ciências Ambientais, 2017 (8).
Afluentes de alta declividade, alta vazão e/ou baixa concentração de sólidos promovem o aprofundamento natural da margem e/ou do leito do canal a jusante da confluência destes afluentes com o rio Jacuí. O contrário também é verdadeiro. O trecho do rio Jacuí situado a montante da confluência com o rio Vacacaí, por exemplo, por apresentar maior velocidade de fluxo que o seu afluente, provoca pouca deposição sedimentar no seu trecho a jusante da confluência dos dois rios. O rio Taquari, por apresentar alta velocidade de descarga líquida e por apresentar estruturas rígidas nas margens, provoca um efeito de escavação no leito quando deságua no Jacuí.
Degradação dos solos
Mais de 90% da área cultivada no Rio Grande do Sul “está degradada” informa matéria do Canal Rural (8), sendo um dos mais graves problemas a compactação, pois esta impede a infiltração da água no solo, ocasionando o escorrimento rápido para os cursos d’água e os rios.
Mesmo solos não compactados, mas não manejados adequadamente para retenção de água podem contribuir para cheias extremas tanto pelo escorrimento muito rápido como pelo assoreamento com sedimentos que alteram o leito dos rios.
Retirada de areia para construção civil
“A extração de areia no leito do rio Jacuí tem sido a principal responsável pelo atendimento a demanda deste bem mineral para atender a construção civil do Rio Grande do Sul. Tal atividade tem sido responsabilizada pelos processos erosivos observados, principalmente, nas margens desse rio”, registram em artigo os pesquisadores Luis Carlos Zancan Filho e Telmo Fernando Perez de Quadros, na Revista de Ciências Ambientais, de 2017 (7).
A instalação de obras civis ao longo do curso do rio, modificando o curso, tem impacto no fluxo das águas, influindo na erosão de margens. Os barramentos detendo o fluxo de sedimentos ao longo do rio, alteram as vazões e velocidades naturais do rio Jacuí.
A ausência de mata ciliar
Os pesquisadores Luis Carlos Zancan Filho e Telmo Fernando Perez de Quadros, na Revista de Ciências Ambientais, de 2017, também registram que a falta de vegetação nas margens facilita a erosão, principalmente em épocas de cheias.
Pisoteio das margens dos rios pelo gado
A ausência de vegetação ciliar facilita o acesso do gado às margens dos rios, desestruturando as mesmas, como mostrado na imagem abaixo.
- https://www.terra.com.br/planeta/mudancas-em-normas-ambientais-feitas-por-leite-influenciaram-na-dimensao-dos-impactos-das-chuvas-no-rs,d3342b48942e26dde3488fcd0c6d57df1n6vcjdj.html
- https://metsul.com/nota-oficial-declaracoes-do-governador-eduardo-leite-rs/
- https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2024/05/tragedia-mostra-apagao-de-dados-sobre-chuvas-e-falhas-de-operacao-no-rs-apontam-especialistas.shtml
- https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2024/05/porto-alegre-deixa-de-gastar-23-do-orcamento-para-manutencao-do-sistema-contra-cheias.shtml
- https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2024/05/especialistas-criticam-falta-de-manutencao-em-sistema-anti-enchente-de-porto-alegre.shtml
- https://www.instagram.com/p/C6_xEJTt5fd/?igsh=ZXBpb2VpZW92bTd2
- https://www.researchgate.net/publication/315918405_EFEITO_DA_DINAMICA_FLUVIAL_E_DA_ACAO_ANTROPICA_SOBRE_A_EROSAO_DE_MARGENS_FLUVIAIS_O_CASO_DA_MINERACAO_DE_AREIA_NO_RIO_JACUI
- https://www.canalrural.com.br/programas/rural-noticias/das-lavouras-estao-degradadas-68464/
14 mai. 2024
Seca na bacia do rio Paraná provoca quadro crítico para a safra de inverno do milho
– Cenário da bacia indicaria nova crise hídrica?
Alcides Faria
Segundo o boletim semanal de monitoramento de lavouras da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a safra de milho de inverno enfrenta um quadro crítico em partes dos estados do Paraná, de Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo e Minas Gerais. Analisando a informação de maneira geral encontra-se a coincidência com regiões de estados que têm partes importantes de seu território na bacia hidrográfica do rio Paraná.
No caso de Mato Grosso do Sul pude constatar que na sub-bacia do rio Ivinhema, parte da bacia do Paraná, alguns milhares de hectares de plantações de milho secaram devido à falta de chuvas, fenômeno que também prejudicou plantações de cana da região.
O quadro na parte da bacia do Ivinhema identificada – municípios de Nova Andradina e Nova Alvorada do Sul – não pode ser generalizado para toda a bacia, mas é um indicativo que suscita perguntas para estabelecer cenários frente probabilidade de chuvas escassas, o que atividades dependentes da água como transporte, pesca e geração elétrica. Vale lembrar que na bacia do Paraná se tem mais de 60% da geração elétrica brasileira.
Nesse momento é importante olhar para o Pacífico e acompanhar o desenvolvimento da temperatura das águas, geradora dos fenômenos El Niño e La Niña. Segundo o Centro de Predições Climáticas do Estados Unidos se caminha para um cenário “La Niña”, nos próximos meses. Em sua ocorrência anterior a seca na região da bacia do Paraná prevaleceu.
Em Mato Grosso, o desenvolvimento das lavouras na fase reprodutiva é positivo, com a maioria das áreas apresentando bom crescimento, o que é crucial para a fase de enchimento dos grãos.
Por outro lado, a falta de chuvas e o clima quente também foram sentidos em Mato Grosso do Sul, onde contribuíram para a antecipação do ciclo das plantas e redução do peso dos grãos, impactando negativamente o potencial produtivo.
Em Goiás, as condições são variadas. Enquanto a maioria das lavouras apresenta boas condições, as que foram semeadas mais tardiamente estão enfrentando déficit hídrico, o que pode afetar o rendimento final.
Situação similar ocorre em São Paulo e Minas Gerais, onde a falta de chuvas está comprometendo o potencial produtivo das plantações, especialmente aquelas mais atrasadas que enfrentam baixa umidade do solo.
13 mai. 2024
Status do sistema de alerta ENSO: Alerta de El Niño / Observação de La Niña
El Niño – La Niña. Informe do CENTRO DE PREVISÃO CLIMÁTICA/NCEP/NWS
Tradução cortesia de: NWS-WFO SAN JUAN, PORTO RICO
Sinopse: Uma transição do El Niño para o ENSO neutro é possível no próximo mês. La Niña poderá desenvolver-se em Junho-Agosto (49% de probabilidade) ou Julho-Setembro (69% de probabilidade).
Durante abril de 2024, as temperaturas da superfície do oceano equatorial (TSM) abaixo da média mudaram em pequenas regiões do Oceano Pacífico equatorial oriental. Os valores semanais mais recentes do índice Niño permaneceram entre +0,5 C e +0,8 C em todas as regiões, exceto para Niño-3 que estava em +0,. As temperaturas na subsuperfície do mar permaneceram estáveis ao longo do mês, com anomalias negativas estendendo-se da Linha de Data até o leste do Oceano Pacífico. As anomalias dos ventos de baixo nível ocorreram no sentido leste sobre o Pacífico equatorial ocidental, enquanto os ventos de níveis superiores estiveram próximos da média. A convecção foi geralmente próxima da média no Oceano Pacífico equatorial e na Indonésia. Coletivamente, o sistema acoplado oceano-atmosfera refletiu um enfraquecimento contínuo do El Niño e uma transição para a neutralidade ENSO.
As previsões mais recentes do IRI favorecem uma transição iminente para ENSO-neutro com La Niña a desenvolver-se durante Julho-Setembro de 2024 e depois a persistir no Inverno do Hemisfério Norte. A equipe de previsão continua a favorecer a orientação do modelo dinâmico, sugerindo que o La Niña poderá formar-se já em junho-agosto de 2024, com maior confiança no La Niña nas próximas temporadas. La Niña geralmente tende a seguir eventos fortes de El Niño, o que também proporciona confiança na orientação do modelo que favorece La Niña. Em resumo, uma transição do El Niño para o ENSO neutro é provável no próximo mês. La Niña poderá desenvolver-se em Junho-Agosto de 2024 (49% de probabilidade) ou Julho-Setembro .
Esta discussão é um esforço consolidado da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), do Serviço Meteorológico Nacional da NOAA e de suas instituições afiliadas. As condições oceânicas e atmosféricas são atualizadas semanalmente no site do Centro de Previsão Climática (Condições Atuais do El Niño/La Niña e Discussão de Especialistas). Informações e análises adicionais estão disponíveis no blog ENSO. Uma previsão de intensidade probabilística está disponível aqui. A próxima Discussão de Diagnóstico ENSO está agendada para 13 de junho de 2024. Para receber uma notificação por e-mail quando a Discussão de Diagnóstico ENSO mensal estiver disponível, envie uma mensagem para: ncep.list.enso-update@ noaa.gov.
Centro de Previsão Climática
Centros Nacionais de Previsão Ambiental
NOAA/Serviço Meteorológico Nacional
Parque Universitário, MD 20740
08 mai. 2024
Imagem das áreas inundadas ao redor de Porto Alegre do Copernicus Sentinel-2, da União Europeia, do dia 6 de maio
Eles informam que “O módulo de mapeamento rápido (EMSR720) do Serviço de Gestão de Emergências Copernicus (CEMS) foi ativado para avaliar as consequências das inundações.” Com tradução livre do inglês.
Nessas cheias pelo menos 95 pessoas morreram e 128 estão desaparecidas. Mais de 1,4 milhão de pessoas foram afetadas, sendo que 158.992 estão desalojadas e 66.434 foram para abrigos. As causas para tais acontecimentos são várias uma mescla entre mudanças climáticas globais, efeitos do El Niño, destruição de leis ambientais, degradação de solos e não elaboração e desenvolvimento de politicas de prevenção. Barragens de contenção romperam-se, por exemplo, por falta de manutenção.
02 mai. 2024
Brasil: eventos extremos deixam rastros de mortes, destruição e prejuízos de 105 bilhões em 2023
– Levantamento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) mostra que foram 258 mortos, 126,3 mil desabrigados e 717,9 mil desalojados em 2023;
– O excesso ou a falta de água uma das maiores causas das tragédias. Proteção de microbacias e aguas subterrâneas uma necessidade maior.
As perdas econômicas causadas por eventos climáticos extremos atingiram fortemente a agricultura e a pecuária, causando prejuízos na casa dos R$53,6 bilhões e R$15,3 bilhões, respectivamente. A seguir os valores das 8 áreas com maior perda publicada pela CNN:
1. Agricultura: R$ 53,6 bilhões em prejuízos (50,8%)
2. Pecuária: R$ 15,3 bilhões (14,5%)
3. Sistema de transportes: R$ 10,9 bilhões (10,3%)
4. Abastecimento de água potável: R$ 10,8 bilhões (10,2%)
5. Obras de Infraestrutura: R$ 3,9 bilhões (3,7%)
6. Habitação: R$ 3,5 bilhões (3,3%)
7. Comércios locais: R$ 1,7 bilhão (1,7%)
8. Indústria: R$ 1,6 bilhão (1,6%)
Registre-se que a maior parte das perdas estão relacionadas a água – principalmente secas afetando a agricultura e a pecuária e o abastecimento de água no meio urbano. Em anos anteriores a falta de água trouxe enormes prejuízos para a geração elétrica nas hidrelétricas e a navegação na bacia do rio Paraná, onde está a maior parte da geração no Brasil.
A conjuntura ambiental brasileira – e da América do Sul – mostra que os efeitos das mudanças climáticas se abatem fortemente sobre territórios ocupados desordenadamente, devastados por desmatamento e sob o ‘comando’ de atividades econômicas insustentáveis, principalmente quanto a proteção de microbacias hidrográficas e as águas subterrâneas.
02 mai. 2024
Brasil. Rio Grande do Sul. Tragédia climática se repete. Site Metsul indica que evento extremo tem as digitais do El Niño
O governador do Rio Grande do Sul decretou estado de calamidade pública no dia primeiro de maio, justificado por “eventos climáticos de chuvas intensas”. No Estado causaram 13 mortes, 21 pessoas estão desaparecidas e mais de 8 mil desabrigadas. 134 cidades sofreram prejuízos.
A seguir trazemos as manchetes recentes do site especializado Metsul. Traduzem em grande PARTE o tamanho do desastre climático na região Sul.
– EVENTO EXTREMO DE CHUVA NO RS TEM AS “IMPRESSÕES DIGITAIS” DO EL NIÑO. Fenômeno El Niño, que ainda atua, sabidamente provoca grandes extremos de chuva no outono do ano seguinte ao seu começo;
– ENCHENTE CATASTRÓFICA NO VALE DO TAQUARI É A MAIOR DA HISTÓRIA.
Nível do Rio Taquari nesta noite passou pela primeira vez na história da marca de 30 metros. Supera as enchentes de 1941 e 2023.
– Rio Grande do Sul em “situação de guerra”; apelo ao Brasil por ajuda 1 de maio de 2024;
– Frente fria vai avançar pelo RS e SC com mais chuva intensa e temporais 1 de maio de 2024;
– Cheia no Guaíba é iminente e será de grandes proporções 1 de maio de 2024;
– Prefeita descreve cidade “destruída” pela chuva; veja as imagens 1 de maio de 2024 Chuva intensa das últimas horas na Serra agravará enchentes nos vales 1 de maio de 2024;
– Rio atmosférico persistente piora situação da chuva no Rio Grande do Sul 1 de maio de 2024;
– Enchente de grandes proporções atinge Venâncio Aires 1 de maio de 2024.
30 abr. 2024
Clima afeta produção de grãos na safra 2022-2023 e porto de Rosário na Argentina, cai no ranking global
A agência Reuters noticiou que o porto agrícola argentino de Rosário perdeu a posição de segundo centro de exportação de grãos do mundo em 2023, segundo um relatório da Bolsa local. Tal fato se deve ao fato à seca que reduziu a produção de grãos na safra 2022/2023 – a Argentina produziu a metade do esperado de soja e milho.
O embarque em Rosário foi 42,4 milhões de toneladas de grãos em 2023, ficando abaixo do porto de Santos, no Brasil, que exportou 62,3 milhões de toneladas. O porto que mais exportou foi o de Nova Orleans, nos Estados Unidos. O porto argentino foi o primeiro no mundo em 2019 e ocupou o segundo lugar de 2020 a 2022. Os dados são da Bolsa de Rosário.
Espera-se uma recuperação com a safra de 2023/24, embora o milho tenha sido atingido por insetos que espalha uma praga e a soja sofre com clima seco e quente nas regiões agrícolas do Norte do País.
26 abr. 2024
Seca que afetou a Amazônia em 2023 causou a maior queda nos níveis dos rios já registrada, e está relacionada a mudanças climáticas, mostra estudo
Comunidade ribeirinha às margens do rio Purus, no sul amazonense, durante a seca de 2023. Crédito: João Maciel de Araújo.
Intensidade incomum dos fenômenos El Niño e La Niña afetou regime de chuvas da região e resultou também em recordes de temperaturas. Fatores como aquecimento do oceano e expansão do desmatamento também contribuíram para estiagem dura e prolongada. Pesquisadores alertam para risco de substituição da floresta tropical por vegetação de tipo de savana caso tendência de aquecimento e estiagem se mantenha nas próximas décadas.
A Amazônia experimentou em 2023 uma das piores secas de sua história. A baixa acentuada dos níveis dos rios afetou a vida de todos os habitantes da região, dificultando o deslocamento das populações ribeirinhas, e o transporte de água, alimento e outros suprimentos essenciais. Junto com a seca vieram fortes ondas de calor. No lago Tefé, a temperatura da água chegou a impensáveis 39,1 graus Celsius (ºC) no dia 28 de setembro, provocando a morte de peixes e dezenas de botos e tucuxis. A busca por explicações para eventos tão extremos mobilizou uma rede internacional de pesquisadores, entre eles docentes e discentes do Programa de Pós-graduação em Desastres Naturais, que é uma parceria entre o Instituto de Ciência e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de São José dos Campos, e o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). As análises sugerem que tanto o calor quanto a seca que atingiram a maior floresta tropical úmida do mundo já refletem o panorama das mudanças climáticas, tanto em nível local como global. Os resultados do estudo foram publicados em artigo publicado em abril na revista científica Scientific Reports.
Sob coordenação do climatologista peruano Jhan-Carlo Espinoza, do Instituto Francês de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD), a equipe de pesquisadores analisou dados hidrológicos do Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos, operado pela Agência Nacional de Águas e pelo Serviço Geológico do Brasil, além de dados atmosféricos do Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Prazo (ECMWF) e de chuvas, baseados em informação pluviométrica de estações meteorológicas e observações de satélite.
Pior seca já registrada?
A Amazônia já registrou neste século outros episódios de estiagem extrema e prolongada, quase sempre associados à ocorrência do fenômeno climático El Niño: a primeira em 2005, a segunda em 2010, a terceira em 2015 e 2016 e a mais recente em 2022-2023. Estes eventos afetam o bioma sob diversos aspectos. Segundo determinados quesitos, a seca que ocorreu ano passado foi a maior da história. Um destes indicadores é o nível do rio Amazonas e de seus tributários, como o rio Negro, a margem do qual fica a cidade de Manaus. Quando o nível da água no porto de Manaus cai abaixo dos 15,80 m, os estudiosos consideram como um caso de seca severa. Nos anos de 2010, 1963, 1997 e 2005 o nível das águas baixou, respectivamente, a 13,63 m, 13,64 m, 14,37 m e 14,75 m. Pois em 26 de agosto do ano passado, as águas em frente à capital manauara alcançaram apenas 12,70 m, o menor índice desde o começo da série histórica, em 1902. “Do ponto de vista do nível dos rios, esta foi a seca mais forte já registrada”, diz o pesquisador peruano. Ele diz que outros estudos em andamento podem vir a mostrar se esse episódio também foi o mais intenso do ponto de vista, por exemplo, da disponibilidade de água para a floresta, ou de sua duração. “Na verdade, ainda não estou convencido de que a seca tenha chegado ao fim”, diz.
O La Niña dá início à seca
As análises indicam que a porção sul e sudoeste da Amazônia experimentou uma diminuição significativa de chuvas a partir de novembro de 2022. Este já era um evento atípico, pois, historicamente, este período se caracteriza pelo início da época úmida na região. Essa queda nas chuvas estaria relacionada ao esfriamento das águas da região equatorial do oceano Pacífico, fenômeno conhecido como La Niña.
Espinoza explica que a ocorrência de anos consecutivos de La Niña costuma resultar na diminuição da umidade no sul da América Sul, sobretudo na faixa entre o sul do Brasil, norte da Argentina e Paraguai, propiciando longos períodos de estiagem. “No entanto, o La Niña nos últimos anos foi tão intenso que o resultado foi que a diminuição dos níveis de precipitação se estendeu até a Amazônia boliviana, próxima à fronteira com os estados de Rondônia e Acre, e os Andes tropicais”, diz o climatologista, que é o autor principal do artigo. Entre os autores está também José Antônio Marengo, que é pesquisador titular e coordenador geral de pesquisa do Cemaden.
A seguir, o déficit nos níveis de chuva nessas regiões intensificou-se com a chegada do verão austral, entre dezembro de 2022 e fevereiro de 2023. A umidade que chega à bacia amazônica é trazida por ventos que sopram do Atlântico Tropical Norte em direção ao continente. “Esse vapor de água gera chuva sobre a floresta”, explica Espinoza.
Em um primeiro momento, a vegetação e o solo absorvem a água. Em seguida, ocorre um fenômeno conhecido como evapotranspiração: parte da chuva evapora dos solos e as plantas transpiram. Essas ações devolvem uma grande fração da umidade inicial à atmosfera, que produz mais pluviosidade sobre a mata. “Essa interação gera um ciclo perene muito eficiente de reaproveitamento da água”, afirma o climatologista.
Porém, entre dezembro de 2022 e fevereiro de 2023a umidade trazida pelo Atlântico Tropical Norte ficou concentrada no norte da América do Sul, entre a Colômbia e a Guiana. “O esperado era que ela descesse até a Amazônia boliviana, o que não aconteceu”, afirma o pesquisador. A combinação desses fatores impulsionou a seca, fazendo com que atingisse uma área maior da Amazônia e perdurasse por mais tempo.
Entra em cena o El Niño
A situação se agravou entre abril e maio de 2023 com a chegada do El Niño. O fenômeno é caracterizado por um aquecimento acima da média nas águas do Pacífico, na região da linha do equador. Isso acontece quando os ventos que sopram de leste para oeste na região tropical perdem intensidade, e não dão conta de empurrar, em direção à Ásia e à Oceania, a água que apresenta temperaturas mais elevadas, pois foi aquecida pelos raios solares. A água quente permanece parada nesse trecho do Pacífico, evapora mais e favorece o surgimento de chuvas naquela região.
Águas aquecidas tendem a ficar nas regiões mais superficiais do oceano por serem mais leves, ou menos densas, que as frias, que se acumulam na parte mais profunda. Em situações “normais”, isto é, na ausência do El Niño, os ventos que correm de leste para oeste levam as águas quentes e superficiais do Pacífico Tropical das Américas para a Oceania. Esse movimento abre espaço para que as águas frias, mais profundas, subam e ocupem seu lugar. Esse afloramento, denominado ressurgência, ocorre usualmente perto da costa equatorial da América do Sul.
No Brasil, o El Niño provoca um aumento das chuvas no Sul, e seca no Norte. Dessa forma, ao longo de 2023, à medida que o El Niño se intensificou, a Amazônia central e norte ficou mais seca e quente do que o normal. “Com menos chuvas, os níveis dos rios tributários provenientes do sul da bacia, que já estavam abaixo da cota mínima histórica para aquela época do ano, tiveram mais dificuldade para se recuperar”, explica Espinoza.
Os efeitos da seca na Amazônia foram visíveis em todos os grandes rios, como o Negro, Solimões, Purus, Juruá e Madeira. O nível do Negro chegou a descer 20 centímetros por dia entre agosto e início de setembro, segundo o Serviço Geológico do Brasil. É o dobro do registrado em 2022, mas menos do que nas grandes secas amazônicas de 2005 e 2010.
O aquecimento global também intensificou os efeitos da seca, aumentando o calor e diminuindo a quantidade de água disponível para a manutenção da floresta e seu ecossistema. Soma-se a isso o desmatamento e a degradação florestal. “Como a floresta contribui para a formação de nuvens de chuva por meio da evapotranspiração das árvores, a diminuição da cobertura florestal e a piora na saúde da mata podem resultar em menos precipitações”, diz o engenheiro ambiental João Vitor Marinho Ribeiro, aluno de doutorado no Programa de Pós-graduação em Desastres Naturais, e um dos autores do artigo na Scientific Reports.
A proximidade do ponto de não retorno
A intensidade que observamos nos fenômenos El Niño e La Niña no ano de 2023 não pode ser explicada apenas por variações naturais. No texto do artigo, os autores discutem outros fatores que podem ter contribuído para esse ganho de intensidade, e sugerem dois: aquecimento global e desmatamento. A Amazônia fornece uma parte considerável da umidade — por meio dos chamados rios voadores — para as demais regiões do país, como o Centro-Oeste e o Sudeste e o Sul, e da América Latina, atuando como uma espécie de ar-condicionado do clima no âmbito regional. “À medida que é desmatada, ela perde progressivamente a capacidade de retirar mais carbono da atmosfera, o que agravaria o aquecimento global, e de fornecer vapor de água para que a chuva se forme sobre ela mesma e outras regiões”, comenta Espinoza.
“O artigo não chega a fazer prospecções de cenários futuros. Porém, lamentavelmente, se esses dois fatores não forem controlados, a tendência é que tendam a crescer com o tempo. E muitas publicações que analisam cenários futuros sugerem que as condições mais secas e mais quentes, por volta do ano 2050, se tornem algo normal na Amazônia”, diz.
Todos esses eventos ocorrem em um momento em que a Amazônia já perdeu cerca de 18% de sua cobertura florestal e caminha para o que os cientistas chamam de “ponto de não retorno”, o que indicaria o colapso parcial ou total da floresta e a aceleração do aquecimento global.
Se isso acontecer, parte considerável da floresta pode virar uma mata degradada, com menos espécies, ou até um cerrado, com poucas árvores e mais gramíneas. Este processo é chamado pelos teóricos de savanização da Amazônia. “O crescimento das condições secas e de calor vão levar a floresta até o chamado tipping point, ou ponto de não retorno, em que se inicia a savanização. E isso teria implicações muito sérias. A floresta amazônica tem funções muito importantes em umedecer a atmosfera e modular a circulação atmosférica. Sem ela, o clima vai mudar, e o resultado será, por sua vez, uma piora das secas, num processo que se retroalimenta”, diz.
João Vitor Marinho Ribeiro é aluno da primeira turma do Programa de Pós-graduação em Desastres Naturais, onde cursou primeiro o mestrado e agora, o doutorado. É também por esta perspectiva de estudioso dos desastres que ele interpreta os resultados da pesquisa. “Num episódio de seca dessa magnitude, é possível indagarmos de que forma determinar o momento em que os impactos começaram a ocorrer, e também, quando se pode dizer que terão cessado. Afinal, não é porque deixamos de ler notícias sobre esses efeitos que isso seja garantia de que terminaram”, avalia. “Os impactos se dão sob os mais diferentes aspectos: econômico, social, ambiental… E mesmo no lado ambiental há efeitos distintos sobre a fauna, a flora, as propriedades físicas do ambiente. É até difícil quantificar tais impactos, tamanha a escala do evento”, avalia
Ribeiro pondera que as mudanças climáticas estão se mostrando mais intensas, e ocorrendo numa velocidade maior do que sugeriam alguns estudos conduzidos não muito tempo atrás. “É muito importante discutirmos estratégias de mitigação das mudanças climáticas e de combate ao efeito estufa. Mas, uma vez que eventos como estas secas poderão se tornar mais frequentes, fica patente a urgência de investimento em formas que permitam adaptar nossa sociedade a esse novo cenário. E ainda se fala pouco sobre este aspecto da adaptação”, diz.
Via Jornal da UNESP por Rodrigo de Oliveira Andrade
23 abr. 2024
Seca histórica na Colômbia provoca corte no fornecimento de energia elétrica ao Equador
As restrições hídricas na Colômbia impactaram o fornecimento de energia ao país vizinho, que declarou emergência no setor e definiu um “racionamento temporário” de eletricidade.
A crise hídrica na Colômbia virou um problema regional. Na semana passada, as restrições impostas pelas autoridades de Bogotá afetaram a exportação de eletricidade para o Equador, que depende em grande parte do país vizinho para suas necessidades elétricas domésticas.
O aperto acontece em um momento no qual os reservatórios de água, inclusive de usinas hidrelétricas, atingem seus piores níveis em décadas. De acordo com as autoridades colombianas, a média dos reservatórios no país não passa dos 30% da capacidade total. Por conta disso, a Colômbia decidiu suspender o fornecimento de eletricidade ao Equador.
O presidente equatoriano, Daniel Noboa, declarou emergência no setor elétrico e confirmou que o fornecimento de energia passará por um esquema de racionamento nas próximas semanas. Já na última 3ª feira (16/4), houve cortes de até três horas em diversas cidades do país. O governo também anunciou um corte de 50% da tarifa elétrica no período de racionamento, para aliviar os impactos das restrições.
A importação de eletricidade colombiana já acontecia por conta da baixa capacidade das usinas hidrelétricas do Equador, que passa por problemas há alguns anos. O acordo de compra de energia foi firmado na gestão do antecessor de Noboa, o ex-presidente Guillermo Lasso.
No entanto, a forte seca que atinge o noroeste da América do Sul, intensificada pelo fenômeno El Niño, forçou uma série de restrições no uso da água para evitar um colapso no abastecimento hídrico básico. As hidrelétricas colombianas, que respondem por 70% da geração elétrica do país, estão operando muito abaixo de sua capacidade. Por essa razão, o governo colombiano acionou todas as usinas termelétricas do país em sua capacidade máxima.
AFP, Associated Press, BBC e Reuters deram mais informações. Já na imprensa brasileira, a notícia foi abordada pela Agência Brasil, pela CNN Brasil, O Globo, entre outros.
Via ClimaInfo
15 abr. 2024
Ambientalista afirma que área protegida no Mato Grosso evitou danos, mas deveria ser maior
O Parque Nacional da Chapada dos Guimarães (MT) completou 35 anos no último dia 12. Ele abriga mais de mil espécies vegetais e animais em 32.630 hectares.
Segundo o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), quase
“Se não tivesse sido criado há 35 anos, aquele território estaria totalmente degradado e ocupado. Haveria dezenas de condomínios, clubes e chácaras, seria tudo privatizado. Estaria extremamente degradado como o resto da Chapada e de Cuiabá”, afirma o fotógrafo e ambientalista Mário Friedlander.
Uma de suas ressalvas, no entanto, é o tamanho da área destinada ao parque, que, para ele, deveria ser três vezes maior do que é. “Lamento que tenha sido criado um Parque tão pequeno. O que ficou de fora está muito degradado, deveria ter pelo menos o triplo do tamanho”, diz.
Segundo o ambientalista, para quem conheceu a área antes do PNCG, “a diferença é brutal!”.
Via MidiaNews
10 abr. 2024
Brasil. No horizonte, crise hídrica com impactos sociais e econômicos
As chuvas na Bacia do Rio Paraná estão poucas e este processo já está fazendo estragos econômicos. As indicações são de que o quadro deve ser pior nos próximos meses, pois o fenômeno que “mais afeta o clima do Planeta” está em transição: a temperatura das águas do Pacífico Equatorial. O NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica, numa tradução livre), dos Estados Unidos, atualizado, informa que as águas estão ‘saindo’ da condição El Niño, o aquecimento, para um quadro ‘neutral’, devendo chegar na La Niña, o resfriamento, entre junho e julho de 2024.
Voltando no tempo: em 2020/2021 a Bacia do Rio Paraná atravessou uma crise hídrica de grande impacto social e na economia: as chuvas escassas não propiciaram condições para navegação (caso da Hidrovia Tietê-Paraná) e não abasteceram os reservatórios suficientemente para geração elétrica mínima necessária para o País – e aqui uma informação fundamental: mais de 60% da geração hidrelétrica no Brasil ocorre nesta bacia.
Alguns eventos na Bacia do Paraná indicativos:
– o serviço de balsa que conecta a cidade de Presidente Franco, no Paraguai, à argentina Puerto Iguazú foi suspenso segunda-feira 8/4. A causa é a estiagem na Bacia do Rio Paraná. Rochas estão expostas nas proximidades do porto paraguaio (ABC Color e H2Foz);
– o governo brasileiro determinou retenção de água nas barragens da bacia para gerenciar condições de geração elétrica;
– a produção agrícola em algumas regiões do estado do Paraná está com problemas sérios. Produtores solicitam suporte do governo federal.
Por Alcides Faria – diretor da Ecoa
10 abr. 2024
Colômbia.
A capital, Bogotá e 11 municípios vizinhos, implementarão um plano de racionamento de água.
A seca é grave e as indicações são de que está relacionada ao fenômeno climático El Niño – o aquecimento das águas do Pacífico Equatorial.
Nove milhões de pessoas são afetadas.
08 abr. 2024
Chile atravessa uma longa crise hídrica. A sequencia é de 3 anos de uma “mega seca”
O Chile atravessa uma longa crise hídrica. Segundo relatório, de 2022, da organização Meteorológica Mundial (OMM), a mais longa dos últimos mil anos – uma «mega sequência» que dura três anos com “stress hídrico” quase permanente, pois a demanda supera em muito a disponibilidade de água.
Estudo da Fundação Chile destaca que 44% dos problemas hídricos são devidos a falhas na gestão e governança da água, seguidos pelo impacto das atividades produtivas com 17% e pela contaminação química na agroindústria com um 14%. O Chile é um país altamente dependente da água, desde a enorme indústria mineira até a produção agrícola. Seus problemas passam por leis construídas durante a ditadura de Pinochet.
28 mar. 2024
Amazônia de extremos. Roraima
Fogo devastador. “Uma área de 4.580 quilômetros quadrados já foi consumida pelo fogo em Roraima, segundo relatório do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente). É como se quase 460 mil campos de futebol tivessem sido destruídos pelas chamas nesta temporada. Aos poucos, o dado se aproxima do registrado na seca severa de 1998, quando 11 mil quilômetros do território do Estado foram destruídos.” Folha de Boa Vista.
Amazônia / Roraima – a seca.
Após dois decretos reconhecendo oficialmente os efeitos da seca em Roraima, 14 dos 15 municípios do estado estão em situação de emergência.
27 mar. 2024
La Niña a caminho. Prepare-se Brasil – Sul terá seca? No Pantanal virão as condições climáticas para incêndios como 2020?
Na imagem do Modelo de Previsão Europeu são projetadas as “anomalias” na temperatura da superfície do Pacifico equatorial até julho. A fina faixa azul ao longo do Equador, na Costa Oeste da América do Sul, indica água invulgarmente mais fria a sendo puxada para a superfície. Água mais fria caracteriza La Niña e a mais quente, como ocorre desde 2023, o El Niño. Nada impacta mais o clima global do que a temperatura do Pacifico equatorial (NOOA-USA).
20 mar. 2024
Brasil. Nova crise hídrica no horizonte com a chegada do fenômeno La Niña?
O NOOA (National Oceanic and Atmospheric Administration – USA) afirma que nos próximos meses se mantem o fenômeno El Niño, mas a probabilidade de chegada do La Niña a partir de julho é de 62%. O primeiro é o fenômeno de aquecimento das águas do Pacífico equatorial e o La Niña o resfriamento – o NOOA concluiu que nada afeta o clima Planeta do que os 2 fenômenos. O ultimo La Niña provavelmente contribuiu para a crise hídrica que levou à redução na geração hidrelétrica na bacia do rio Paraná em 2021. Essa bacia é responsável por mais de 60% do abastecimento de energia elétrica no Brasil.
A revista Exame trouxe a seguinte informação no dia 18 de março: Além do aumento do consumo de energia, o Brasil sente os efeitos da falta de chuvas. Tanto que o ONS avaliou em reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), em 6 de março, ser necessário manter atenção à baixa afluência registrada em um período que seria tipicamente úmido. O Operador citou que a fase mais importante da estação chuvosa – de dezembro a fevereiro – apresentou volumes de chuva abaixo da média histórica no Sudeste/Centro-Oeste. No entanto, o órgão salientou que por ora não há problema com as hidrelétricas.
14 mar. 2024
América do Sul em queimando, Imagem das últimas 24 horas apontada pelo FIRMS (Fire Information for Resource Management System)
14 mar. 2024
Paraguai. Calor e fogo provoca apagão.
Na segunda-feira uma queimada na localidade de Emboscada provocou a interrupção do fornecimento de energia em parte do País. A temperatura e a sensação térmica passavam dos 40ºC em diferentes cidades paraguaias. De acordo com a Administração Nacional de Eletricidade (ANDE), a queima de pastagens abaixo da linha de distribuição causou o corte de energia. Informações do Metsul.
14 mar. 2024
Brasil de extremos. Mais de 30 cidades do estado do Ceará estão em emergência por seca ou estiagem . Danos humanos, materiais e ambientais. “Um dos motivos que levam a essa necessidade é a péssima qualidade da água, salobra e imprópria para o consumo humano. Os lençóis freáticos da zona rural em nosso município não oferecem água de qualidade, e por conta da alta temperatura no período da estiagem, os reservatórios como poços, açudes e pequenas barragens rapidamente evaporam, trazendo um grande prejuízo hídrico à população carente da zona rural” relata o coordenador Defesa Civil de Itapajé, Auricélio Brito.
14 mar. 2024
Amazônia de extremos
CNN – “No município de Boca do Acre, no interior do Amazonas, perto da divisa do estado com o Acre, cerca de 90% da cidade foi tomada pela inundação causada pelos rios Acre e Purus. Segundo a Defesa Civil do município, mais de 15 mil pessoas foram afetadas. A prefeitura da cidade já montou quatro abrigos públicos em escolas municipais e estaduais. Cestas básicas e água potável estão sendo distribuídas para a população. Em Boca do Acre, o nível do rio chegou a 20,20 metros.
Como o desastre ultrapassou a capacidade de resposta do município, foi necessário decretar estado de emergência. Além de Boca do Acre, o município de Envira e Guajará, também no Amazonas, têm sofrido com a subida dos rios.
Segundo a Defesa Civil estadual, em Envira mais de mil pessoas foram afetadas e 15 estão desalojadas. Em Guajará, são mais de cinco mil afetados e 300 desalojados. O órgão alerta a população sobre os riscos de subida gradual do nível das águas.”
11 mar. 2024
Peru. Peixes e consequências das águas mais quentes com El Niño.
À medida que a temperatura do mar muda, algumas espécies alteram a sua distribuição. Segundo Santiago de la Puente, pesquisador do Instituto Norueguês de Pesquisas Aquáticas, o aumento das temperaturas, aliado aos frequentes e imprevisíveis fenômenos do El Niño, fazem com que a distribuição e o abastecimento do pescado que tradicionalmente os pescadores artesanais do Peru procuram estejam em constante mudança.
Como resultado, estes pescadores, muitos dos quais já lutavam para capturar peixe suficiente devido à sobrepesca, têm de gastar mais tempo e dinheiro na procura das suas espécies-alvo. “Isso significa que [eles não podem] saber quanto vão ganhar ou gastar”, diz De la Puente. “A única coisa que sabem é que terão de se endividar para pagar as contas.”
O pesquisador está preocupado com as complicações que poderão continuar enfrentando ano após ano com as mudanças climáticas e os eventos do El Niño. Ele acrescenta que a falta de estudos sobre o problema dificulta a quantificação dos danos. “Também não temos muita informação sobre o quanto os efeitos do El Niño ou das alterações climáticas afectam os pescadores”, afirma. “E esta lacuna é grave, tendo em conta que a pesca no Peru representa 1% do PIB. “Não é pouca coisa.”
Em busca de flexibilidade na pesca, as mudanças provocadas pelo El Niño podem ter assustado alguns dos animais visados pelos pescadores artesanais no Peru, mas também trazem novos alvos potenciais. Estas incluem espécies que preferem águas mais quentes, como o dourado, o atum e o bonito, explica Gino Passalacqua, oceanógrafo peruano da Universidade da Califórnia em San Diego.
11 mar. 2024
Amazônia dos extremos.
Enquanto em Roraima o governo decreta emergência, por seis meses, em doze municípios, devido à estiagem e incêndios, no Acre a água da cheia do rio Acre arrasa cidades, a ponto de uma delas, Brasileia, se preparar para mudança de local.
A prefeitura da cidade pretende mudar a sede do município para uma parte mais alta, pois foi atingida pela maior cheia do rio Acre – início no dia 24 de fevereiro. Sedes da administração pública e vários órgãos ficaram debaixo da água. Do outro lado da fronteira, na Bolívia, a cheia desabrigou parte da população e causou danos materiais em Cobija.
08 mar. 2024
O El Niño 2023/24 é um dos cinco mais fortes já registrados, segundo a Organização Meteorológica Mundial (WMO)
A WMO define o El Niño-Oscilação Sul (ENOS) como “um fenômeno natural recorrente caracterizado pela flutuação das temperaturas do oceano no Pacífico equatorial, juntamente com mudanças na atmosfera, o qual têm grande influência nos padrões climáticos em várias partes do mundo.” O ano mais quente já registado, devido às alterações climáticas de longo prazo e ao efeito do episódio El Niño de 2023/2024, foi 2023. Segundo a National Oceanic and Atmospheric Administration dos EUA nada influencia mias o clima global do que o El Nino e La Niña. La NIña ocorre quando as aguas do Pacifico resfriam. As ondas de calor intenso e situações extremas entre secas (bacia Amazônica) e chuvas intensas (Sul da America do Sul) observadas em 2023/24 tiveram relação com o El Niño.
04 mar. 2024
Amazônia de extremos
No noticiário a informação de que o rio Acre sofre uma cheia que é a terceira maior já registrada. No domingo, dia 3, estava com 3,68 metros acima da cota de transbordamento em Rio Branco, a capital do estado do Acre. No ano passado, o rio alcançou 17,72 metros na cidade. Já o maior nível já registrado se deu em 2015, quando o patamar de 18,40 metros foi atingido. O Estado decretou estado de emergência para 19 de seus 22 municípios devido a cheias em outros rios. Cerca de 25 mil pessoas tiveram que deixar suas casas.
O desastre acreano estava ‘anunciado’ há alguns dias, pois na Bolívia, em áreas que drenam para os rios do Acre, ocorriam chuvas intensas, destruindo casas e desabrigando milhares de pessoas. O departamento de Pando, vizinho do Acre, declarou-se em desastre. Cobija, município do departamento, está com mais de 2300 desabrigados graças ao “furioso” rio Acre.
15 fev. 2024
A principal corrente de circulação do Atlântico está a caminho do colapso, afirma novo estudo
Mais evidências sugerem que a Circulação Meridional do Atlântico (AMOC) está se aproximando do seu ponto de inflexão.
Estudo (Physics-based early warning signal shows that AMOC is on tipping course) chegou a conclusão que a Circulação Meridional do Atlântico (AMOC), “a correia transportadora do oceano” que leva água quente dos trópicos para Norte, para o Atlântico Norte, aproxima-se de ponto de viragem. Se as conclusões do Estudo forem precisas, o colapso terá impactos profundos no clima mundial.
A AMOC desempenha um papel principal no transporte de calor e água doce ao longo do Atlântico através de uma rede de correntes oceânicas profundas e próximas da superfície. Funciona transferindo águas superficiais quentes e salgadas dos trópicos através do Atlântico Norte. Quando se aproxima do Polo Norte, esfria e forma gelo marinho. A água restante então afunda e é transportada para o Sul, nas profundezas abaixo, completando o ciclo.
Ao trazer água mais quente para o Polo Norte, ajuda a promover condições climáticas mais quentes no noroeste da Europa e no Atlântico Norte. Sem a AMOC , estas partes do planeta seriam muito mais frias.
O grande receio é que as alterações climáticas possam perturbar o ciclo de forma irreparável. Numerosos estudos sugeriram que a AMOC está abrandando e fluindo no ritmo mais fraco dos últimos séculos .
A maioria dos modelos mostra que a AMOC continuará a abrandar à medida que a crise climática se agrava. Quão forte e rápida será o abrandamento? Esse é o debate. Investigação recente sugeriu que poderia entrar em colapso dentro de décadas , talvez até anos, embora esta se tenha revelado uma afirmação controversa.
O novo estudo, cientistas da Universidade de Utrecht, na Holanda, afirmam ter encontrado uma nova forma de detectar um sinal de alerta precoce de que a AMOC se aproxima do colapso. Eles executaram um modelo computacional gigante que simula o fluxo de água doce superficial ao redor do Atlântico Norte ao longo de 2.200 anos.
A principal conclusão é que o movimento da água doce no Atlântico em torno do paralelo 34 Sul, o limite sul do Atlântico, poderia ajudar a prever um colapso iminente na AMOC. Ao observar a quantidade mínima de água doce que está sendo deslocada para cima a partir desta parte sul do Atlântico, eles foram capazes de dizer se a AMOC entraria em colapso nos próximos 20 anos.
O colapso da AMOC iria perturbar “drasticamente” a distribuição de calor nos oceanos do mundo e mais além.
O novo estudo foi publicado na revista Science Advances.
A principal corrente de circulação do Atlântico está a caminho do colapso, afirma novo estudo
Mais evidências sugerem que a Circulação Meridional do Atlântico (AMOC) está se aproximando do seu ponto de inflexão.
Estudo (Physics-based early warning signal shows that AMOC is on tipping course) chegou a conclusão que a Circulação Meridional do Atlântico (AMOC), “a correia transportadora do oceano” que leva água quente dos trópicos para Norte, para o Atlântico Norte, aproxima-se de ponto de viragem. Se as conclusões do Estudo forem precisas, o colapso terá impactos profundos no clima mundial.
A AMOC desempenha um papel principal no transporte de calor e água doce ao longo do Atlântico através de uma rede de correntes oceânicas profundas e próximas da superfície. Funciona transferindo águas superficiais quentes e salgadas dos trópicos através do Atlântico Norte. Quando se aproxima do Polo Norte, esfria e forma gelo marinho. A água restante então afunda e é transportada para o Sul, nas profundezas abaixo, completando o ciclo.
Ao trazer água mais quente para o Polo Norte, ajuda a promover condições climáticas mais quentes no noroeste da Europa e no Atlântico Norte. Sem a AMOC , estas partes do planeta seriam muito mais frias.
O grande receio é que as alterações climáticas possam perturbar o ciclo de forma irreparável. Numerosos estudos sugeriram que a AMOC está abrandando e fluindo no ritmo mais fraco dos últimos séculos .
A maioria dos modelos mostra que a AMOC continuará a abrandar à medida que a crise climática se agrava. Quão forte e rápida será o abrandamento? Esse é o debate. Investigação recente sugeriu que poderia entrar em colapso dentro de décadas , talvez até anos, embora esta se tenha revelado uma afirmação controversa .
O novo estudo, cientistas da Universidade de Utrecht, na Holanda, afirmam ter encontrado uma nova forma de detectar um sinal de alerta precoce de que a AMOC se aproxima do colapso. Eles executaram um modelo computacional gigante que simula o fluxo de água doce superficial ao redor do Atlântico Norte ao longo de 2.200 anos.
A principal conclusão é que o movimento da água doce no Atlântico em torno do paralelo 34 Sul, o limite sul do Atlântico, poderia ajudar a prever um colapso iminente na AMOC. Ao observar a quantidade mínima de água doce que está sendo deslocada para cima a partir desta parte sul do Atlântico, eles foram capazes de dizer se a AMOC entraria em colapso nos próximos 20 anos.
O colapso da AMOC iria perturbar “drasticamente” a distribuição de calor nos oceanos do mundo e mais além.
O novo estudo foi publicado na revista Science Advances.
8 fev. 2024
“O mundo registrou pela primeira vez 12 meses consecutivos com temperaturas 1,5ºC acima da média da era pré-industrial, anunciou nesta quinta-feira o observatório europeu do clima Copernicus. O mês de janeiro foi marcado por uma onda de calor na América do Sul, com temperaturas recordes e incêndios devastadores na Colômbia e Chile, com mais de 130 mortos na região de Valparaíso”. Metsul.
7 fev. 2024
El Niño e mudança climática são pivô de incêndios no Chile e enchentes nos EUA – (The Fingerprints on Chile’s Fires and California Floods: El Niño and Warming)
O New York Times produziu matéria traduzida e publicada pela Folha de São Paulo de hoje (7/1) sobre os incêndios florestais no Chile e as enchentes na California, tratando da conexão entre o aquecimento excepcional da águas do Pacifico Equatorial (El Niño) iniciado em 2023 e ainda permanente neste início de 2024. O texto informa que os incêndios florestais, enquanto varriam regiões costeiras do Chile, mataram mais de 130 pessoas ao passo que no Sul da Califórnia chuvas recordes fizeram com que rios transbordassem e desencadeassem deslizamentos de terra.
A publicação considera que por trás dessa situação estão duas forças poderosas: a mudança climática, que pode intensificar tanto a chuvas quanto secas, e o fenômeno El Niño, que pode contribuir para eventos extremos.
Na Califórnia, meteorologistas vinham alertando há dias que uma forte tempestade fora dos padrões, conhecida como rio atmosférico ou rio voador, estava ganhando força por conta das altas temperaturas do oceano Pacífico. As chuvas começaram no fim de semana e várias cidades entraram em estado de emergência. Na segunda-feira (5), autoridades alertaram que a área de Los Angeles poderia ser inundada com o equivalente à chuva de um ano em um único dia.
No hemisfério Sul, o Chile tem sofrido com a seca há quase uma década. Isso preparou o cenário para um fim de semana infernal, quando, em meio a uma onda de calor severa, os incêndios florestais eclodiram.
Tanto as enchentes quanto os incêndios refletem os riscos climáticos extremos causados pela perigosa combinação de aquecimento global e o El Niño.
O incêndio no Chile e a enchente na Califórnia sucedem o ano mais quente em terra e nos oceanos – anunciam o que 2024 pode ser um dos cinco anos mais quentes registrados, segundo a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA na sigla em inglês).
5 fev. 2024
Chile. 112 mortos e centenas de desaparecidos. País em emergência devido a incêndios florestais
Incêndios devastadores varrem a costa do Pacífico do Chile, destruindo bairros inteiros e prendendo pessoas que tentaram de carro. Autoridades informaram no domingo que pelo menos 112 pessoas morreram e centenas continuavam desaparecidas, alertando que o número de mortos pode aumentar. Valparaíso está tomada pela fumaça negra e a cidade turística costeira de Vina del Mar foi muito atingida.
O presidente Gabriel Boric disse que a situação é muito difícil e a ministra do Interior, Carolina Toha, afirma que o País enfrenta o pior desastre desde o terremoto de 2010, que matou cerca de 500 pessoas.
2 fev. 2024
Colômbia
Normalmente um país com muita umidade nesta época do ano sofre com incêndios devastadores. Mais de 160 km2 foram destruídos pelo fogo. O presidente Petro declarou um desastre nacional no dia 27/01 e pediu ajuda internacional para combater os incêndios, que, segundo ele, podem ultrapassar a Cordilheira dos Andes e eclodir na costa do Pacífico e na Amazônia. Com o presidente do Brasil convocou vários países latino-americanos para um Posto de Comando Unificado para propor estratégias contra as mudanças climáticas.
Os incêndios deste mês na Colômbia são incomuns em um país onde as pessoas estão mais acostumadas com chuvas torrenciais e deslizamentos de terra do que com fogo e cinzas. Eles foram atribuídos às altas temperaturas e à seca agravadas pelo fenômeno climático conhecido como El Niño. Secou florestas, savanas e terras altas normalmente úmidas conhecidas como páramos, transformando partes do país em um barril de pólvora.
Os vizinhos, Venezuela e Equador também sofrem com incêndios.
2 fev. 2024
America do Sul de extremos
Chile
Um novo recorde de temperatura máxima para o mês de janeiro foi estabelecido no dia 31 de janeiro na capital, Santiago. A temperatura chegou a 37,3ºC, a terceira temperatura mais elevada registada em mais de um século de dados, informou a Direção Meteorológica do Chile (DMC).
Via Metsul.
Argentina
Temperaturas acima dos 40ºC na Argentina. Serviço Meteorológico Nacional da Argentina emitiu alerta vermelho para províncias do Oeste do país e o Norte da Patagônia.
Uruguai
Máximas previstas entre 34ºC e 38ºC. O Instituto Uruguaio de Meteorologia, também emitiu um aviso de onda de calor a partir de hoje, 2 de fevereiro.
1 fev. 2024
Sojeiros x Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) – quem tem razão?
Diante das variações climáticas dos últimos meses, trazidas pelo fenômeno El Niño (aquecimento das águas do Pacifico Equatorial), as plantadores de soja tiveram problemas para garantir o plantio e o desenvolvimento da cultura como em anos anteriores, em algumas regiões do País. Este quadro trouxe dúvidas na previsão sobre a tonelagem de grãos que serão retirados das lavouras.
No caso do Mato Grosso, a Associação do Produtores de Soja (Aprosoja) afirma que a previsão da Conab está errada. Lá seriam produzidas 9 milhões de toneladas a menos do que o previsto pela Conab, com prejuízos estimados pela Aprosoja de R$60 bilhões.
30 jan. 2024
Começa o processo de enfraquecimento do fenômeno El Niño
– É altamente provável que o pico do evento de El Niño de 2023-2024 já tenha sido alcançado. Pacífico pode passar à neutralidade no outono.
O processo de enfraquecimento do fenômeno El Niño de 2023-2024 começou. Análise dos dados semanais de anomalia de temperatura da superfície do mar combinados com projeções de modelos numéricos indica com alto grau de probabilidade que o pico do evento do fenômeno já foi alcançado e que a partir de agora a tendência é de gradual decaimento.
O último boletim semanal sobre o estado do Pacífico da agência climática dos Estados Unidos, publicado nesta segunda-feira, indicou que a anomalia de temperatura da superfície do mar era de 1,7ºC na denominada região Niño 3.4, no Pacífico Equatorial Centro-Leste.
Esta região é a usada oficialmente na Meteorologia como referência para definir se há El Niño e ainda avaliar qual a sua intensidade. O valor positivo de 1,7ºC está ainda na faixa de El Niño forte (+1,5ºC a +1,9ºC). A denominada região Niño 3.4 esteve brevemente com anomalias em patamar de Super El Niño por duas semanas seguidas com registros de +2,1ºC na semana de 22 de novembro de 2023 e +2,0ºC na semana de 29 de novembro.
Então, caiu abaixo de +2,0ºC com registro de +1,9ºC na semana de 6 de dezembro de 2023. Na semana de 13 de dezembro, retornou ao patamar de Super El Niño com +2,0ºC. O valor se manteve nos boletins semanais de 20 e 27 de dezembro de 2023.
Neste mês, agora, os boletins semanais da NOAA indicaram anomalias de +1,9ºC nas semanas de 3 e 10 de janeiro e anomalias de +1,7ºC nas semanas de 17 e 24 de janeiro. Ou seja, o valor atual da região Niño 3.4 está 0,4ºC abaixo do pico alcançado no mês de novembro.
Por outro lado, a região Niño 1+2, está com anomalia de +0,7ºC. O El Niño costeiro junto aos litorais do Peru e Equador teve início no mês de fevereiro e atingiu o seu máximo de intensidade durante o inverno. A maior anomalia de El Niño costeiro na região Niño 1+2 neste ano se deu na semana de 19 de julho com 3,5º C.
O fato de o El Niño ter atingido o seu período de pico no final do ano e no começo de 2024 não significa que o máximo dos seus efeitos ocorra nesta época do ano. No caso do Sul do Brasil, por exemplo, os seus efeitos são maiores na chuva com excessos na primavera, exatamente como ocorreu.
Tendência é de maior enfraquecimento
A previsão da MetSul Meteorologia indica que a tendência para o Pacífico Equatorial é de enfraquecimento adicional do fenômeno El Niño ao longo das próximas semanas, mas o fenômeno deve seguir presente no Pacífico Centro-Leste ainda durante todo o restante do verão ou em quase todo o período. O último boletim mensal de probabilidades do Serviço Nacional de Meteorologia (NWS), dos Estados Unidos, indica que o El Niño deve seguir atuando por mais algumas semanas com uma transição para neutralidade (ausência de El Niño e La Niña) durante o nosso outono.
Conforme as probabilidades estimadas pelo CPC/NWS/NOAA, neste trimestre de janeiro a março a probabilidade é de 100% de El Niño. No trimestre de fevereiro a abril, o órgão da NOAA indica 94% de probabilidade de El Niño, 6% de neutralidade e 0% de La Niña. Para o trimestre de março a maio, o do outono meteorológico, 53% de El Niño, 47% de neutralidade e 0% de La Niña.
Para o trimestre abril a junho, 20% de probabilidade de El Niño, 73% de neutralidade e 7% de La Niña. No trimestre de maio a julho, segundo as estimativas oficiais do centro de clima dos Estados Unidos, as probabilidades seriam de 10% de El Niño, 63% de neutralidade e 27% de La Niña. No trimestre do nosso inverno meteorológico, de junho a agosto, 7% de El Niño, 46% de neutralidade e 47% de La Niña. No trimestre de julho a setembro, a estimativa norte-americana é de 6% de El Niño, 36% de neutralidade e 58% de La Niña.
Por sua vez, no trimestre de agosto a outubro, que marca a transição do final do inverno para o começo da primavera no Hemisfério Sul, a NOAA projeta probabilidade de 6% de El Niño, 30% de neutralidade e 64% de La Niña, ou seja, ou o Pacífico já estará sob La Niña ou numa neutralidade com anomalias negativas.
Embora um evento de La Niña canônico, que se mede no Pacífico Central, não se preveja antes do final do outono ou do inverno, um La Niña costeiro nas costas do Peru e do Equador pode se instalar antes, com resfriamento das águas junto à costa da América do Sul na faixa equatorial, ainda no outono. Um possível resfriamento acentuado do Pacífico na chamada região Niño 1+2, junto aos litorais peruano e equatoriano, pode determinar gradual redução da precipitação e ainda favorecer episódios de frio mais cedo no calendário, alguns de maior intensidade durante o outono. A reprodução em parte dos conteúdos da MetSul é autorizada desde que citada a fonte e publicado o hyperlink para o original https://metsul.com/2024-01-29-el-nino-la-nina-clima-noaa/ .
Via Metsul
18 jan. 2024
Brasil e a produção de grãos na safra 2023-24
Enquanto chuvas ajudam a Argentina a caminhar para supersafra de grãos, no Brasil algumas regiões produtoras sofrem com situações extremas.
No estado de Mato Grosso, nos municípios de Vera e Feliz Natal, região médio-norte, após a seca no plantio, ocorre agora chuva em excesso. Os produtores da leguminosa esperam perdas significativas, com prejuízos estimados em mais de algo entre R$ 600 a 700 milhões. A prefeitura de Feliz Natal já decretou estado de emergência.
Fonte Canal Rural.
17 jan. 2024
Bacia Amazônia. Eventos extremos e a atividade humana
Texto da National Geografic, de abril de 2022, apresenta estudo de 23 pesquisadores sobre a questão dos eventos extremos na bacia Amazônica e suas causas. Entendemos pertinente apresentar o artigo devido a seca extrema ocorrida na região no ano de 2023, pois o trabalho agrega informações e dados importantes.
O estudo: Amazon Hydrology From Space: Scientific Advances and Future Challenges
Um resumo do texto
“A Bacia Amazônica se estende por oito territórios da América do Sul: Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. É a bacia com maior volume de água doce do mundo e composta por mais de mil afluentes, quatro deles entre os dez maiores rios do planeta – Madeira, Negro, Japurá e o próprio Amazonas.
Seu tamanho continental faz com que os processos hidrológicos da bacia impactem o ambiente de diversas formas. As altas taxas de precipitação, capacidade de armazenamento de água doce e vazão fluvial fazem dela um ator fundamental no sistema climático global, com grandes contribuições para os ciclos da água, energia e carbono.
Agora um estudo [Amazon Hydrology From Space: Scientific Advances and Future Challenges] conduzido por 23 pesquisadores revisou 30 anos de descobertas e apontou as principais mudanças nesses ciclos hidrológicos a partir de dados de monitoramento por satélites. A equipe aponta como a ação humana está influenciando a distribuição de chuvas, secas, período de cheias e até mudando cursos de rios inteiros.
…………
A alteração na pluviosidade amazônica não significa que as chuvas da região não continuem intensas por toda a extensão da bacia. Os ciclos anuais de precipitação variam significativamente, muito influenciados por latitude, relevo e características atmosféricas. Em média, a pluviosidade anual da região é de 2.200 milímetros, podendo atingir valores superiores a 6.000 mm ao ano em locais chamados “hotspots pluviométricos”, na transição entre os Andes e a Amazônia. Para efeito de comparação, a precipitação média anual da cidade de São Paulo é de 1.616 mm.
A mudança mais importante que estamos analisando no ciclo hidrológico é a intensificação dos eventos extremos”, disse em entrevista à National Geographic Jhan Carlo Espinoza, doutor em climatologia e pesquisador peruano ligado à Universidade de Grenoble Alpes e ao Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento, na França, e um dos autores do estudo [.
O que a combinação de observações desde o espaço com estudos in situ estão mostrando é, na verdade, um aumento na intensidade dos processos hidrológicos. “Nos últimos anos, o período de seca na parte sul da Amazônia aumentou em média, um mês. Enquanto que, no norte, as chuvas estão muito mais intensas, causando recordes de cheias nos rios”, relata Espinoza.”
Leia a matéria completa na National Geografic .
16 jan. 2024
Colômbia. Chuva intensa de mais de 24 horas, no departamento de Chocó, provoca deslizamentos, levando a morte de 37 pessoas.
A informação dada pela vice-presidente: Francia Márquez na rede social X antes da última atualização para 37 mortes:
“Lamento profundamente a morte de 33 pessoas nesta tragédia, a maioria meninas e meninos, segundo informes preliminares do território. Toda a nossa solidariedade ao departamento de Chocó e às famílias das vítimas”, escreveu
Choveu por mais de 24 horas sem parar na região. Outros deslizamentos dificultaram a chegada dos socorristas à região
16 jan. 2024
Tempestades e chuvas torrenciais matam em São Paulo e no Rio.
Até agora foram contabilizadas doze mortes e uma pessoa no estado do Rio de Janeiro neste fim de semana. As mortes ocorreram por afogamento, deslizamentos de terra e descargas elétricas. Em São Paulo a chuva forte de sexta-feira (12) e madrugada de sábado (13) causaram duas mortes, alagou regiões e provocou quedas de árvores. O fornecimento de energia foi cortado em algumas regiões. Voos no Aeroporto de Congonhas foram suspensos. As tragédias se repetem.
11 jan. 2024
Aquecimento extremo do Atlântico Sul soma-se ao El Nino forte no Pacifico Equatorial
O Atlântico Sul, que influencia diretamente o clima do Brasil, ferve. Sua anomalia de elevação de temperatura é quatro vezes maior que a variação natural e apequena à que caracteriza um El Niño, no Oceano Pacífico, considerado uma das maiores forças da Terra. E a tendência é de que o calor vá piorar até março.
O aquecimento do Atlântico está entre os fenômenos atribuídos esta semana às mudanças climáticas pelo XAIDA (‘eXtreme events: Artificial Intelligence for Detection and Attribution), um consórcio integrado por 16 centros de pesquisa climática europeus.
— O grande aquecimento dos oceanos observado desde o ano passado é resultado de mudanças climáticas. O El Niño sozinho não explica o que vivemos. E 2024 já começou fervendo. Infelizmente, com esse cenário, o Hemisfério Sul vai arder neste verão, que mal começou — afirma Regina Rodrigues, coordenadora do grupo que estuda o Atlântico e suas ondas de calor na Organização Meteorológica Mundial (OMM).
A ciência considera que um El Niño está configurado quando a temperatura na região equatorial do Pacífico está um desvio padrão acima da média. Cerca de 0,5 grau Celsius por três meses consecutivos. Parece pouco, mas trata-se de aquecer uma área maior do que a Amazônia Legal a até 100 metros de profundidade.
Mas o atual aquecimento do Atlântico Sul está quatro desvios padrões acima da média, explica Rodrigues, professora de Oceanografia e de Clima da Universidade Federal de Santa Catarina.
Em dezembro, o Atlântico Sul esteve entre 2 graus Celsius e 3 graus Celsius acima da média. Continua quente em janeiro. Isso é muito grave, combustível para desequilíbrios no mar e na terra, frisa Rodrigues.
Em 2023, por ora o ano mais quente da História, foi o Atlântico Norte que chamou a atenção, com água de até 38 graus Celsius produzindo tempestades. Estava tão poderoso que mudou o típico padrão do El Niño, que costuma diminuir a frequência de furacões no Atlântico.
Em setembro passado, por exemplo, o Atlântico Norte gerou o dobro do número de ciclones que o Pacífico, mesmo estando este sob o El Niño. O Pacífico somou 37 ciclones contra 74 do Atlântico Norte.
Mas, agora, verão no Hemisfério Sul é por aqui que as coisas vão, literalmente, pegar fogo. Pois, somada ao aquecimento do planeta, no verão se intensifica a radiação solar recebida pelo mar. Como a temperatura da água tem uma inércia maior — demora mais para esquentar e para esfriar — o pico de temperatura do Atlântico Sul deve ocorrer em março, diz Rodrigues.
A cientista diz que janeiro ainda deve ter algum refresco, trazido pelas monções, isto é, os canais de umidade das zonas de convergência intertropical (ZCIT) e do Atlântico Sul (ZCAS).
— Já em fevereiro pode ficar mais seco e quente, com piores condições de calor. As chuvas, quando vierem, podem ser devastadoras porque não apenas vem concentradas, quanto encontram solo seco e rachado, onde a água não infiltra e favorece as enxurradas — salienta Rodrigues.
Ela não descarta novos desastres, como o ocorrido no litoral Norte de São Paulo, durante o Carnaval passado, quando foi medida a maior chuva do Brasil.
A mais recente previsão da Agência de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos (NOAA) diz que o Atlântico Tropical deverá continuar com condições para ondas de calor marinhas até junho de 2024, especialmente na região ao norte da linha do equador, influenciando o clima da Amazônia.
Via Exame